A China tomou uma medida para minimizar as preocupações de empresas estrangeiras sobre os controles de segurança cibernética. O governo de Pequim decidiu permitir que multinacionais como Microsoft, Intel, Cisco Systems, IBM e outras empresas passem a integrar o influente Comitê Técnico 260, ou TC260, que tem como tarefa definir quais tecnologias são "seguras e controláveis", bem definir as normas de segurança cibernética. O termo "seguro e controlável" aparece em uma série de regulamentos de segurança recentemente aprovados pelos chineses, mas ainda tem que ser definido em detalhe.
O governo chinês afirma que essas empresas terão um papel ativo na elaboração de regras, em vez de participar apenas como observadores, disse que as pessoas familiarizadas com as discussões ao The Wall Street Journal. As multinacionais estrangeiras também terão mais poder de influenciar as deliberações do comitê, disse a mesma fonte. Ao longo dos últimos meses, sete grupos de trabalho do Comitê desenvolvem normas sobre criptografia, big data e outras questões-chave envolvendo cibersegurança.
Representantes da Microsoft e da Cisco confirmaram o convite para se tornarem membros Comitê Técnico 260. IBM e Intel não comentaram o assunto.
A decisão de adotar uma postura mais consultiva marca uma mudança significativa de Pequim, depois de quase dois anos de rusgas do governo chinês com os EUA e outros governos ocidentais, bem como medidas contra grupos empresariais estrangeiros, em seu esforço para aumentar o controle sobre informações, que envolvia pressão sobre os fornecedores para que transferissem tecnologia e divulgassem informações confidenciais.
"Ainda é cedo [para dizer], mas há sinais encorajadores de que a China está reconhecendo a natureza internacional da cadeia de fornecimento de tecnologia e do trabalho de forma mais ampla para alinhar sua estratégia com as realidades do mercado", disse Bruce McConnell, vice-presidente do Instituto EastWest, um think tank focado na resolução de conflitos. McConnell, que não está envolvido com o comitê chinês, serviu como especialista em cibersegurança no Departamento de Segurança dos EUA.
Pequim tem intensificado os esforços para garantir o seu abastecimento de tecnologia, desde as revelações de Edward Snowden, em 2013, sobre o uso de produtos americanos para espionagem pelo governo dos EUA. Grupos de comércio dos EUA e outros críticos disseram que a China está usando questões de segurança como forma de favorecer suas empresas de tecnologia.
No início deste mês, 46 associações comerciais enviaram uma carta conjunta ao primeiro ministro chinês Li Keqiang dizendo que um projecto de lei sobre cibersegurança irá aumentar a vigilância, e que a obrigatoriedade de armazenamento dos dados localmente irá "enfraquecer a segurança e a economia digital global".
O Administrador do Ciberespaço na China, órgão regulador de internet ao qual o TC260 se reporta, sinalizou uma mudança de tom em suas últimas diretivas, emitidas na segunda-feira, 22. Tal como acontecia com normas anteriores, as novas orientações impõem controles mais rigorosos sobre a segurança cibernética, mas enfatizando o estabelecimento de normas comuns entre os governos nacionais e locais da China.