O mercado móvel global continua em ritmo forte de crescimento, mas já é possível identificar uma desaceleração para os próximos anos. Segundo pesquisa da GSMA com a A.T. Kearney divulgada durante a Mobile World Congress, em Barcelona nesta semana, o número de acessos vai crescer 42,6% entre 2012 e 2017, ao passo que a receita do setor de telecomunicações móveis aumentará 25%. São dados de uma pesquisa complexa e detalhada que apontam para uma necessidade urgente de otimização de infraestrutura e espectro.
As conexões globais somaram 6,8 bilhões em 2012 e deverão subir para 9,7 bilhões em 2017, um crescimento médio anual (CAGR) de 7,6%. Apesar de forte, é um resultado inferior ao registrado entre 2008 e 2012, quando o aumento médio era de 13,7%. Mas ainda é uma explosão de conexões.
Segundo o estudo, o salto acontece porque as tarifas on-net levam usuários a terem mais de um SIMcard e porque um mesmo usuário contará com mais de um dispositivo conectado. Tanto que a proporção crescerá de 2,1 SIMcards por pessoa para 2,5 em 2017 no mundo. Além disso, o aquecimento do mercado de comunicação máquina-a-máquina (M2M, que responderá por 13% de todas as conexões em 2017 contra apenas 4% em 2013) adiciona ainda mais acessos ao número total.
O número de assinantes no mundo subirá de 3,2 bilhões em 2012 para 3,9 bilhões em 2017, o que representará 80% da população adulta global. Juntas, as regiões da América Latina e da África serão responsáveis por 20% do total de conexões no período, representando 595 milhões de novas conexões. A razão para o grande crescimento nessas regiões é a queda de preços, aumento do poder aquisitivo, falta de alternativas economicamente viáveis (como linhas fixas) e investimento de operadoras móveis em infraestrutura em áreas rurais.
A penetração de acessos por habitante varia de 142% na Europa em 2012 para 72% na África, enquanto na América Latina é 118%. Em quatro anos, essa taxa subirá para, respectivamente, 214%, 97% e 155%.
Já a proporção global entre acessos pré-pagos e pós-pagos é de 77% e 23%, respectivamente. Na América Latina, essa relação é de 80% e 20%, enquanto na América do Norte há uma taxa muito maior de pós-pagos: 75%, contra apenas 25% de pré-pagos.
Impacto no setor
As receitas do setor (incluindo operadoras, fornecedores, fabricantes etc) no mundo deverão acumular US$ 9,1 trilhões entre 2013 e 2017. O crescimento anual médio das receitas é de 5%, saindo do US$ 1,6 trilhão registrado em 2012 para US$ 2 trilhões em 2017. Mas haverá uma discrepância entre as receitas para operadores de rede e o crescimento da utilização por conta da queda nos preços. O ARPU (receita média por usuário) tem caído 8% ao ano em média, chegando a US$ 14 anuais. As principais reduções são na África (queda de 10%) e Europa (declínio de 7%). Considerando apenas a receita média por assinante (ARPS), a queda é atenuada para CAGR de 4%.
A contribuição do ecossistema móvel para o produto mundial bruto (PMB, ou seja, a soma de produto interno bruto de todos os países) é de US$ 10,5 trilhões no acumulado entre este ano e 2017. A contribuição para os cofres públicos é de US$ 2,6 trilhões no mesmo período, como resultado das aquisições de espectro e impostos. A pesquisa afirma que a infraestrutura para serviços móveis agora é tão importante para a economia de um país quanto é a rede elétrica ou de transporte e que, por isso, é fundamental um comprometimento financeiro estruturado de maneira justa e previsível para sustentar o setor.
A A.T. Kearney diz que novas tecnologias e algorítmos de codificação conseguirão compactar ainda maior capacidade para o espectro existente, mas como é um bem limitado, as frequências disponíveis não serão capazes de suportar o crescimento indefinidamente. Por conta disso, a firma diz que o dividendo digital "precisa ser liberado para (a telefonia) móvel", mas de forma cautelosa para que sua utilização seja planejada com antecedência, garantindo a capacidade de acordo com a demanda futura.