Logística reversa emperra regulamentação de lei de resíduos sólidos

0

As tentativas de coleta seletiva de lixo eletrônico, especialmente bens de consumo portáteis como celulares e laptops, ainda esbarram no alto custo da logística e na falta de conscientização da população sobre sua real importância. O debate sobre logística reversa – quando o fabricante é o responsável pelo descarte do produto após a venda – no Fórum Green Tech, realizado nesta terça-feira, 25, em São Paulo, expôs algumas boas iniciativas de empresas, mas criticou a morosidade do Congresso brasileiro na regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada pelo ex-presidente Lula em agosto do ano passado.

A lei que cria o novo plano de gestão de resíduos sólidos, que inclui toda a logística de produção e descarte de eletroeletrônicos, ainda não obteve consenso de todos os setores envolvidos para que seja regulamentada e possa ser colocada em prática. "O fato de não haver um sistema unificado que contribua para ganho de escala e o preço elevado para sua implantação dois pontos críticos, diz Marcio Quintino, gerente sênior de responsabilidade ambiental e sustentabilidade corporativa da Philips do Brasil. Ele ressalta que hoje, o custo da logística reversa dos programas da empresa representa 70% das despesas, enquanto ganha-se apenas 30% com a reciclagem dos materiais.

A Philips defende que uma parte dessa despesa deve ser repassada ao consumidor. Além disso, a empresa sugere a união de projetos de empresas distintas por meio de associações para que haja um ganho de escala e volume na coleta dos materiais. Atualmente, o porcentual recolhido é pequeno, o que dificulta ainda mais a redução das despesas de logística reversa. Uma pesquisa da Nokia destaca o desconhecimento das pessoas sobre a reciclagem de celulares, baterias e recarregadores, que tem um impacto direto no baixo índice de materiais coletados para reciclagem. Segundo o estudo, apenas 3% dos consumidores reciclam seus celulares obsoletos, enquanto 4% jogam fora no lixo comum, 24% transferem para conhecidos e 16% vendem os aparelhos.

As empresas também enfrentam problemas com o alto custo de reutilização dos reciclados no país. Hoje, todos os celulares, baterias e carregadores coletados nas 228 urnas do programa de sustentabilidade no Brasil são exportados para os Estados Unidos, onde são modificados e reutilizados.

A educação do consumidor e iniciativas do governo para redução dos custos de logística reversa é uma bandeira da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). André Luis Saraiva, diretor de responsabilidade socioambiental da Abinee, é enfático ao criticar as políticas públicas sobre o destino do lixo eletrônico, que desprezam o uso de mecanismos de financiamento, que poderiam contar com agências de fomento, e educação dos cidadãos sobre as questões de sustentabilidade. “Isso sim é política pública, educação de uma nação e criação sustentada de uma política empresarial. Sem isso, não teremos ganho de escala que viabilize operações de logística reversa”, afirmou.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.