Blockchain viabiliza novos modelos de negócios no mercado financeiro

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Pela sua natureza tecnológica, o Blockchain tem uma ligação intrínseca com o mercado financeiro e despontou como um dos principais alavancadores no desenvolvimento de novas propostas de negócios envolvendo, por exemplo, fintechs, arranjos financeiros e mesmo instituições tradicionais como bancos, financeiras e operadoras de cartões.

Marco Carnut, CTO da fintech  Zro Bank destacou que com o Bitcoin começou todo interesse pela tecnologia blockchain. "Há de se ressaltar que o Bitcoin cujo núcleo é open source, que pode ser auditado em seu histórico, foi o que levou o maior grau de ineditismo ao mercado".

O executivo lembra que, desde o nascimento, as criptomoedas já iniciaram dois modelos de negócio da própria mineração, como um negócio organizado e também da compra e venda de Bitcoins pelas várias corretoras no mundo.  "Esses dois tipos de negócios deram origem à outras criptomoedas, criadas com premissas similares, entretanto com diferenciais como os contratos inteligentes que nada mais são que programas de computadores distribuídos globalmente pela rede Ethereum".

Carnut ressaltou que a facilidade da infraestrutura transacional, aberta, global e reutilizável proporcionou a possibilidade, através de smart contract, de sua reutilização ou adaptação, o surgimento outros modelos de negócios e a partir daí compartilhamento pelo mundo. "Vejo um descompasso grande entre as pessoas em geral e aqueles que entendem de tecnologia.  Muitas dessas pessoas hoje procuram apenas por uma simples conta bancária, mas a inovação que nós levamos está em colocar ao lado dessa conta a oferta de criptomoedas para facilitar o entendimento daqueles que não são financistas, permitindo o entendimento e a compra desses ativos", comentou.

Ressalta que paralelamente há todo um trabalho de educação financeira feita pelo banco, onde ele vê que há grandes oportunidades de negócios nesse segmento de usabilidade de criptomoedas, de educação financeira e investimentos. " Entre as pessoas de modo geral a usabilidade e a popularidade da tecnologia já estão gerando uma transformação cultural, pois já estão entendendo o que são as criptomoedas e uma forma de utilizar a ideia é ser simples e colocar a tecnologia no dia a dia das pessoas".

Para Taynaah Reis, CEO e fundadora Moeda Semente, primeira fintech brasileira a usar blockchain para causas de cunho social por meio de sua Moeda Semente, o impacto vai além da tecnologia. Criada em 2017, inspirada em sua experiência familiar com cooperativas de agricultores, aldeias e quilombos, em especial os grupos liderados por mulheres, que tinham dificuldade em obter capital de giro, equipamentos e em ter acesso a crédito e ao capital estrangeiro, o uso das moedas digitais possibilitou este acesso.

O projeto possibilitou o uso da tecnologia blockchain para promover a inclusão financeira e igualdade de gênero.  Para a executiva, o mercado cripto deve crescer cerca de 150% em 2021, "Essa perspectiva está embasada principalmente na popularização das criptomoedas como meio de pagamento, e não mais apenas como investimento. Também acredito em novas ações do poder público sobre moedas digitais de bancos centrais. E é mais fácil para movimentar o dinheiro no mundo, mais barato e menos burocrático. No Brasil, a recente aprovação das juntas comerciais brasileiras em aceitar cripto ativos para capitalizar abertura de empresas, demonstra que o governo está olhando para o mercado de cripto ativos de forma diferente", disse.

Especialista na área jurídica, Julieti Brambila, head do Jurídico e Compliance do Alter, destaca que ao longo dos anos, o mercado financeiro tem percebido e reiterado o pensamento que a perspectiva de liberdade financeira e acesso proporcionada pelas criptomoedas.

"Embora não haja ainda nesse mercado, regulamentações específicas, muitas entidades acolhem as criptomoedas e outras ainda precisam ser desenvolvidas por exames específicos.  Vimos que existe um interesse crescente da população em geral sobre o assunto criptomoedas", reforçou

"Diante dos padrões jurídicos no Brasil, a falta de um órgão supervisor não significa em momento algum que seja um mercado marginal. Há toda uma comunidade trabalhando conjuntamente, a fim de proporcionar diretrizes adequadas e proteção ao consumidor, principalmente ao combate de ilícitos", esclareceu.

Percival Jatobá, vice-presidente de Soluções e Inovação da Visa do Brasil, contou que a empresa tem trabalhado para estabelecer novos footprints no processamento de transações em todo o mundo. "Estamos trabalhando em toda a network das transações", disse o executivo. A operadora busca trazer novas redes de pagamento para alavancar esse crescimento e encontrar novas formas de pagamento para seus usuários.

Jatobá indicou que a Visa trabalha para fazer crescer outras formas de pagamento como as carteiras digitais e as criptomoedas, por exemplo, e diante disso desenvolver também junto aos usuários conceitos de dinheiro digital, de tokenização como forma de pagamento, no sentido de popularizar e educar as pessoas.

"Por meio do nosso Centro de Inovação, temos visto que tudo que faz sentido para o consumidor final, trabalhamos no sentido de levar educação financeira sobre uso do dinheiro", reforça, acrescentado que "vale dizer o papel da empresa no desenvolvimento social, político e econômico das criptomoedas, além do desenvolvimento dos meios de pagamento para aceitação das moedas digitais. Só para se ter uma ideia, nossa tesouraria identifica e aceita mais de 160 tipos diferentes de moedas digitais", pontua Jatobá.

Conforme disse o executivo, " além dessa liderança educacional a Visa também está engajada nas questões sociais, em levar este conhecimento a maior número de pessoas, em qualquer lugar do mundo, e especialmente aqui no Brasil, nas mais diferentes localidades.  Há de se ressaltar também a importância do engajamento com os bancos centrais e reguladores, para possibilitar a chegada ao cidadão comum, o conceito de haver mais de uma forma possível de pagamento e recebimento de dinheiro seja ele real ou digital", concluiu.

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