As organizações que sobrevivem por décadas, crescem continuamente e se fortalecem em períodos adversos têm algo em comum: sua capacidade de adaptação e evolução. Ter uma cultura de pessoas capazes de aprender com o sucesso e com o que não funciona como o esperado é diferencial para a sustentabilidade das empresas e fator de atração de talentos. Acredito que uma das maiores mudanças ocorridas nas empresas no último século é perceber que a forma de fazer a gestão do conhecimento impacta diretamente nos seus resultados.
Desde os tempos em que onde a propriedade intelectual era fomentada pela competição entre players de mercado, para as décadas de 70 a 90, onde o tratamento de dados em busca de soluções de problemas gerou uma configuração em cadeia do conhecimento, chegamos ao cenário atual, do conhecimento compartilhado, da formação em rede e da construção colaborativa, base para um ambiente fundamentalmente voltado à inovação.
Devemos considerar que existem as exceções que viram mitos, mas de um modo geral a inovação é potencializada pelo acúmulo do conhecimento, um ativo intangível que somente aumenta se aplicado e compartilhado. Para isso é necessário saber qual conhecimento é importante, aonde está, como pode ser acessado e atualizado, ou seja, é necessário fazer gestão – a gestão do conhecimento, transformando este ativo intangível em resultado efetivo na organização.
As empresas que não definirem estratégias para adquirir e renovar o conhecimento corporativo correm o risco de ficar à margem do mercado. É preciso identificar se detém os conhecimentos que sustentam sua estratégia e, se não tiverem, como irão buscar alternativas para desenvolvê-los e em qual tempo. Neste sentido, as Universidades Corporativas têm se fortalecido como alternativa para sustentar estas ações nas empresas.
A Universidade Corporativa possibilita atuação estratégica com ações de capacitação, compartilhamento e multiplicação do conhecimento. Apoiada em um dos conceitos mais bem sucedidos e com amplas possibilidades de aplicação, inclusive facilitada pelas novas tecnologias, com ferramentas online que trazem alta acessibilidade e conexões em rede, o que facilita trocas, assinalamentos e relacionamentos de ideias. Mas, para que o modelo online se efetive, é fundamental que a estrutura de conteúdo, propósito e posicionamento da Universidade estejam claros, ainda off-line.
A tecnologia não é a solução de todos os problemas das empresas, mas oferece ferramentas eficientes, customizáveis e escaláveis quando bem planejadas e aplicadas.
Estrategicamente, o uso da tecnologia traz agilidade ao negócio, fazendo com que o conhecimento flua com rapidez pela organização. Uma sugestão é a manutenção de um ambiente virtual de colaboração corporativa, com fóruns, publicações de artigos, vídeos em que as pessoas se organizem em comunidades por interesse e informalmente produzam conhecimento que volta para a organização através de ideias, novos processos e soluções.
A Senior é uma das empresas que têm conseguido bons resultados na aplicação de tecnologias como forma de gestão de conhecimento. A empresa utiliza não somente a Universidade Corporativa, mas um conjunto de ferramentas e estratégias que permitem o compartilhamento de conhecimento e a construção colaborativa para o desenvolvimento das pessoas e inovação de produtos e processos. Esse compartilhamento é aberto a parceiros comerciais, clientes e outros grupos de sistema de negócios da empresa e, pelos resultados alcançados, a estratégia será mantida.
Novamente, para que se obtenha sucesso, é importante que a aplicação das tecnologias aconteça de forma estruturada através da gestão do conhecimento. Se este cuidado for deixado de lado, corre-se o risco de tornar o ambiente em depósito de informações obsoletas que, ao invés de contribuírem, comprometem o conhecimento produzido.
Respondendo a pergunta do título: a tecnologia pode colaborar muito com a gestão do conhecimento, mas ela sozinha não resolve o problema em nenhuma empresa. Assim como tudo que fazemos em uma organização é preciso ter clareza sobre como o conhecimento irá sustentar.
Jussara Dutra, gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Senior