Sustentabilidade: O papel fundamental do gestor de TI

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Sustentabilidade é um tema que está tanto em voga que muitas pessoas não se dão conta da seriedade e da profundidade das mudanças que estão acontecendo e que, ainda, serão necessárias para garantirmos um mundo com desenvolvimento sustentável.

Em várias palestras e estudos sobre sustentabilidade, faz-se referência à famosa frase de Bruntland, de 1987, que afirma: "Ser sustentável é atender as necessidades da geração atual sem comprometer os recursos naturais para as gerações futuras".  Este conceito está bem alinhado com as premissas de proteção ambiental.  Tomando como exemplo os resíduos de informática, oriundos de computadores, impressoras e quaisquer equipamentos eletroeletrônicos inservíveis, para fabricá-los retiramos da natureza diversos metais preciosos, como o ouro e o cobre e, no final da vida útil desses equipamentos, deveríamos reciclá-los e recuperar os metais preciosos nele contidos para retornar tais metais à cadeia produtiva. Desta forma, em vez de extrairmos mais metais da natureza, utilizaríamos o metal reaproveitado dos equipamentos que foram descartados e reciclados. Esse tipo de abordagem está completamente alinhada com as premissas de Bruntland. 

Contudo, atualemente, o conceito de sustentabilidade é empregado de forma bem mais ampla. Além da proteção ambiental, sustentabilidade inclui ganho econômico, promoção social e valorização cultural.  Tais aspectos da sustentabilidade constituem os 4 pilares da sustentabilidade, a saber: econômico, ambiental, social e cultural. 

Assim, hoje, quando é realizado um processo de aquisição de quaisquer equipamentos eletroeletrônicos, não é suficiente analisarmos apenas seu desempenho, design e funcionalidades, mas também a sua eficiência energética quando comparado com equipamentos similares, bem como a existência ou não de substâncias tóxicas usadas na sua produção.  Procura-se, então, adquirir o que o mercado denomina de "equipamentos verdes", que são aqueles que apresentam maior eficiência energética e, portanto, trazem como beneficio a redução dos gastos com energia elétrica e aqueles que são menos tóxicos, o que facilita o processo de descarte no final de sua vida útil. Para fins de ilustração, vale lembrar que um monitor CRT (sigla em inglês para tubo de raios catódicos) ou uma TV CRT, daquelas antigas com tubo grande, podem possuir de 3 Kg a 6Kg de chumbo, um metal pesado e tóxico para a saúde humana, que requer tratamento especial na sua reciclagem com custos altos associados. 

Além do processo de aquisição e descarte dos equipamentos, temos que pensar também na sua operação. Neste caso, um dos desafios é como garantir a otimização de gasto de energia elétrica quando da operação desses equipamentos. No caso de uma rede de computadores, por exemplo, sempre existem equipamentos, por exemplo roteadores ou switches, que são subutilizados e que ficam praticamente sem uso nos horários de baixa demanda.  Nesses casos, uma possibilidade seria fazer balanceamento de carga voltado a redução de custos, desligando-se ou desativando-se equipamentos com carga muito baixa e reativando-os quando a demanda de tráfego exigir. 

Para finalizar, voltamos ao processo de descarte de equipamentos inservíveis de nossas empresas. Será que esses equipamentos não poderiam ser remanufaturados para reuso na própria empresa ou em projetos sociais com recursos escassos? 

Tudo isso, é para nos levar a uma reflexão sobre o novo papel do gestor de TI. Hoje, não basta adquirir e implantar sistemas baseados nos melhores equipamentos em termos de desempenho e funcionalidades.  Ao gestor atual de TI apresentam-se novos desafios referentes à aquisição, à operação e ao descarte de equipamentos eletrônicos de modo sustentável, isso é que traga ganho econômico, não comprometa o meio ambiente e, se possível, promova o social. Estamos preparados para esses novos desafios?

* Tereza Cristina M.B. Carvalho é doutora e livre docente em engenharia elétrica pela Universidade de São Paulo (USP). Possui MBA na área de administração e negócios em 2002 pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Atualmente, é professora associada da USP, diretora do Laboratório de Sustentabilidade em TI (Lassu) e pesquisadora e coordenadora de projetos do Laboratório de Arquitetura de Redes de Computadores (Larc). Além disso, ocupa o cargo de coordenadora do Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática (Cedir).

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