Recentemente, a Forbes trouxe uma reportagem em que 16 membros de seu Conselho de Tecnologia relatam desafios para o setor. As análises estão calcadas em especial na atual conjuntura, em que as atividades cotidianas, físicas, migraram para ambientes remotos, somando-se a tarefas outras já exclusivas do on-line.
O objetivo aqui não é analisar os depoimentos, um por um, mas sim tomá-los como ponto de partida para uma reflexão semelhante, adaptada às especificidades do nosso país, à nossa realidade. Em linhas gerais, os desafios se assemelham, em toda a parte do mundo, afinal, boa gama dos problemas e potencialidades é de escala global. As particularidades, contudo, devem ser levadas em conta.
Neste instante em que, com o avanço da vacinação, podemos enxergar no horizonte um arrefecimento da crise pandêmica, tem sido comum uma indagação: quando tudo isso passar, voltaremos à rotina de antes, ou home office e outros hábitos que forçosamente foram para o digital vão se estabelecer assim, definitivamente? Nenhuma coisa, nem outra, tem sido o diagnóstico mais recorrente.
Rotinas incorporadas se consolidaram tão bem no modo remoto que não serão abandonadas. Por outro lado, depois de mais de um ano de confinamento, ora mais rígido, ora mais flexibilizado, é natural haver um movimento de valorização dos encontros presenciais. Ambos os processos estarão imbricados; os movimentos tendem a ser híbridos. Ou seja, a tecnologia da informação (TI) seguirá como basilar em um "novo normal".
Manter equipes antenadas a esse fluxo contínuo de demandas; e manter equipes qualificadas, capacitadas e inventivas para antecipar necessidades se apresentam como desafios inerentes. No Brasil, há escassez de profissionais para as atividades de inovação, obstáculo que torna o desafio ainda maior. Existe solução? Há uma série de atores sociais entendedores dessa situação, preocupados em enfrentá-la e, mais que isso, arregaçando as mangas.
Aqui mesmo na Assespro-Paraná somos parceiros de universidades, de empresas, de entidades não governamentais e do poder público em programas de formação e capacitação continuada. O desafio é expandir essas iniciativas, torná-las políticas definitivas.
O intento de fornecer aos mercados e à sociedade soluções tecnológicas para as mais diferentes áreas da nossa vida exige uma interdisciplinaridade que precisamos buscar. Profissionais e setores de TI devem estar em convergência com a economia, a educação, a saúde, a mobilidade urbana, a assistência social, a cultura… E vice-versa. A gestão de times passa por promover conhecimento holístico. Sim, "cada um no seu quadrado", mas todo mundo conhecendo "o quadrado" do outro.
O intercâmbio é indispensável para diagnósticos, para se identificar gargalos, para chegar com a solução antes de o problema se estabelecer. Portanto, idealizar, conceber, prospectar, planejar, executar e distribuir produtos de TI são atividades decorrentes dessa multidisciplinaridade de que falei.
Nessa função – econômica, social, histórica – reside uma demanda que merece ser destacada. Porque se agravou durante a pandemia, tem dado demonstrações de que avoluma e põe em risco o processo civilizatório. Refiro-me à segurança dos sistemas de TI. Os ciberataques aterrorizam, pela quantidade, pela intensidade e pela audácia. Não podemos nos posicionar apenas de forma reativa. Os sistemas devem identificar, neutralizar, corrigir. Porém, não basta. Eles devem ser eficientes para serem imunes às investidas.
Conciliar o presencial com o remoto, em modelo híbrido eficiente, e não paliativo; estar à frente dos riscos quanto à segurança de sistemas, além de outros aspectos citados, estão entre os principais desafios que precisam ser internalizados por nós, de TI, para que nos conscientizemos e nos sintamos motivados a colocar outros atores sociais em movimento também. Como é possível inferir, a inter-relação com outros setores e atividades se faz imprescindível.
Lucas Ribeiro, fundador e CEO do ROIT BANK e presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação no Paraná (Assespro-Paraná).
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