Imagine o cenário, um policial caminha pela rua com uma câmera presa ao seu colete. Em meio à multidão está um criminoso foragido. Sem que o agente toque em nada, o dispositivo reconhece o suspeito, envia um alerta aos óculos inteligentes do policial e à central de comando e controle. Em segundos, viaturas chegam para apoiar o policial, sem que ele tenha tocado em nenhum botão. Um futuro distante? Não. Isso está bem mais próximo do que você imagina, inclusive, o Brasil está na vanguarda de muitas destas tecnologias.
A cena acima torna-se possível por meio de integrações entre a radiocomunicação tradicional e a rede LTE (4G) dedicada às forças públicas. Hoje, já está disponível a troca de informações multimídia entre a atividade de campo e o centro de controle por meio de sensores, câmeras e microfones, entregando – como é chamado no jargão de segurança – a consciência situacional, ou seja, levar o centro de comando ao campo em tempo real, sabendo a localização do agente, o que ele está vendo, ouvindo e todo o cenário de operação à sua volta.
Policiais com dispositivos de missão crítica, semelhantes aos smartphones, podem ter um plano de estratégia nas mãos que inclui mapas, posicionamento de equipes por GPS, vídeos, imagens, fichas criminais, entre outras informações. Também é possível registrar em vídeo toda a ação para uso em tribunais. Uma verdadeira "caixa preta" de cada agente em campo.
A rede LTE dedicada à missão crítica difere da rede 4G de celular comum, que está disponível para a população geral. Com uma faixa de frequência dedicada, o sistema conta com disponibilidade e confiabilidade muito maior. Operando exclusivamente para Exército, Polícias, Bombeiros e demais forças públicas, a LTE não sofre oscilações, por exemplo, em grandes eventos em que todos estão usando a internet móvel para enviar mensagens e imagens para amigos e parentes.
Com esse sistema, a população recebe uma resposta muito mais efetiva e rápida em momentos de urgência. A tecnologia permite integrações com os padrões de rádio internacionais usados no Brasil – P25, TETRA e DMR – além de redes de celular e internet. Isso ocorre por meio de aplicativos que podem fazer com que todos se comuniquem. Um agente em campo pode, por exemplo, falar com seu rádio de mão com uma pessoa usando um computador de mesa no centro de comando.
Outra grande vantagem é o poder de análise das informações coletadas em segurança pública. Softwares podem reunir informações de sensores, câmeras, voz e até de redes sociais para ajudar a definir comportamentos. Por exemplo, por meio de palavras-chave usadas em redes sociais é possível prever uma ação em determinado local e impedir que um crime aconteça. Outro benefício é o monitoramento automático de câmeras que pode reconhecer uma bagagem abandonada em um local público (possível bomba), localizar os agentes mais próximos e já traçar uma estratégia de ação.
A inteligência por meio de análise de Big Data permite até mesmo reduzir o custo de ações policiais de rotina. Os departamentos de polícia conseguem deslocar o policiamento por horários e locais onde o patrulhamento é realmente necessário, melhorando a gestão do efetivo. Os agentes têm suas rotas traçadas por GPS, com localização exata e com a possibilidade de abrir vídeos a fim de saber o que está acontecendo.
É importante ressaltar que toda essa tecnologia já saiu dos laboratórios e não é apenas conceito ou tendência. No Brasil, estamos na vanguarda na implantação da rede LTE para segurança pública, com testes bem-sucedidos e redes em funcionamento. O sistema desenvolvido aqui servirá de modelo para outros países ao redor do mundo. Logo, a segurança pública inteligente por meio de LTE fará parte do cotidiano dos policiais com objetivo de ajudar a população onde e quando for necessário.
Elton Borgonovo, gerente geral da Motorola Solutions Brasil.