A balança comercial do setor eletroeletrônico totalizou déficit de US$ 3,51 bilhões no primeiro trimestre, o que representou uma queda de 28% ante igual período do ano passado, quando o saldo negativo somou US$ 4,85 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
A entidade destaca que a redução do déficit não ocorria desde os anos de 2002 e 2003, período em que o crescimento do país foi modesto.
A Abinee observa que, com a crise mundial, as exportações recuaram no período, mas como as importações também caíram, o saldo da balança comercial é favorável, já que o peso das importações para o saldo é maior.
No entanto, a menor importação e exportação, devido a mais baixa produção local, são sinais de que a crise continua afetando a indústria eletroeletrônica.
Entre janeiro e março, as exportações brasileiras de produtos eletroeletrônicos totalizaram US$ 1,65 bilhão no período – 26,1% inferior aos primeiros três meses de 2008, quando atingiram US$ 2,23 bilhões –, enquanto que as importações somaram US$ 5,15 bilhões, 27,2% a menos do que os US$ 7 bilhões registrados um ano atrás.
O setor de informática foi o que registrou a maior queda nas importações, de 37%, com um total de US$ 317,3 milhões, seguido pela área de telecomunicações, que importou US$ 539,9 milhões, 22% a menos no período. Os dois setores também registraram queda nas exportações, sendo que o de informática, recuou 17,7%, para US$ 48 milhões, e o de telecomunicações, 32,3%, movimentando US$ 383,5 milhões.
Apenas em março, o déficit da balança comercial do setor eletroeletrônico recuou 16,62%, para US$ 687,15 milhões, sendo que as exportações recuaram 16,62%, para US$ 689,1 milhões, e as importações caíram 17,37%, fechando o período em US$ 1,95 bilhão.
Segundo o presidente da Abinee, Humberto Barbato, as quedas são reflexos da crise e da menor demanda do mercado interno. Mas ele avalia que, assim que a economia do país voltar a crescer, o déficit da balança comercial do setor voltará a aumentar naturalmente.
Barbato frisa, porém, que esse déficit não pode voltar a atingir patamares muito altos como no ano passado, quando totalizou cerca de US$ 22 bilhões. Para tentar evitar que isso ocorra, o executivo afirma que a Abinne proporá ao governo a realização de medidas para incentivar, principalmente, a produção no Brasil de componentes para equipamentos eletrônicos, como semicondutores.
"Não podemos correr o risco de ver o déficit aumentar exponencialmente e não fazermos nada. Para isso temos de diminuir a dependência de produtos importados. Com incentivos, podemos atrair outros fabricantes para o Brasil e mudar o panorama do setor eletroeletrônico no país. Mas para isso, temos de mostrar que valerá a pena para eles, em relação a demanda e preços competitivos", observa Barbato, citando que uma dessas medidas é, principalmente, a desoneração da carga tributária.
Com essa mudança, a Abinee prevê que o setor aumentaria sua participação no PIB dos atuais 4,3%, para 7% em 2020. O dado faz parte de um estudo sobre as projeções do setor eletroeletrônico até o ano de 2020 que será apresentado ao governo como forma de motivar a decisão de criar medidas de incentivo à produção nacional de produtos que têm importação elevada.
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