Os fundos de hedge reduziram suas participações nas maiores empresas de comércio eletrônico da China durante o terceiro trimestre, o que já vem sendo considerada por alguns analistas como a maior fuga de ativos do país desde a crise financeira de 2008 EUA, que ficou conhecida como a crise do subprime, caracterizada por um excesso de empréstimos destinados ao financiamento de imóveis, sem que houvesse critérios sólidos para o fechamento desses contratos.
A mais afetada por essa redução foi a Vipshop, varejista online de descontos, embora os fundos também tenham reduzido suas participações coletivas no gigante do e-commerce chinês Alibaba, para o nível mais baixo desde que a empresa abriu o capital em setembro do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. A mesma situação enfrenta a JD.com, a número dois do comércio eletrônico da China, cujo investimento de fundos de hedge caiu após um recorde registrado nos três meses anteriores. Mesmo assim, os fundos ainda encerraram o trimestre com 14 vezes mais ações do que um ano antes.
Os fundos de hedge reduziram em 17% os ativos na Vipshop do segundo para o terceiro trimestre comparado com 6% e 7%, na JD.com e no Alibaba, respectivamente, no mesmo período.
As ações da Vipshop negociadas nos EUA têm sido as mais inconstantes, e essa condição mudou pouco desde o final do terceiro trimestre, depois que a empresa divulgou receita líquida mais fraca do que o previsto. Já as ações do Alibaba e da JD.com, que registraram mais de 30% de queda neste ano, contribuíram para o aumento de 26% no Índice de Ações China-EUA da Bloomberg desde o final de setembro.
"As pessoas avaliam que o mercado pode estar em vias da saturação, pois haverá uma maior concorrência entre a Vipshop e os modelos de vendas tradicionais, como JD.com e Alibaba", disse Junheng Li, fundador da JL Warren Capital, empresa chinesa de pesquisas.
A Vipshop usa o mesmo modelo de negócio das americanas T.J. Maxx e Ross Stores, que vendem produtos por preços inferiores aos das lojas tradicionais, enquanto a JD.com adota o modelo de venda da Amazon.com, que compra, estoca, vende e entrega da mercadoria diretamente aos clientes, permitindo que a empresa controle de qualidade e expedição. Já o Alibaba imita o modelo de operação do eBay, que oferece espaço para que pessoas e comerciantes exponham, vendam e entreguem os próprios produtos.