No cenário de negócios atual, a tríade meio ambiente, social e governança (ESG, na sigla em inglês) está cada vez mais próxima do topo das prioridades corporativas, e integrada a modelos de negócio e tomada de decisões. Neste processo, analytics se torna um aliado na avaliação e gestão de problemas em potencial.
Entre os setores que estão mais à frente no uso de analytics para atividades relacionadas a ESG, está o segmento de seguros. Neste tipo de organização, uma série de questões entra no radar, incluindo mudanças climáticas, desigualdade social, a forma de analisar, tratar e reportar questões ambientais e sociais aos stakeholders, e mais. Este conjunto de considerações implica em responsabilidades éticas e sociais, mas também trazem relevantes riscos e oportunidades, financeiras e reputacionais.
Por estarem expostas a fatores como os mencionados até aqui, seguradoras estão normalmente propensas a considerar uma vasta gama de riscos. Estas empresas desenvolvem políticas baseadas nestas avaliações, às quais aspectos de ESG estão sendo cada vez mais integrados.
Neste cenário, empresas precisam estar bem estruturadas para lidar com uma quantidade significativa de novas informações, que aumentam à medida que passam a coletar e analisar estes dados. Com o aumento do volume de informações, seguradoras têm a oportunidade de aprimorar sua gestão de risco, especialmente em relação a questões climáticas e à frequência e severidade com que eventos relacionados ocorrem. Tudo isso trazendo um número maior de dados não convencionais e desestruturados que não eram considerados e vistos anteriormente na elaboração dos modelos.
O risco climático, especialmente o risco físico de desastres naturais – incluindo eventos climáticos extremos como os que ocorreram no litoral paulista, ou os incêndios florestais no Canadá neste ano – são exemplos de situações que podem ter um impacto significativo nos negócios das seguradoras.
Neste ponto, como empresas podem gerenciar e antecipar estes tipos de risco é uma importante questão que precisa ser considerada. Parte da resposta está em como as seguradoras medem o risco que cobrem; neste caso, analytics ajuda empresas a preverem com mais precisão a probabilidade de eventos climáticos e a magnitude destes eventos. Essas práticas trazem impacto direto no resultado de organizações, já que apoiam uma avaliação de risco mais precisa.
No que diz respeito a riscos sociais, a aplicação de analytics também permite uma identificação e compreensão mais profunda destes fatores, tornando-os mais gerenciáveis. Por exemplo, é possível saber que políticas de habitação devem ser adotadas para minimizar o impacto em populações mais vulneráveis e expostas a eventos climáticos. Outro exemplo: em cessão de crédito, a análise de dados pode identificar se o processo está enviesado, com algum viés embutido ou infringindo alguma barreira ética.
Quando o assunto é governança, o analytics também pode ajudar. Um exemplo é o desenvolvimento de relatórios detalhados sobre como cada um dos pilares de ESG está sendo tratado na organização, que simplificam a divulgação para os stakeholders. Isso apoia uma gestão transparente, auxiliando nas relações tanto com os colaboradores, quanto com o mercado. Além disso, essa onda vem ajudando as empresas a reverem todas as estruturas e processos de governança que já existiam, visando aprimorá-los.
Dados de ESG estão transformando a forma como as empresas gerenciam riscos em várias indústrias, como seguros e serviços financeiros. Neste cenário, a tecnologia torna-se uma ferramenta vital para entender e lidar com riscos ambientais, sociais e de governança. Ao aproveitar esta alavanca analítica, empresas podem se tornar mais conscientes desses potenciais entraves, e tomar medidas para abordá-los de forma eficaz.
Thiago Escrivão, Gerente de Soluções do SAS para LatAm SoLA do SAS.