IBM gasta US$ 70 bilhões para recomprar ações que agora valem US$ 45 bilhões

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Quando uma empresa recompra seus próprios papéis significa que eles estão baratos, portanto, em teoria, isso pode beneficiar os acionistas, já que as perdas podem ser minimizadas ou até estancadas. Mas para o analista e corretor de valores independente Josh Arnold isso pode não ser necessariamente verdadeiro ou representar até mesmo o inverso — recompras feitas quando o preço da ação que está em declínio podem significar que o dinheiro dos acionistas foi gasto adquirindo ações que estavam mais caras que o preço atual.

A tese é usada por Arnold para endossar a ideia de que o programa de recompra de ações levado a cabo pela IBM nos últimos anos, de dezenas de bilhões de dólares, pode não ser exatamente uma maneira criativa de gestão. "Eu gosto de recompras, mas elas só funcionam se o negócio é estável, no mínimo", diz ele em um artigo para o Seeking Alpha, site especializado no mercado financeiro. Ele fez uma análise das recompras de ações da IBM para tentar quantificar exatamente o que a empresa gastou e os resultados que alcançou.

O analista utilizou dados da consultoria de investimentos americana MorningStar. Segundo ele, a IBM tem feito um trabalho fantástico de reduzir consideravelmente o número de ações no mercado, o que, em tese, valoriza os papéis. Mas, ainda assim, diz que é impressionante ver os danos causados nos últimos anos. O número de ações em circulação da companhia, desde 2010, foi reduzido de 1,287 milhão para 1,010 milhão neste ano, o que representa uma diminuição de 21,5%. "Como IBM alcançou esta impressionante redução?", indaga, para ele mesmo responder: "Gastando uma quantidade quase inacreditável de dinheiro em recompra de ações nos últimos cinco anos".

Perda de valor

De acordo com o analista, a despesa média anual da IBM com recompras tem sido de US$ 14 bilhões. O gasto tende a aumentar porque a empresa tem emitido lotes de ações para pagar seus funcionários, etc. A cifra tem diminuído drasticamente nos últimos dois anos, mas ainda assim a média de gasto é US$ 1,9 bilhão em emissões de ações a cada ano. "Isso é uma enorme quantidade de diluição e não está ajudando os esforços da IBM para reduzir o número de ações", cita Arnold.

Com base nesses números, o analista diz que a IBM gastou US$ 70 bilhões nos últimos cinco anos com seu programa de recompra de ações. Nesse período, a companhia retirou 277 milhões de ações de circulação. Essas ações, ao preço de hoje, valeriam cerca de US$ 45 bilhões. "Não é preciso ser um PhD em matemática para perceber que os US$ 70 bilhões despendidos para recomprar esses papéis valem agora cerca de US$ 25 bilhões a menos do que quando ainda não tinham sido readquiridos pelo programa de recompra de ações", diz Arnold no artigo.

"No geral, o programa de recompra da IBM teve o efeito pretendido de reduzir o número de ações? Sim, naturalmente. Mas quando se analisa como ela conseguiu esse objetivo, o cenário não é tão róseo. Pelos meus cálculos, a IBM tem perdido cerca de US$ 15 bilhões em dinheiro para comprar de volta ações a preços mais elevados, destruindo valor para o acionista nesse processo", diz Arnold. "Imagine se ela retornasse esses US$ 70 bilhões destinados a recompra sob a forma de dividendos. Acho que os acionistas estariam muito felizes", finaliza.

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