Já há alguns anos, inovação é uma palavra obrigatória no vocabulário de executivos e de qualquer profissional de nível técnico ou superior, e o processo de digitalização da sociedade tornou essa palavra mais comum ainda. De fato, inovar é importante e, mais do que isso, é essencial, assim como respirar. Se você não respirar, certamente vai morrer. Da mesma forma, a empresa que para de procurar inovação, de investir em inovação e de pensar com um olhar diferente também acaba morrendo.
A inovação nada mais é do que a evolução. Começou na pré-história, quando o Homo sapiens produziu as primeiras ferramentas de pedra lascada, inventou a roda, passou a dominar o fogo. Um processo evolutivo que se iniciou lento, mas nunca parou. E foi se acelerando. A máquina de escrever existiu por pouco mais de um século antes de ser substituída pelo microcomputador. O aparelho de fax, por outro lado, durou apenas umas duas décadas porque logo o surgimento da internet e a evolução dos aparelhos digitais o tornaram obsoleto. Hoje, uma solução é implantada e já surge uma melhoria ou um substituto considerado superior, mais funcional e em menor intervalo de tempo.
Por isso, por toda essa dinâmica que só faz se acelerar, uma empresa não pode se dar ao luxo de parar de inovar ou, pelo menos, de saber aplicar a inovação de outros para a sua própria manutenção no mercado. Ao mesmo tempo, convenhamos, a inovação, embora necessária, não é um processo fácil. Nunca foi. Uma empresa pode desenvolver algo inovador, mas, às vezes, para um ambiente de negócios, que tornaria esta inovação um caso de sucesso, somente em longo prazo.
Vamos tratar de um exemplo simples, a telemedicina, ela é uma grande inovação, pois possibilita consultas remotas sem a necessidade de deslocamento, o que é muito bom para pacientes com dificuldades de mobilidade, por exemplo. Na outra ponta, a modalidade também reduz os custos de operadoras de saúde, uma vez que o médico não precisa da estrutura de um consultório para atender então, por que essa forma de atendimento demorou para se tornar realidade?
Existia uma questão de regulamentação que, com a pandemia, foi aprovada e se criou o ambiente necessário para o investimento e para a operação do serviço. A cultura presencial era outra razão, os pacientes não estavam acostumados e confiantes para um atendimento a distância. A pandemia criou a necessidade e, com isso, abreviou o tempo necessário para que esta inovação fizesse parte das opções naturais para um atendimento. Apesar do custo de uma consulta ser muito mais acessível que a de um consultório presencial, o desafio continua, pois, mesmo que a questão tecnológica possa estar resolvida em termos de software, talvez as ferramentas, como os dispositivos móveis e mesmo o acesso a uma internet de boa qualidade, ainda são obstáculos para o uso massificado da nova ferramenta.
E é aí que vem um segundo problema: o tempo de maturação da inovação. Nem sempre o criador da ferramenta tem condições de aguardar por um tempo muito longo para pelo menos, pagar os custos e receber o retorno do investimento e, a ideia acaba morrendo. Essas são algumas das dificuldades enfrentadas para inovar.
Outra questão: empresas que precisam inovar e não conseguem por questões culturais ou financeiras passam a ter mais dificuldades com a concorrência e podem ficar para trás em um mercado cada vez mais dinâmico. Esse problema pode ser resolvido por meio de parcerias, e é aí que as startups costumam surgir: a partir do desenvolvimento de soluções para dores específicas do mercado, porém de grande importância para a continua evolução e expansão dos negócios.
Por esse motivo, tornou-se comum grandes empresas investirem em startups. Em alguns casos, as primeiras atuam apenas como investidoras-anjo das segundas, em outros como adquirentes da nova empresa, total ou parcialmente. Essa é uma forma de fomentar uma boa ideia e uma boa solução que resolve o problema da grande empresa e onde os recursos e a capacidade de expansão de uma empresa estabelecida suportam a startup.
Por fim, quando falamos em inovação, costumamos atrelar o tema à área de tecnologia, mas isso é errado. Inovação é algo que deve partir de todos os departamentos e áreas de uma empresa, tem que se criar uma cultura de inovação, porque não se trata apenas de uma ferramenta física ou virtual; pode ser também algo abstrato, como a forma de abordar um cliente e de se comunicar com os consumidores, com a sociedade e assim por diante.
Como se vê, a inovação deve estar no DNA da empresa e de seus colaboradores, independentemente do segmento em que ela atue.
Nesse sentido, a área da saúde é uma das que mais evolui e demanda investimentos. Observe que, quando você vai fazer um exame, é comum ter um equipamento novo, uma forma diferente de fazer um diagnóstico ou uma forma de atendimento mais eficiente, ela está sempre em evolução. Para acompanhar isso, é necessário estar atualizado, avaliar as possibilidades e conversar com outros atores, outras empresas, o tempo todo. Afinal, a inovação é como respirar: um processo constante e necessário para se continuar existindo.
Oscar Teixeira Basto Júnior, Diretor de Varejo, da InterPlayers.