O fim do ERP como o conhecemos está perto?

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O cenário dos sistemas de gestão integrada (ERPs) como conhecemos está passando por um importante estágio em sua evolução. Desde o “apogeu” dos projetos de enterprise resource planning em grande escala nos anos 1990 e 2000, o impacto conjunto da globalização, das condições econômicas mais turbulentas e do caminho tomado em direção à venda de software como serviço (SaaS, na sigla em inglês) está mudando a forma como as organizações utilizam e executam seus sistemas de gestão. Para muitas empresas, o ERP é o investimento mais rentável que elas podem realizar; para continuarem obtendo um retorno em relação a esse gasto é necessário entrar em alinhamento com as novas regras de negócios.

Hoje em dia, o ERP não é mais um porto seguro e as empresas multinacionais e muitas organizações — em especial de pequeno e médio porte —, estão optando por uma solução híbrida, reunindo as melhores soluções e as integrando com um sistema ERP existente. Então, a questão é: aplicações ERP grandes e caras são coisas do passado e nós estamos vendo o fim delas como as conhecemos?

O primeiro fator que levou a essa mudança foi o modelo operacional de negócios em constante evolução, que está transformando a maneira que nós planejamos, entregamos e fornecemos os requisitos dos clientes. No século 20, o modelo de negócios de muitas organizações, em particular aquelas no setor industrial, era baseado em um planejamento de longo prazo, com o ERP na raiz de todos os processos de negócios. Isso envolveu um investimento financeiro substancial, o que resultou não apenas nos custos iniciais do ERP, mas também nos custos de execução do projeto em longo prazo.

Desde aquela época, as organizações tiveram que reagir com o impacto da globalização e o aumento da necessidade de customização de produtos. O modelo de consumo “buy-once” está gradativamente sendo substituído pelo modelo baseado em serviços, com o resultado líquido que as organizações precisam para reagirem rapidamente às exigências de mercado e garantir até mesmo sua própria existência. Ao mesmo tempo, as organizações raramente têm um ambiente de TI realmente homogêneo — elas usam várias soluções de vários fornecedores, que geralmente não funcionam facilmente umas com as outras. Isso tem sido exacerbado pelo efeito de descentralização, fusão e aquisições dentro da indústria.

Para compor essas amplas mudanças econômicas, o modelo de distribuição de software continua a ser alterado: o ERP de grande escala é um empreendimento complexo para qualquer organização, e analistas já preveem um distanciamento de grande escala em execuções in house em direção aos sistemas de computação em nuvem. O Gartner prevê que a receita do ERP SaaS irá alcançar US$ 14,5 bilhões neste ano, um aumento de 17,9% em relação a 2011, que gerou US$ 12,3 bilhões. Este é o novo campo de batalha dos fornecedores de ERP, que tem reforçado suas ofertas na nuvem para acomodar esta mudança. A SAP comprou a SuccessFactors no ano passado e a Oracle respondeu comprando a Taleo no início deste ano — mais indicações da mudança deste mercado.

Por último, o impacto do fenômeno conhecido como BYOD (sigla em inglês para “traga seu próprio dispositivo” ao ambiente de trabalho) está gerando uma necessidade crescente de estender as capacidades de ERP e seus sistemas, para qualquer dispositivo móvel e para criar uma experiência de usuários simplificada de desktops para mobiles. Fornecendo acesso móvel para dados ERP para auxiliar decisões em tempo real, pode fazer uma diferença significante à produtividade e impulsionar vantagens competitivas.

O ERP que conhecemos é algo do passado?

Todos esses fatores significam que organizações não podem mais esperar por um único fornecedor de software para fornecer soluções adequadas ao negócio. Em vez disso, eles precisam de soluções imediatas que atendam às necessidades específicas que eles desejam alcançar. Tipicamente, as organizações não querem substituir ERPs existentes — esses são, apesar de tudo, sistemas grandes, caros e complexos. No entanto, eles querem usar o sistema ERP central para o que foi primeiramente criado, executando soluções cloud computing mais flexíveis para adequar-se às suas necessidades de negócios e para reagir rapidamente às necessidades de mudança dos negócios.

As organizações querem aproveitar o melhor de suas soluções, que possam ser executadas em seus sistemas ERP, sejam sistemas CRM como da Salesforce.com, RH, business intelligence, folha de pagamento ou produtos mais especializados. Essa habilidade de conectar o ERP com outros sistemas e estender seus processos de negócio para múltiplos dispositivos móveis pode ajudar a garantir que as organizações obtenham o máximo de retorno de seus investimentos nos ERP existentes.

Então, o ERP, como conhecemos, é algo do passado? Certamente não estará morto, e nos próximos dez anos as grandes empresas e usuários centrais do ERP “Fortune 500” continuarão usando o ERP, mas com adaptações para adequarem-se. No entanto, a verdadeira área de crescimento, para o modelo híbrido está entre o mercado de pequenas e médias empresas (PMEs) — e é aí que todos os fornecedores de ERP estão cada vez mais mirando seus esforços comerciais. Para as organizações que possuem estratégias dinâmicas que podem se adaptar para o novo modelo, eles podem obter o melhor dos dois mundos: alcançar uma vantagem competitiva enquanto protegem os investimentos existentes.

* David Akka é presidente-execdutivo (CEO) da Magic Software do Reino Unido.

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