A Alelo quer usar seu recém-lançado aplicativo móvel (Android, iOS) para estreitar o relacionamento com os 5 milhões de usuários dos seus cartões de benefícios (alimentação, refeição, dentre outros) e para aumentar as vendas dos 400 mil estabelecimentos que fazem parte da sua rede de aceitação. Para tanto, começará a oferecer promoções e descontos personalizados através do app.
"Hoje, a área de recursos humanos das empresas nos contrata para prover o cartão de benefícios para seus funcionários. Nossa relação com o consumidor final é de passividade, porque não foi ele quem nos escolheu. Porém, entendemos que precisamos gerar valor para o usuário final, de forma que ele seja um influenciador dentro da sua empresa", comenta André Turquetto, diretor de marketing, produtos e inovação da Alelo.
Com redes de aceitação grandes e relativamente parecidas, há pouco diferencial entre os principais players do mercado de cartões de benefícios. A Alelo quer mudar esse panorama através do seu aplicativo móvel. Disponibilizado há apenas dois meses e meio, o app já conquistou 1,1 milhão de usuários, ou seja, um quinto da base da empresa. Turquetto acredita que haja potencial para alcançar uma penetração próxima a 80% da base. Com o aplicativo, a Alelo ganhou um canal de comunicação com seu usuário final. "Antes eu não conseguia me comunicar com o consumidor, apenas com a contratante. O consumidor era um número para mim", lembra o executivo.
A Alelo contabiliza 650 milhões de transações por ano. 92% desse total são refeições ou compras de supermercado. "Ou seja: são 650 milhões de decisões de almoço e supermercado ao longo do ano. A gente faz parte do dia a dia das pessoas", comenta Turquetto. E a empresa consegue aprender sobre o comportamento dos seus usuários: sabe o que cada um gosta de comer, que horas costuma comer e quanto gasta em média por refeição etc. Pela escala e pelo conhecimento que tem do usuário, a Alelo possui nas mãos um ativo que pode ser explorado em parceria com os estabelecimentos comerciais na oferta de promoções e descontos personalizados através do app. Outro componente que potencializa a ideia é o fato de que, em média, o saldo do cartão de refeição, por exemplo, dura somente até o 12º dia do mês. "O meu usuário passa mais de 15 dias por mês sem saldo", informa. Desta maneira, qualquer oferta personalizada de promoções ou desconto se torna atraente para esse público.
Hoje, o app permite apenas a consulta de saldo, de extrato e da lista de estabelecimentos próximos. Mas em breve será iniciado um teste-piloto com aproximadamente 120 estabelecimentos comerciais na Avenida Paulista, em São Paulo, que criarão ofertas cuja comunicação acontecerá dentro do app, via notificação, mas também por SMS e email, sempre tomando o cuidado para não ser invasivo e respeitando a privacidade do usuário. O desconto poderá ser dado no ato do pagamento, sendo visualizado na própria máquina onde o cartão é inserido. Também serão testados outros modelos, como devolução posterior de crédito e geração de pontos. A Alelo vai avaliar se faz sentido cobrar do lojista pelo uso dessa ferramenta. Isso vai depender da quantidade de novas vendas que a Alelo gerar e da comprovação destas, explica Turquetto. "Não queremos ser apenas um meio de pagamento", resume o executivo. O teste-piloto na Avenida Paulista começará dentro de algumas semanas e vai durar três meses.
NFC
A Alelo vem sempre acompanhando as transformações tecnológicas em seu setor. A empresa liderou a troca dos antigos vouchers de benefícios por cartões com tarja magnética e, posteriormente, com chip. A companhia realizou alguns anos atrás um teste-piloto com NFC em escala reduzida e vem monitorando a evolução dessa tecnologia, como o surgimento do TSM (Trusted Service Manager) e do HCE (Host Card Emulation).
"Acreditamos que a substituição dos cartões de plástico seja um movimento natural e não somente limitado às formas de pagamento", diz Turquetto. Mas pondera: "Quanto ao lançamento imediato de uma solução de pagamento por aproximação, do ponto de vista técnico, não há nenhum problema. Temos muitas coisas a nosso favor: um parque instalado significativo, tecnologia disponível e know how técnico. No entanto, levamos em consideração alguns outros fatores relativos à sua escalabilidade comercial, tal como a penetração desses devices nas mãos dos nossos usuários." Ou seja: a Alelo está pronta para lançar NFC, mas acredita que este ainda não é o momento mais apropriado para o mercado brasileiro.