O índice de tecnologia da informação (Networked Readiness Index- NRI) 2006-2007 do Fórum Econômico Mundial demonstra que a América Latina obteve progresso tecnológico durante o ano passado, com avanços registrados na maioria dos países da região. Não apenas os grandes países, como México (49º), Argentina (63ª) e Peru (78º) subiram várias posições, mas a mesma tendência foi ainda mais aparente em países menores da América Central e Caribe, como Jamaica (45ª), Costa Rica (56ª), República Dominicana (66ª) e Guatemala (79ª), que registraram grandes avanços. Chile (31º), Brasil (53º), Colômbia (63ª) e Venezuela (83ª) estão praticamente estáveis comparados com o ano passado.
Os avanços registrados na região, segundo o estudo, podem ser atribuídos às estratégias de tecnologia da comunicação e informação (TIC), que fazem parte das agendas políticas da maioria dos países latino-americanos desde o ano passado, numa tentativa de reduzir a exclusão digital e aumentar a competitividade. ?Os resultados do NRI 2006-2007 para a América Latina apontam para uma estratégia bem-sucedida de diminuição da exclusão digital quando comparada com outras regiões com o mesmo nível de desenvolvimento, como a Europa Oriental e a Ásia?, disse Irene Mia, economista sênior da Rede de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial e editora conjunta do relatório.
Segundo ela, as estratégias tecnológicas adotadas e implementadas na região na última década e a crescente conscientização da necessidade de desenvolver infra-estruturas para o setor e oferecer acesso em grande escala estão começando a surtir efeito, possibilitando um aproveitamento muito mais efetivo na América Latina. Entretanto, Irene observa que há ainda uma série de obstáculos a ser vencida para suprir o potencial da região. Entre eles, cita a necessidade de que os sistemas de educação e capacitação sejam ampliados e ganhem mais eficiência para enfrentar os desafios de uma economia interligada. ?Além disso, a área de pesquisa e desenvolvimento precisa de mais investimento público e privado?, disse Irene.
Com o número recorde de 122 economias incluídas em sua sexta edição consecutiva, o Relatório Global de Tecnologia da Informação (GITR) se tornou referência para medir o impacto de tecnologias de comunicação e informação sobre o processo de desenvolvimento e competitividade entre nações. O índice mede a capacidade dos países em aproveitar as oportunidades oferecidas pelo setor de tecnologia para alavancar seu o desenvolvimento e competitividade. O estudo é publicado pelo Fórum Econômico Mundial em cooperação com a Insead, uma das principais escolas internacionais de administração de empresas, e nesta edição foi patrocinado pela Cisco.
Sob o tema ?Conectando uma Economia em Rede?, o estudo é divulgado num momento crucial para o papel da tecnologia da comunicação e informação na economia mundial, quando o acesso à internet é cada vez mais considerado base fundamental para o desenvolvimento de economias e sociedades. ?Em linha com o objetivo do Fórum Econômico Mundial em expandir a cobertura geográfica do relatório, nesta edição sete novos países de diversas regiões, principalmente a Ásia e a África, passaram a figurar na pesquisa?, disse o professor Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum.
Veja, a seguir, alguns resultados do relatório:
? A Dinamarca chega ao primeiro lugar pela primeira vez, subindo duas posições em relação ao ano passado e seguindo a tendência dos últimos quatro anos. O país se beneficiou de uma visão clara do governo e inicialmente focou na penetração e uso da TIC, criando níveis muito altos de utilização de PCs e internet, além de um sistema de e-government e um ambiente de comércio eletrônico extremamente dinâmico. Um mercado interno bem desenvolvido, com a continuidade no trabalho educacional e pesquisa e desenvolvimento, além de tecnologias e aplicativos inovadores, construíram a base para uma indústria de alta tecnologia do mais alto padrão.
? Os outros países nórdicos, exceto a Islândia, que perdeu o terreno conquistado no ano passado, seguem a tendência de alta de Dinamarca, com a Suécia, a Finlândia e a Noruega subindo da 6ª, 1ª e 3ª posições para o 2º, 4º e 10º lugares, respectivamente. Os países nórdicos têm sido presença constante entre os dez primeiros lugares nos últimos seis anos, refletindo o desenvolvimento excepcional da sua tecnologia e seu nível competitivo em geral. A receita dos países nórdicos para alcançar o sucesso competitivo e tecnológico é baseada na ênfase desses países em educação, estabelecendo e desenvolvendo instituições de ensino altamente eficientes e uma cultura de inovação; instituições bem estruturadas e transparentes que resultam num ambiente propício para negócios; e a disposição de importantes agentes nacionais para adotar as últimas tecnologias.
? Cingapura perdeu um lugar e atingiu a 3ª posição, mantendo uma posição dominante pelo quinto ano consecutivo. A excelência tecnológica de Cingapura é baseada no ambiente regulatório e empresarial, no governo, que foca na adoção e difusão das últimas tecnologias, e na penetração da TIC e na capacidade de atrair o setor privado para uma estratégia e visão comuns de preparação para o setor.
? Entre os 20 primeiros lugares, a Suíça sobe quatro lugares e chega em 5º, sendo um dos países que mais ganhou posições, depois da Suécia e Holanda, ambos subindo seis lugares no ranking. O talento suíço em tecnologia é impulsionado pelo ambiente empresarial notável e a liderança eletrônica efetiva do setor corporativo, e em menor escala da sociedade civil, para incentivar o uso e a inovação tecnológica.
? Os Estados Unidos perdem o primeiro posto, caindo seis lugares e chegando em 7º, principalmente depois da deterioração do ambiente legislativo e político. Mesmo assim, o país continua na vanguarda da inovação, com um dos melhores sistemas de ensino superior, o alto nível de cooperação com a indústria e o mercado altamente eficiente.
? Entre outros países europeus, a Holanda (6), o Reino Unido (9), Alemanha (16), Áustria (17) e a Estonia (20) também figuram entre as primeiras 20 colocações. O destaque é a Estônia pelos grandes avanços da última década na área de desenvolvimento tecnológico e competitividade em geral, baseada na visão e na estratégia de TCI desenvolvidas pelo governo. A Irlanda (21) e a França (23) também aproveitam plenamente da TIC para alavancar seu crescimento, enquanto outros países, como a Itália (38) e a Grécia (48) ficam atrás, embora a Itália mostre uma tendência de alta durante os últimos dois anos, ganhando quatro posições comparada ao ano passado.
? Outros países da Ásia e do Pacifico continuam em destaque. Hong Kong, Taiwan, Japão, Austrália e Coréia ocupam a 12ª, 13ª, 14ª, 15ª, e 19ª posições, respectivamente, embora Taiwan e Coréia tenham perdido lugares conquistados no ano passado (queda de seis e cinco posições respectivamente). A Índia e a China registraram resultados negativos, com a Índia caindo quatro posições, chegando em 44ª, e a China retrocedendo nove posições, em 59ª. Salvo algumas áreas específicas de excelência TIC em ambos os países, seu aproveitamento para gerar desenvolvimento sofre muito, especialmente com a falta de infra-estrutura e o baixo nível de penetração TCI na Índia e a falta de preparo e uso entre indivíduos e empresas na China.
? Os países com o melhor ranking na América Latina são o Chile (31), Barbados (40), que aparece pela primeira vez, Jamaica (45), México (49), Brasil (53) e a Costa Rica (56). O ranking da região mostra uma tendência para cima, com grandes países como o México, Argentina (63) e Peru (78) ganhando várias posições. A mesma tendência é ainda mais forte em pequenos países do Caribe e da América Central, como a Jamaica (45), Costa Rica (56), República Dominicana (66) e Guatemala (79), que registraram avanços impressionantes. O crescimento registrado na região é baseado na maior ênfase dada às estratégias tecnológicas, que fazem parte das agendas políticas da maioria dos países desde o ano passado, numa tentativa de reduzir a exclusão digital e aumentar a competitividade.
? A África sub-saariana registra resultados menos positivos, com todos os países salvo a Nigéria (88) caindo no ranking. Todos os campeões regionais da TIC perderam posições, com a África do Sul, Maurício e Botsuana caindo do 10º, 6º e 11º lugares, chegando em 47º, 51º e 67º. Embora a região tenha ampliado a taxa de penetração recentemente com muita rapidez e seus mercados oferecem muito potencial para investidores, a velocidade de desenvolvimento não acompanhou o resto do mundo. A falta de infra-estrutura, o ambiente regulatório sobrecarregado e o fraco desempenho nas áreas de governança e educação atrasam a região e deixam de realizar o potencial da TCI e aumentar o desenvolvimento.
? Nas regiões do Oriente Médio e África do Norte, a Tunísia (35), Marrocos (76) e Argélia (80) melhoraram seu índice tecnológico comparado com o ano passado, enquanto o Egito caiu 14 posições, indo para o 77º lugar. Israel, na 18ª posição, continua líder incontestável do Oriente Médio, com alto nível de sofisticação tecnológica, inovação e penetração TIC. Os países do Golfo, salvo o Kuwait que caiu oito posições e foi para 54ª, continuam estáveis comparados com o ano passado. Os Emirados Árabes lideram a região na 29ª colocação. Eles continuam enfatizando o desenvolvimento da TCI, lançando uma série de iniciativas para criar grupos relacionados ao setor.