A informação de que a Polícia Federal e a Receita Federal pode chamar as principais empresas que mantêm parceria comercial com a Cisco no Brasil para que esclareçam se estavam cientes das importações irregulares que seriam feitas pela empresa, como revelou o esquema descoberto na Operação Persona, que investiga fraudes e sonegação fiscal na importação de equipamentos de informática, levou algumas delas se pronunciar nesta segunda-feira (29/10). As empresas IBM, Promon e CPM Braxis são algumas das que devem ser ouvidas, segundo o jornal Folha de S.Paulo.
Com base em documentos apreendidos a partir de 93 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, auditores fiscais se os grandes clientes da Cisco são "cúmplices" ou "simplesmente beneficiários" dessa suposta fraude, que teria resultado na sonegação de R$ 1,5 bilhão em impostos, em cinco anos.
Os auditores identificaram que a Promon e a CPM Braxis negociavam compra de itens da Cisco e recebiam notas fiscais emitidas pela Mude. A Promon informa, por meio de sua assessoria de imprensa, que não "foi procurada por enquanto pelas autoridades competentes e que não tem nenhum envolvimento [com a Operação Persona]". A CPM Braxis, do mesmo modo, informa que ?não tem qualquer envolvimento com o Caso Persona. Mesmo assim, estamos à disposicão das autoridades para ajudar no que for preciso?. A IBM, por seu lado, comunica que, "como os fatos estão sob investigação e a IBM não está envolvida, a empresa não tem nenhum pronunciamento a fazer". No relatório da Receita Federal, a IBM teria adquirido produtos da Mude.
Já a Damovo do Brasil, integradora de soluções, que foi a principal vencedora de licitação promovida pela Caixa Econômica Federal e que teria motivado a suposta "doação" de R$ 500 mil ao PT, a qual poderia ter beneficiado a empresa que mantém parceria com a Cisco ? também conforme reportagem da Folha de S.Paulo ?, emitiu um longo comunicado, que foi publicado em alguns jornais, no qual diz desconhecer ?totalmente hipotéticos episódios, trazidos na reportagem referida, relativos a ganho indevido de licitação promovida pela Caixa Econômica Federal?.
No texto, a empresa diz que participou no pregão 157/2006, ?vencendo um e perdendo os demais três lotes licitados?. E continua: ?Rechaça veementemente qualquer alusão que a envolva em suposto esquema ilegal para fechamento de contratos. Indignada com o envolvimento de seu nome em tais ilações, esclarece que não tem sequer ciência dos trâmites que integram a importação de produtos entre as empresas investigadas?. Ela diz colocar-se à disposição das autoridades para colaborar no esclarecimento das informações da matéria.
O contrato da Caixa com a Damovo foi fechado dia 11 deste mês.
O auditores fiscais não descartam a possibilidade de chamar essas empresas a darem explicações por serem considerados responsáveis solidários em suposta prática para não pagar impostos.