Sendo responsável por 25% do PIB brasileiro, não é novidade que o agronegócio é um dos grandes motores da economia do país. Ao mesmo tempo que a potência econômica representada pelo setor posiciona o Brasil como uma referência mundial, a busca constante pelo aumento da produtividade também cresce em meio a um cenário de exigências do mercado que têm ganhado cada vez mais forma na última década, e que dizem respeito à concordância das práticas produtivas com a sociedade e o meio ambiente.
Neste contexto, atestar a sustentabilidade das produções agrícolas deixou de ser algo opcional, e a busca pelo ESG tornou-se uma estratégia e uma necessidade para os negócios frente às demandas cada vez mais incisivas de compradores, investidores, governos, protocolos internacionais e, claro, dos consumidores finais – estes mais conscientes e preocupados com a procedência dos produtos que consomem.
"Quem não acompanhar esse movimento, não vai conseguir escoar o seu produto e não vai conseguir ter acesso a prêmios, investimentos ou financiamentos de bancos que têm linha de crédito verde com juros diferenciados no mercado; e para ter acesso a isso você tem que mudar o seu modelo", explica Samuel Campos, Co-Diretor Executivo da Vega Monitoramento.
Mas, por onde começar? Se o objetivo é gerar confiança perante os públicos estratégicos e contribuir para uma agenda sustentável global, antes de agir, primeiramente, é essencial que as empresas tenham em mãos as informações necessárias sobre os impactos por elas gerados. Neste sentido, a tecnologia de dados torna-se a grande aliada para que as empresas tenham visibilidade e previsibilidade de suas atividades.
O elo entre o agro e a sustentabilidade é tecnológico
Na corrida pelo ESG, a Vega Monitoramento encontrou um terreno fértil para o crescimento de sua solução voltada para as empresas do agronegócio que ainda possuem dificuldades em se adequarem ao novo momento do mercado. Fundada em 2018, a agtech pertencente ao Grupo Imagem, que possui mais de 35 anos no segmento de TI e Geotecnologia, desenvolveu a plataforma Lyra, que tem como objetivo fornecer o direcionamento necessário às empresas que desejam solucionar as questões socioambientais.
Para tanto, a solução atua no monitoramento das produções agrícolas, permitindo um diagnóstico das práticas produtivas e uma análise socioambiental e agrícola integradas, ao aliar dados públicos e/ou pré-existentes sobre as propriedades a dados climáticos, imagens de satélites e sensoriamento remoto.
"Conectamos inteligência analítica e dados aos principais processos de produção agrícola para que nossos clientes tomem decisões que promovam o desenvolvimento sustentável de seus negócios", resume Campos. Com imensa capacidade de processamento de dados, a Lyra já é responsável por monitorar 48 milhões de hectares de áreas produtivas no Brasil.
Ao permitir, de maneira totalmente automatizada, o cruzamento das características do imóvel rural com aspectos ambientais relevantes, como o combate ao desmatamento, sobreposição com terras indígenas e unidades de conservação, a Vega proporciona aos seus clientes a gestão de riscos de suas operações, evitando danos reputacionais aos negócios e trazendo luz ao processo de originação dos grãos, o que garante a sustentabilidade das cadeias de fornecimento.
Além disso, com a visão holística proporcionada pela tecnologia, os ganhos financeiros também tornam-se evidentes, à medida em que a produtividade também é afetada positivamente. Com a análise agrícola, a plataforma torna possível realizar um histórico de produção, com a projeção de safras futuras, bem como trazer maior visibilidade sobre as mudanças climáticas que podem afetar os ganhos produtivos.
"Nosso principal objetivo é transformar dados em inteligência estratégica para nossos clientes, de modo a agregar valor para toda a cadeia de agentes do agronegócio", ressalta Campos. "O futuro do agronegócio está na transparência da cadeia produtiva e é a tecnologia que ocupa um papel central para o alinhamento às novas diretrizes do mercado, uma produção mais eficiente e o desenvolvimento sustentável dos negócios", completa.
Novas funcionalidades e internacionalização: os planos da Vega para 2024
A Vega encerrou o último ano com um faturamento de R$ 25 milhões e com mais de 40 clientes em sua carteira, que inclui grandes multinacionais de agroquímicos, tradings e bancos como cases de sucesso de uso de sua plataforma. Para 2024, a meta é dobrar o faturamento, a partir de um plano de crescimento que inclui o lançamento de novas funcionalidades e a internacionalização como próximo grande passo em uma perspectiva de curto prazo.
Em 2023, a plataforma Lyra recebeu um novo módulo destinado a mitigar os riscos no fornecimento de crédito e nas operações comerciais. Com o novo "Módulo de Pré-Análise de Crédito", o objetivo da empresa é simplificar o processo para que produtores tenham acesso ao crédito rural, por meio da consulta unificada de dados e informações relevantes, como sanções, restrições, processos judiciais, patrimônio e relacionamentos.
Em janeiro deste ano, visando o crescimento da empresa, a Vega anunciou a contratação de Julia Moretti como sua nova Head ESG. A profissional, que acumula vasta experiência e expertise na área, e passagem por companhias globais como COFCO e Deloitte, chega ao time da Vega a fim de desenvolver novas oportunidades para os produtos e mercado, buscando investimentos aplicáveis à área, bem como parcerias estratégicas para melhor atender os clientes da empresa.
A consolidação da presença em território do brasileiro vem acompanhada, também, da ambição pela expansão internacional. Para este ano, a empresa prevê a internacionalização para outros países da América do Sul, como Argentina e Paraguai, terrenos férteis para a busca de novas clientes, frente à crescente pressão por monitoramento geográfico.