RUTE inaugura laboratório de telessaúde no IFF/Fiocruz

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A Rede Universitária de Telemedicina (Rute) inaugurou há menos de um mês  seu 59º núcleo, estabelecido junto ao Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Trata-se do primeiro trabalho da RUTE voltado especificamente para esse segmento da saúde.

Segundo Angélica Baptista, coordenadora do Laboratório de Telessaúde do IFF, o laboratório vai funcionar essencialmente como ferramenta para as atividades de teleeducação, suportando pesquisas na área de saúde da criança, do adolescente e da mulher.

Nesse primeiro momento, revela a executiva, o novo ambiente vai se somar à atividade de assistência ao hospital. “A gente avalia que um hospital tem que se utilizar da ubiquidade no que re refere à tecnologia da informação”, pontua Angélica. “A telessaúde não está concentrada em um espaço ou setor. Ela é uma assistência para todas as áreas”, acrescenta.

Referência

O tempo do cargo de Angélica como coordenadora do laboratório coincide com o de implementação do projeto: 18 meses. “Mas a gente fala do assunto desde 2009”, comenta. Há três anos, o Instituto participa de grupos de interesse especial da RUTE, os quais se caracterizam, de forma geral, por promover debates, discussões de caso, aulas e diagnósticos à distância. “Somos referência em várias especialidades nesse tema (saúde da mulher, criança e adolescente)”, comenta.


A referência, por sinal, é comprovada pelo crédito conquistado em 2011, quando o título “nacional” passou a fazer parte da nomeação do Instituto. Nesse sentido, Angélica assegura, inclusive, que um dos motivadores para a concretização do projeto é justamente a “parte da estratégia de poder dar vazão ao instituto nacional.”

Outro contribuinte para trabalhar no campo das pesquisas, segundo ela, são os padrões existentes. “A gente tem clareza sobre os padrões consolidados mundialmente, que a gente tem que respeitar para a troca de informações em saúde. A gente também tem clareza que a discussão de padrões no Brasil está em pleno vapor, e por isso que a gente está trabalhando na pesquisa, porque não existe ainda como você dizer que vai ser esse padrão, ou outro, não dá para impor padrões e passar por cima de decisões, que são decisões nacionais e envolvem custos operacionais altíssimos”, destaca.

Retorno qualitativo

Apesar de não revelar o investimento total realizado para a concretização do laboratório, Angélica é contundente sobre o retorno desse valor: “Como nós somos administração pública, nosso retorno é em números de atendimento, economia com passagens aéreas e deslocamentos e aumento de consultas diárias”.

Ela ainda reforça que o fato de ser uma Instituição também de pesquisas faz com que os pesquisadores e profissionais da saúde estejam sempre se deslocando para congressos, para dar capacitações, palestras, conferências. “E a nossa expectativa é que a tecnologia reduza bastante essa rotina”, afirma.

Outro estímulo para o projeto, segundo Angélica, foi a lei federal que dificulta deslocamentos de funcionários públicos, o que acabou por “impactar drasticamente nas passagens aéreas e movimentações, o que levou a videoconferência a uma alternativa para que as pessoas continuassem se falando”, argumenta, acrescentando que a comunicação é uma necessidade premente na área médica e de assistência. “Os especialistas de determinadas áreas precisam se comunicar, trocar opiniões”, aponta.

Produção interna

A implementação do laboratório não contou com consultoria externa. Optaram, assim, por utilizar e treinar recursos humanos da própria Instituição, “por isso que o tempo foi longo”, justifica Angélica.

Quanto às empresas fornecedoras da solução, em termos de hardware, a escolhida foi a tecnologia da Sony, “inclusive para videoconferência utilizamos um equipamento que ganhou um prêmio de custo benefício pela União Européia”, detalha. Ela explica que se trata de um equipamento que filma em HD, “você compra um software que emula uma emissão interna, onde você pode fazer reunião com 4 pontos”, explica. E, na verdade, além do custo reduzido, Angélica diz que o equipamento tem até um melhor tratamento de imagem.

Além desses, o Instituto recebe um pacote fechado com a Polycom, que é o padrão da rede universitária de telemedicina, “vai para todos os pontos que são selecionados pelo Ministério da Tecnologia”, explica.

Na prática

Entre os programas e projetos usuários das ferramentas de telessaúde e telemedicina do Instituto, ela cita a Rede de Bancos de Leites Humanos como pioneira, usuária da tecnologia antes mesmo da existência do laboratório de telessaúde.


A iniciativa, coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), promove o aleitamento materno e a execução das atividades de coleta para posterior distribuição. O projeto está presente em 23 países. Dentro do IFF, conta com o auxílio de mais de dez profissionais de saúde, especializados, por exemplo, em psicologia, enfermagem, medicina e nutrição, “e a gente precisa promover a educação permanente desses países com o qual a gente tem uma cooperação técnica, então a gente usa ferramentas de vídeo conferência e de web conferência intensamente para que isso seja efetivado”, conta. Esse processo acontece há três anos, “foi a primeira atividade que usou intensivamente esse tipo de tecnologia”, reforça.

Ela comenta também sobre outro exemplo de utilização do laboratório. “No Brasil inteiro, há poucos lugares que fazem análise patológica. E aqui somos uma referência para isso”, diz. No caso, as imagens de patologia digital podem ser enviadas via rede para lugares distantes, que se beneficiam por não oferecerem localmente esse tipo de serviço, além de possibilitar a segunda opinião, capaz de qualificar e valorizar a análise.


Há ainda um projeto de consultoria, que trabalha com imagens médicas no campo da radiologia, e dermatologia. E Angélica aproveita para explorar a importância da educação permanente – proporcionada pela vídeoconferência – em diversas áreas, inclusive para a equipe técnica, “porque essa área de telessaúde é nova, e tem vários desafios no que diz respeito à telecomunicação, protocolos novos, e a gente precisa estar trocando permanentemente também”, declara.

Atual repercussão

Apesar de recente, o laboratório de telessaúde do Instituto já está em intenso trabalho. “Eu já estava um pouquinho preparada, porque a demanda é muito grande”, comenta. Ela informa que o laboratório já tem agendado, mensalmente, cinco Grupos de Interesse Especial (SIGs). Além disso, ainda tem as atividades do próprio Instituto, que são tanto nacionais, como internacionais. “A gente tem um círculo de diálogos entre Brasil e Peru, e temos uma videoconferência regular com Tocantins, por exemplo.”

O movimento, no entanto, não assusta a coordenadora do laboratório. “A gente está preparado para atender às demandas do Instituto, e ainda há condições de crescimento, por isso que a gente planejou durante esse tempo todo”, salienta.

Teleconsultoria

E os planos não cessam. Ela informa que a prioridade para 2013 é consolidar uma metodologia em teleconsultoria – regulamentada pela portaria 402 do Ministério da Saúde – específica para saúde da criança, da mulher e do adolescente, “porque é um pouco diferente de uma teleconsultoria normal, a gente está falando de crianças debilitadas, imunodeprimidas, que tem um responsável, tem uma especificidade. As imagens medicas precisam ser mais detalhadas, tem protocolos de segurança específicos, exige maior atenção”, explica.


E as condições práticas já favorecem para que essa especificidade entre em funcionamento já em 2013. “Já temos equipamentos, temos o projeto, mas temos que implementar com muito cuidado”, afirma.

A coordenadora ressalta, assim, que a expectativa principal do novo projeto é atender às demandas do Instituto, que não são poucas, já que “aqui é celeiro de pesquisa clínica, de setores que são excelência na saúde pública do Brasil, em relação especificamente à saúde da mulher, da criança e do adolescente.” Dessa forma, com o novo laboratório, ela espera potencializar os serviços que, na verdade, “já são vanguarda na clínica”.


Nesse sentido, ela intera que o objetivo, na verdade, é, de fato, contribuir para a missão da Fiocruz dentro do Ministério da Saúde, ou seja, “colocar a pesquisa de vanguarda para habilitar as políticas públicas do País.”

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