A Arista Networks arquivou na segunda-feira, 25, uma acusação formal contra a Cisco por violação da lei antitruste dos Estados Unidos. A denúncia, na verdade, é o desdobramento de uma batalha legal entre as fabricantes de equipamentos de rede que começou em dezembro de 2014, quando Cisco entrou com processo no Tribunal Federal da Califórnia contra a Arista por violação de propriedade intelectual. Ela acusa a rival de infringir uma série de patentes e direitos autorais associados aos seus equipamentos de rede.
As alegações são parte da resposta da Arista à Cisco na ação judicial de 2014, e incidem sobre a forma como os dispositivos de comutação (switches) e roteadores da Cisco são programados. A Arista e outros fabricantes de equipamentos de rede emulam porções de instruções de programação utilizados pela Cisco, o que a indústria chama de uma interface de linha de comando, ou CLI. A Cisco alega que a Arista violou sua propriedade intelectual ao usar tal procedimento.
A Arista, por seu lado, argumenta que a Cisco a envolveu em uma espécie de isca, malintencionada. Segundo ela, primeiro, a gigante das redes permitiu que fabricantes rivais usassem o chamado recurso de tecnologia "padrão da indústria". Então, depois que os concorrentes e clientes foram estimulados usar a tecnologia, a Cisco começou a alegar que houve a quebra de direitos autorais.
"Este litígio não é sobre a proteção de direitos autorias comumente aplicado no uso de ??comandos CLI," afirma a Arista no documento judicial apresentado na segunda-feira no Tribunal Federal de San Jose, na Califórnia. "Em vez disso, este contencioso é um esforço para debilitar uma empresa que está incomodando a posição dominante da Cisco neste mercado, com melhor tecnologia", prossegue aempresa na ação. Além da questão da interface, a Arista alega que a Cisco elevou ilegalmente o preço dos seus serviços de suporte aos clientes que utilizam uma combinação de hardware Cisco e produtos concorrentes.
A acusação da Arista foi feita dois dias antes de a Comissão de Comércio Internacional (ITC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos se pronunciar sobre o pedido da Cisco, arquivado no órgão para barrar as importações de produtos da Arista, alegando a quebra de sua patente — além da ação no tribunal federal.
"A falsa alegação antitruste da Aista não é acidental ou uma coincidência", disse Mark Chandler, de vice-presidente sênior e conselheiro geral da Cisco, ao The Wall Street Journal. "É uma cortina de fumaça para desviar a atenção da decisão importante da Comissão de Comércio Internacional ainda nesta semana."
Ao contrário de muitas grandes empresas de tecnologia, a Cisco abriu mão da cobrança de royalties de muitas de suas patentes ou de acionar concorrentes na Justiça. Mas ela disse que a cópia de sua propriedade intelectual pela Arista era tão notório que tinha que agir.