Vale a pena sacrificar a segurança em nome da comodidade?

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A digitalização tem transformado as vidas das pessoas de maneira significativa, oferecendo conveniência e conectividade antes inimagináveis. Contudo, à medida que nos tornamos mais dependentes de dispositivos como os smartphones, também aumentamos nossa exposição a riscos. O dilema entre praticidade e segurança está mais presente do que nunca, porque, embora todos queiram estar protegidos, poucos assumem a responsabilidade pela própria segurança digital.

Antigamente, ao sair de casa com o dinheiro no bolso, era sabido que a quantia estava sujeita a roubo ou perda. O cenário passou a ser diferente: o celular não tem apenas um valor material em si, mas também é a chave de acesso às finanças, comunicações e identidade digital. Se for roubado ou perdido, o prejuízo pode ir além do custo do próprio aparelho. Criminosos conseguem acessar as contas bancárias, realizar transferências, contrair empréstimos e até tomar o controle das redes sociais e e-mails, podendo gerar prejuízos incalculáveis. Segundo estudos do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil teve 937.294 ocorrências de roubo e furto de celular registradas em delegacias por todo o país em 2023. Os dados mostram que quase dois celulares são roubados por minuto e uma média de 2.567 aparelhos subtraídos por dia.

Uma vez com acesso às contas digitais, os criminosos aplicam golpes sofisticados, usando a identidade para enganar amigos e familiares, potencializando o impacto financeiro e emocional. O problema se tornou tão sério que o governo brasileiro implementou o programa Celular Seguro, que facilita o bloqueio de dispositivos roubados, refletindo essa gravidade.

Diante do panorama, a atenção de todos precisa ser redobrada, e a conveniência proporcionada pela tecnologia acompanha a responsabilidade do consumidor. Proteger os dispositivos não é apenas evitar um prejuízo financeiro. É garantir a integridade da privacidade e identidade.

Há muitas medidas preventivas, como utilizar senhas fortes e autenticação em duas etapas, que são atitudes básicas, uma vez que criam barreiras adicionais contra acessos não autorizados. Além disso, ativar o rastreamento remoto do celular permite localizá-lo em caso de perda e apagar os dados à distância, se necessário. Ferramentas de segurança, como os novos recursos implementados pela Google para dispositivos Android, Bloqueio de detecção de roubo, Bloqueio remoto e Bloqueio de dispositivo off-line, também minimizam os danos em caso de roubo.

Porém, a tecnologia não funciona sem a conscientização do usuário. Assim, jamais subestime os perigos relacionados ao uso de dispositivos digitais. Por exemplo, quando se baixa um aplicativo ou conecta-se a uma rede Wi-Fi pública, utiliza-se um cabo qualquer para carregar o aparelho ou ainda se armazena senhas no celular, o grau de exposição fica maior. O que fazer nesse caso: manter o dispositivo sempre atualizado, usar antivírus, evitar colocar informações sensíveis no aparelho, não o conectar a cabos ou computadores desconhecidos e ser cauteloso ao abrir links ou baixar aplicativos de fontes desconhecidas. São apenas algumas dicas, mas, se todos as adotarem, o número de crimes será reduzido.

Desse modo, encerro este artigo retomando a pergunta/reflexão inicial: até que ponto estamos dispostos a sacrificar a segurança em nome da comodidade?

Fabio Vallada, especialista de produtos de cibersegurança na TecBan.

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