Depois de mais de 30 anos de indústria de TI e de ter pessoalmente surfado grandes ondas e revoluções de conceitos, me sinto à vontade para dizer que estamos vivendo uma nova onda, algo que deve se manter, gerando transformações e inovações, por no mínimo mais uma década.
Além das mudanças significativas nas quantidades e conteúdos que compõem a informação digital, os CIO's e arquitetos de soluções estão se deparando, hoje, com um novo usuário, que não está mais preocupado ou interessado em conviver ou utilizar estes ambientes. O foco do usuário, agora, é em como experimenta estes ambientes. Note o peso deste cenário. As áreas de TI devem propor ambientes que possam receber milhões de usuários desconhecidos e deles extrair o maior numero de informações comportamentais. Trata-se de coletar indícios que possam alimentar seus negócios e orientar as empresas a melhor abordar o usuário num futuro próximo. E, por "futuro próximo", entenda-se o minuto seguinte à interação original empresa/usuário. Se isso não acontecer, as informações desta empresa já terão se tornadas obsoletas.
Neste contexto, os negócios, as equipes de TI e seus pares devem se transformar para rapidamente atender aos novos desafios e a reinvenção das empresas que o mundo digital exige.
Além disto, o CIO deve entender a revolução digital e ter mecanismos extremos para balancear Risco X Performance corporativa. Isso tem de ser feito "on the fly", com o CIO e sua equipe desenhando projetos de inserção da empresa no mundo digital ao mesmo tempo em que mantém a empresa plenamente operacional. Não se trata de um processo trivial – é algo que exige embasamento e, acima de tudo coragem e disposição. Afinal, o processo de inovação contínua em plena operação gera uma evolução revolucionaria dentro do ambiente da empresa. Isso exige apoio dos pares do CIO e dos acionistas.
Budget de TI não é mais só da TI
Outra barreira a ser rompida é a que define o budget destes processos de transformação. O que antes era definido em um orçamento puramente de TI agora será decidido por meio de um budget cooperado e colaborado com as áreas de Marketing e negócios, stakeholders do negócio digital.
Note que cloud computing, BI/Analytics (Bigdata), Infraestrutura/Datacenter e Mobilidade são assuntos prioritários e determinantes na agenda dos CIOs e estão diretamente ligados ao Mundo Digital (digitalização da informação) e à experiência do usuário. Essas realidades são objeto de projetos bancados pela TI e pelas áreas de negócios. O foco de todos, sempre, será na experiência do usuário – seja o funcionário, seja o cliente, seja o colaborador de um parceiro ou de um fornecedor desta empresa.
Diversas empresas, negócios e seus respectivos CIOs estão se transformando para alinhar-se ao NOVO mundo digital, já pensando em temas como hologramas, digital signage/telas/monitores interativos, geolocalização, Google Glass, kinetics e approaches avançados para analytics.
É indiscutível que estes inovadores e profundos conceitos de mundo/negócios digitais serão, daqui para frente, os direcionadores e fatores determinantes ao sucesso de empresas e profissionais. As áreas de TI e o CIO devem considerar este novo ambiente de forma independente e não mais gastar tempo e energia pensando na evolução de um legado que tende a desaparecer. Pense na convivência dos mundos e sua transformação e não mais em expandir o ambiente atual, considerando o mundo digital. Isso não funciona. Lembre-se que o negocio digital exige uma nova plataforma. Então, pense digital!
ROI da inovação pode demorar a aparecer
É fundamental entender que o digital business exige a construção de nova plataforma. Esses investimentos já estão sendo feitos, mas não irão gerar ROI de curto prazo. Uma forma de conquistar os stakeholders para essa mudança – mesmo sem dados do ROI esperado, algo que poderia facilitar a aprovação do novo projeto – é fazer um forte trabalho de disseminação de novos valores dentro da empresa. Considere e divulgue a mudança de conceitos nos métodos e processos de negócios e no valor agregado que a possibilidade de fazer a gestão deste novo ambiente oferece de forma dinâmica, online e instantânea.
Vivemos em uma era em que uma grande corporação se define pelo tamanho de suas ideias e sua presença no mundo digital e não mais exclusivamente pela métrica faturamento X número de funcionários. Estas corporações têm, agora, um novo profissional, o CDO (Chief Digital Officer). Este gestor apoia-se no tripé TI + Resultados + Pessoal. O CDO chega para trazer mais valor ao negocio, através de ambientes digitais que facilitem as ações dos profissionais de vendas e marketing.
Em resumo, a TI não é mais um simples provedor de infraestrutura. Cloud computing, mobilidade, redes sociais e big data não são mais tecnologias e conceitos exóticos: trata-se da plataforma-base para os negócios digitais, uma realidade presente em todas as verticais e em todas as geografias. Para adotar essa plataforma e revolucionar a empresa, é necessário um trabalho de disseminação cultural, tão ou mais intenso do que a revolução tecnológica em si mesma. Ou seja, a cultura de inovação demanda uma nova cultura corporativa. A falta desta cultura pode fazer fracassar qualquer projeto de inovação e estratégia. Assim sendo, o CIO e seus pares devem disparar uma revolução de cultura digital na empresa, nos clientes e fornecedores. E, assim, seguramente terão sucesso, construindo uma empresa e uma gestão com vida longa e sempre renovada.
Paulo Henrique Pichini, CEO & President da Go2neXt Cloud Computing Building and Integrator.