Depois de mais de 15 anos liderando a fabricação de rastreadores na América Latina, com mais de três milhões dispositivos comercializados, a Maxtrack está ampliando, desde meados de 2020, seu modelo de negócio. Além de manter produção com capacidade de até 140 mil equipamentos por mês na sua fábrica em Betim (MG), a empresa tem o plano de conquistar novos mercados oferecendo soluções customizadas de Internet das Coisa (IoT) de ponta a ponta. Com a aposta, a expectativa da organização é crescer 70% e faturar R$ 150 milhões em 2021.
Para entregar inovação no setor no modelo "end to end", a empresa se tornou a primeira companhia brasileira a montar um centro de design e engenharia na China, de onde conecta o que há de mais tecnológico na Ásia com serviços pensados especificamente para o mercado brasileiro. A fim de disponibilizar um modelo de Plataforma como Serviço (PaaS, na sigla em inglês) que traz valor aos seus clientes através da aplicação de tecnologia e análise de dados, a empresa criou a Denox, focada em IoT para mobilidade.
Hoje, esse braço do negócio atende clientes de peso como a Vale, Raízen e Braskem, somados a Porto Seguro, APVS e operadores de transporte gerenciados pela SPTrans na utilização dos equipamentos de rastreamento. Com a Maxtrack fornecendo o hardware e a Denox com o papel de desenvolver a plataforma para a inteligência do negócio em nuvem, o Grupo MXT Holding, que controla ambas as empresas, fecha um ciclo completo de soluções para a Internet das Coisas.
"Uma grande parte dos nossos clientes já veem importância estratégica no tratamento do grande volume de dados que antes eram apenas captados, entregando inovação em projetos que começam a virar referência como o da Raízen. Essa virada se intensificou no último ano e foi puxada em grande parte pelos cases conquistados pela Denox", explica Gustavo Travassos, fundador da Maxtrack e Denox.
Visão global
Dentro de um ciclo que contempla todas as etapas do monitoramento de veículos e pessoas baseado em IoT, um diferencial da empresa é o desenvolvimento das suas soluções de equipamentos a partir da sua afiliada chinesa. A unidade é um braço da sua design house responsável por criar soluções conectadas com o que existe de mais avançado no continente asiático, considerado atualmente o centro mundial de insumos para tecnologia. Por meio de Pesquisa & Desenvolvimento em solo chinês conectada com a área de engenharia no Brasil, novas tecnologias são trazidas para serem produzidas na fábrica da companhia em Minas Gerais.
"Com essa operação, conseguimos trazer agilidade, inovação, visão global e acesso a recursos tecnológicos com pelo menos cinco anos a frente ao que é disponibilizado no Brasil pela concorrência. Assim, podemos oferecer produtos associados ao que existe de mais avançado lá fora para a demanda específica de parceiros locais. E tudo isso de maneira adaptada as necessidades do mercado nacional, uma característica que grandes multinacionais do setor ainda não conseguem entregar no país", revela Travassos.
No mesmo continente, a Holding MXT mantém em Hong Kong seu terminal agregador logístico, a Maxtrack HK, que tem garantido plena produção na fábrica no Brasil mesmo em tempos de escassez de insumos eletrônicos em todo o mundo. De acordo com a necessidade, os insumos chegam por avião ou navio.
Cases de sucesso
Combinando tecnologia LoRa (sigla em inglês para short for long range), uma tecnologia que garante a conexão mesmo em áreas onde não existem redes de internet e GSM (Sistema Global para Comunicações Móveis), os produtos da Maxtrack coletam informações sobre os veículos e pessoas rastreadas segundo a segundo. Ao submeter esses dados a análises de big data e inteligência artificial da Denox, é possível detectar de maneira preditiva furtos, roubos, colisões e falhas mecânicas, assim como comparar em tempo real determinada anomalia com o histórico de comportamento de um carro ou usuário.
Com esse escopo de serviços e tecnologia própria de hardware, a empresa atualmente desenvolve soluções com foco em 4 verticais: plantas conectadas, transporte e logística de cargas, gestão de veículos leves e transporte de passageiros. Dentro dessas divisões, a organização é responsável, por exemplo, pela segurança de mais de dez mil colaboradores que trabalham em minas da Vale através do Crachá Inteligente.
Com o dispositivo, é possível saber em tempo real a geolocalização de colaboradores e terceiros em plantas industriais, além de emitir alertas em caso de emergência e movimentação em locais inadequados ou restritos. A tecnologia ainda é usada para indicar e prevenir aglomerações em função da Covid-19.
Inteligência Artificial e Visão Computacional
Na outra vertical, locadoras de veículos, seguradoras e associações, como a APVS, utilizam robôs com Inteligência Artificial (IA) de monitoramento. A solução é capaz de identificar furto ou roubo de veículos antes mesmo do proprietário se dar conta ou alertar a empresa de recuperação. Para a área de logística, um outro conjunto de bots e tecnologias de IA monitora mais de 3,5 mil caminhões terceirizados da Raízen – uma das maiores empresas de energia do Brasil – no transporte de seus produtos.
Por meio do computador de bordo MTC-800, a fadiga e desatenção do motorista é verificada com a detecção de padrões e comportamento enviados para os servidores da Denox. Dessa forma, a Inteligência Artificial gera alertas dentro do veículo de forma preditiva e avisa a transportadora para que possa atuar. A plataforma é chancelada pelo Instituto do Sono e baseada em machine learning, aprendendo com os dados capturados para refinar constantemente os alertas dentro do conceito de Visão Computacional.
Outro case que se destaca é a parceria com a SPTrans no maior projeto de mobilidade e conectividade embarcada da América Latina. A Maxtrack é uma das empresas fornecedoras dos equipamentos e tecnologias que permitem aos usuários do transporte coletivo o acesso à internet por Wi-Fi, introduzido recentemente na frota de São Paulo (SP).
Com o MTC-800, um poderoso computador de bordo com central de conectividade embarcada criado pela companhia, é possível ter alto desempenho para tráfego de grande volume de dados para até 50 conexões simultâneas. Além da conexão Wi-Fi aos usuários, a tecnologia faz a Visão Computacional capaz de realizar a identificação inequívoca de passageiros por imagem, reduzindo possíveis fraudes na utilização dos usuários do transporte.
De acordo com o fundador da Maxtrack, com a tecnologia de Visão Computacional, não é preciso mais de uma central de monitoramento para ver se o motorista está de olho aberto, bocejando ou cansado. "Tarefas de detecção de movimentos e identificação agora podem ser automaticamente desempenhadas por máquinas e cabe à equipe o tratamento do incidente já identificado ou mesmo antecipado, melhorando a prevenção e o tratamento das ocorrências", completa Travassos.