O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou nesta segunda-feira, 27, que o aumento das importações brasileiras esteja levando à desindustrialização do país. "A indústria se consolidou e eu questiono essa discussão. O que houve em todo o mundo foi um avanço da participação do setor de serviços no PIB [Produto Interno Bruto]. Não há, a meu ver, desindustrialização", afirmou o ministro ao participar, na capital paulista, de um seminário promovido pela revista Conjuntura Econômica, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Segundo Mantega, embora a participação percentual dos resultados da indústria no PIB tenha caído de 41,6%, em 1992, para 24,5%, em 2009, o setor voltou a crescer de forma sustentável, estimulado principalmente pelo aumento da demanda interna. O ministro lembrou que essa redução ocorreu em função da expansão do PIB no período e de um maior crescimento proporcional do setor de serviços.
No primeiro semestre deste ano, de acordo com o ministro, o crescimento industrial ultrapassou os 14%, o que, para ele, representa um evidente fortalecimento do setor. Mantega destacou ainda que para manter a indústria nacional competitiva será necessário fortalecer as políticas na área, investir na infraestrutura e reduzir tributos.
A afirmação do ministro se contrapõe à análise do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em meados deste ano, o banco estatal divulgou estudo no qual mostrava que, entre 2005 e 2008, a produção industrial de eletroeletrônicos do Brasil, por exemplo, aumentou 21,2% ao ano, o segundo maior crescimento do mundo, atrás apenas da Eslováquia, que cresceu 26% ao ano no período. O resultado colocou o país pela primeira vez no 10º lugar no ranking dos maiores produtores de eletroeletrônicos do mundo. No entanto, segundo estudo realizado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o setor no país sofre atualmente um processo de desindutrialização, que assume proporções cada vez mais preocupantes. De acordo com o estudo, a principal causa da desindustrialização é a inexistência de uma indústria nacional de semicondutores no país, o que obriga os fabricantes de eletroeletrônicos a importar os microchips que equipam seus produtos (veja mais informações em "links relacionados" abaixo). Com informações da Agência Brasil.
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