Estudo diz que 5G pode se tornar um dos motores da economia brasileira

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Estudo elaborado em conjunto pela Nokia e pela Omdia aponta que a implantação de redes 5G representará a verdadeira transformação digital e impulsionará a produtividade na América Latina, principalmente no Brasil, com ganhos significativos para a economia. O impacto econômico estimado com a introdução do 5G é a adição de até um ponto percentual ao Produto Interno Bruto brasileiro, tornando-se um dos motores da recuperação econômica do país no pós-pandemia. O White Paper "Why 5G in Latin America?" reúne informações importantes sobre o atual cenário de conectividade na região e traz previsões sobre a implementação da tecnologia 5G na América Latina.

O estudo aponta o cenário brasileiro com destaque. A expectativa é que o 5G tenha um impacto de até US$ 1,2 trilhão no Produto Interno Produto do país no período de 2021 até 2035. Os setores mais positivamente impactados serão: Tecnologia, Informação e Comunicação (US$ 241 bilhões), Governo (US$ 189 bilhões), Manufatura (US$ 181 bilhões), Serviços (US$ 152 bilhões), Varejo (US$ 88 bilhões), Agricultura (US$ 77 bilhões) e Mineração (US$ 48,6 bilhões).

A área governamental (incluindo educação pública e saúde) contará com a melhoria da conectividade, por meio de enhanced Mobile Broadband (eMBB) e Fixed Wireless Access (FWA), já que o Brasil ainda tem um grande desafio em conectar serviços públicos à internet, especialmente em áreas rurais e remotas.

Do ponto de vista da saúde, o acesso ao 5G permitirá serviços como telemedicina, suportando diagnóstico remoto, além de tratamento e monitoramento de pacientes e do aumento da cobertura dos serviços de saúde.

Ainda vinculado à política governamental, o 5G pode ser um facilitador chave das soluções de Smart Cities (as chamadas Cidades Inteligentes). Com esta tecnologia, a conectividade nas cidades tende a ser maior gerando a interconexão entre os dispositivos móveis e a infraestrutura gerada para administrar estes novos conceitos.

No Brasil, onde cerca de 85% da população vive em áreas urbanas, e cidades como São Paulo e Rio de Janeiro estão entre as maiores do mundo, o 5G ajudará a resolver diversos desafios já existentes.

No entanto, a gama de casos de uso que o 5G pode permitir para cidades inteligentes no Brasil é limitada por conta da situação financeira dos municípios no país. A combinação de big data e 5G na infraestrutura urbana pode apoiar os administradores da cidade em várias áreas, como:

• Trânsito e transporte – a conexão de infraestrutura urbana de semáforos, estacionamentos e ônibus traria benefícios como redução do tempo de inatividade, otimização do controle de tráfego, identificação rápida de vagas gratuitas, localização e monitoramento de ônibus, entre outros.

• Smart Lightning – as iniciativas na área são cada vez maiores e o setor se beneficia com uma taxa exclusiva dos cidadãos para iluminação pública, tornando-se um exemplo de serviço com fonte de financiamento definida. Assim que o 5G estiver disponível, seus recursos expandidos de mMTC criarão as condições para ser uma solução de conectividade competitiva também.

• Monitoramento de vídeo – o Brasil tem um dos maiores índices de criminalidade do mundo. Os sistemas de reconhecimento facial baseados em vídeo têm sido avaliados cada vez mais pelas cidades, então, o 5G é ideal para resolver a questão da limitação de disponibilidade de conectividade de alta capacidade, graças à combinação de recursos como alta largura de banda, computação de ponta e QoS.

Dadas as várias redes que os governos irão gerenciar no futuro – Smart Cities, Vídeos de alta largura de banda para educação e saúde, Internet Tátil, AR e VR – uma única camada de conectividade para todos os casos de uso é mais simples de gerenciar do que múltiplas tecnologias. Neste contexto, o 5G, com sua capacidade de fornecer desempenho semelhante ao da fibra em situações de banda larga fixa e desempenho incomparável em dispositivos móveis, é o candidato óbvio para esta "camada única".

Impactos econômicos no Brasil

O setor de manufatura brasileiro também é umas das verticais que se beneficiará com o 5G, com a implementação de veículos guiados automatizados (AGVs), que poderão ser usados em fábricas e armazéns inteligentes, permitindo o planejamento de caminhos flexíveis e a substituição de correias transportadoras. O 5G também permitirá a localização de peças e equipamentos com muita precisão, economizando tempo e otimizando processos.

Na mineração, há a necessidade do gerenciamento de operações de alto risco, tornando essa vertical uma forte candidata a estar entre as primeiras a adotar o 5G habilitado para serviços. De fato, algumas iniciativas já foram implementadas usando redes privadas 4G em minas e represas, locais que geralmente não têm cobertura de sinal. No entanto, o 5G trará uma QoS mais alta e atenderá aos requisitos mais rígidos de latência e velocidade, permitindo casos de uso mais sofisticados, como veículos autônomos e UAVs, além de automação e monitoramento remoto de instalações offshore.

O setor varejista brasileiro é uma das atividades econômicas mais importantes do país e sentirá rapidamente o impacto do 5G. Com as velocidades rápidas ativadas pelo eMBB ocorrerá a melhoria na experiência do cliente com serviços de AR / VR, mais velocidade de carregamento de páginas e pagamentos, além de melhor suporte ao cliente, incluindo chamadas de vídeo. Graças ao 5G FWA, os operadores poderão oferecer serviços SD-WAN sem a necessidade de investir altos valores em conexões de fibra até as instalações do cliente.

A agricultura no Brasil é altamente produtiva e orientada para a exportação, com importantes efeitos em outras indústrias, como Manufatura e Serviços. O 5G tem o potencial de ser a única camada de conectividade necessária para conectar casos de usos diferentes, como coleiras de animais, sistemas de irrigação, sensores de equipamentos, câmeras, veículos autônomos e UAVs (drones). A maioria das fazendas no Brasil não possui cobertura de celular; portanto, os ganhos potenciais ao conectar a força de trabalho e a infraestrutura podem ter um impacto significativo na produtividade do setor, principalmente, considerando a possibilidade de avançar diretamente para o 5G.

Impactos na sociedade

O estudo indica, ainda, que os consumidores estão ficando mais impacientes com a banda larga móvel 4G existente, em termos de conexões e latência. Sendo assim, o 5G terá uma rápida adoção no mercado de banda larga móvel em massa. Estima-se que 25% das linhas de banda larga móvel operarão em 5G até 2023 em toda a América Latina.

O 5G, comparado ao 4G, entrega a possibilidade de instalação de soluções que funcionarão por muitos anos. É mais eficiente em termos de espectro do que o 4G e possui a capacidade de criação de redes privadas com melhor desempenho na flexibilidade de implantação, latência, velocidade, segurança e personalização.

Alguns dos pontos trabalhados no material envolvem o cenário atual sobre a pandemia do novo coronavírus e os impactos na sociedade. As relações sociais, principalmente as corporativas, passaram por mudanças, transformando o trabalho remoto de opção para necessidade e por tempo indeterminado, ou até definitivo. Sendo assim, a consequência será um melhor caso comercial de FWA e um tráfego significativamente maior na área residencial. Ambos incentivarão as operadoras de telecomunicações a implantarem o 5G o mais breve possível.

Impactos financeiros na América Latina

O estudo indica que o 5G contribuirá para a economia global com um impacto médio de 5% até 2035. As vendas habilitadas para 5G em todos os setores terão um impacto diferente começando com um aumento de 2,2% até mais de 10% para as receitas de tecnologias da informação e comunicação (TIC).

A Nokia Bell Labs identificou que a conectividade inteligente, habilitada por 5G, será um catalisador para o crescimento socioeconômico na Quarta Revolução Industrial. Combinando todos esses efeitos, a Omdia projetou um modelo para estimar o impacto econômico e social do 5G até 2035 na América Latina, abordando o potencial de cada indústria e setor.

De acordo com este modelo, o valor econômico potencial do 5G na América Latina é estimado em até US$ 3,3 trilhões até 2035, tendo um aumento de até US$ 8,780 bilhões na produtividade com destaque para: TIC (US$ 572 bi), Manufatura (US$ 534 bi), Serviços (US$ 468 bi), Governo (US$ 323 bi), Varejo (US$ 262 bi) e Agricultura (US$ 212 bi).

Espectro

Outro tema apresentado é a questão do espectro. Considerando o fato que os países latino-americanos ainda não terminaram de alocar o espectro 4G disponível, ações urgentes são necessárias. O espectro 5G inclui uma mistura de bandas baixas (banda de 600 MHz e 700 MHz), bandas médias (banda C, 3300-3800 MHz) e bandas altas acima de 6 GHz, incluindo "mmWave" (a faixa de 26 MHz é a maior prioridade). Atualmente, há os primeiros anúncios para o leilão do espectro 5G. Chile e Brasil estão liderando em termos de espectro total a ser alocado.

A política de infraestrutura é o segundo pilar principal dos facilitadores regulatórios de 5G, tendo em vista que a conectividade de fibra se torna obrigatória, pois os links de cobre e micro-ondas têm limitações de desempenho. Outro tema importante apresentado no estudo está relacionado à segurança, que no 5G deve ser flexível o suficiente para lidar com esses requisitos diferentes.

Desafios de conectividade

A cobertura do 4G na América Latina precisa ser analisada, já que para o 5G é necessário uma rede totalmente IP. As estações rádio base conectadas à fibra estarão prontas para isso, mas, esse não é necessariamente o caso para micro-ondas e DSL. Hoje existem soluções de backhaul de micro-ondas para 5G, mas as conexões DSL precisarão ser substituídas, além dos recursos limitados dos operadores para realizar a migração. No material são expostas as três etapas que serão percorridas para essa evolução.

De acordo com as previsões da Omdia, o 4G/LTE será a principal tecnologia com 400 milhões de assinaturas, ou 58% do total de conexões até 2023.

O estudo completo, disponibilizado no site da Nokia, também explora os desafios de conectividade enfrentados na América Latina, como o aumento da velocidade da banda larga, qualidade e cobertura de rede.

Considerando o fato que há uma alta penetração da telefonia celular na região, grande parte da população tem acesso a voz, texto e serviços básicos, porém, metade dos latino-americanos não tem acesso à banda larga da internet, apesar do aumento de sua adoção e dos investimentos de cerca de US$ 30 bilhões anualmente na última década.

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