O mercado brasileiro de software e serviços ocupa atualmente a décima segunda colocação no ranking mundial e, em 2009, movimentou cerca de US$ 15,3 bilhões – um aumento de 2,4% comparado ao ano anterior, mas um resultado ainda impactado pela crise e pela oscilação do câmbio. Se avaliarmos o histórico do segmento, é possível constatar que se trata de um setor que tem mantido uma taxa de crescimento de 20% a 25% ao ano. Sem dúvida, um valor bastante expressivo e que poderia ser muito maior se, entre outros fatores, a pirataria não o impactasse tão fortemente.
Hoje, a pirataria de software no Brasil é de 56%, o que significa que para cada dez programas utilizados, seis referem-se a cópias ilegais. Pelo quinto ano consecutivo o país conseguiu derrubar esse valor – oito pontos percentuais em cinco anos, mas os impactos causados ainda são muito altos. Somente em 2009, um montante da ordem de US$ 2,2 bilhões.
Diferentemente dos demais mercados, que sofrem apenas com a pirataria feita nas ruas, o setor de software enfrenta outro grande vilão: a pirataria corporativa praticada por empresas. Algumas vezes por desconhecimento sobre as políticas de licenciamento dos softwares de cada fornecedor, outras tantas em função dos altos investimentos necessários para a aquisição de um programa original, uma série de organizações optam por deixar suas bases instaladas irregulares – o que acontece, principalmente, em empresas de pequeno e médio porte (PMEs).
Diante desse cenário, a primeira pergunta que se faz é: como mudar essa realidade nas companhias e permitir que a aquisição de programas originais torne-se viável? Uma alternativa que parece eficaz e que tem ganhado bastante força tanto no âmbito nacional como no internacional é o modelo de software como serviço (SaaS, na sigla em inglês), uma modalidade altamente flexível, onde o cliente paga apenas pelo que consumir. Para se ter uma ideia do potencial desse modelo, segundo dados divulgados recentemente pelo Gartner, a oferta SaaS crescerá em média 29% ao ano em todo mundo, até 2014.
Diversos são os fatores que têm despertado a atenção dos compradores. Rapidez e flexibilidade, redução de custos e preocupação em diminuir a carga de trabalho de sua equipe de TI foram as três principais razões apontadas pelos consumidores desse tipo de oferta, segundo o mesmo estudo do Gartner. Especificamente em relação ao quesito custo, um relatório produzido pela Hurwitz & Associates mostra que o investimento em aplicações baseadas em SaaS pode ser até 77% menor que as soluções que utilizam infraestrutura de TI do próprio cliente.
Além de um custo inferior, o usuário ainda tem a vantagem de ampliar ou diminuir o número de licenças contratadas de acordo com a sua necessidade, ganhando flexibilidade. Outro ponto relevante do modelo é garantir aos usuários o acesso a soluções completas e focadas nas suas necessidades, altamente disponíveis, com suporte, segurança e todas as atualizações oferecidas pelo fornecedor – benefícios que só são garantidos na compra de um software original.
Sabemos que diminuir a pirataria corporativa não é apenas uma questão de preço, mas sem dúvida esse fator também precisa ser levado em conta. Mudar o modelo comercial e flexibilizar preço, como a indústria de software está fazendo ao apostar na oferta SaaS, será uma forma importante de viabilizar que as empresas, principalmente as PMEs possam manter seus parques instalados regulares, sem riscos de perdas de informação sigilosa ou mesmo de um possível processo movido pelos fornecedores de software.
*Jorge Sukarie é presidente da Brasoftware e vice-presidente do Conselho da Abes (Associação Brasileira das Empresas de Software).
- Jorge Sukarie, da Abes