A pesquisa global da consultoria Deloitte com mais de 2.000 executivos C-level em 21 países, feita para examinar as ações de líderes empresariais em relação à sustentabilidade ambiental e para compor a edição de 2022 do Relatório Global de Sustentabilidade, mostra que 88% dos executivos concordam que com medidas imediatas há meios de se barrar danos ambientais anunciados ao planeta, relacionados, por exemplo, às emissões de gases de efeito estufa. No entanto, para um percentual bastante significativo do estudo, 79%, ainda há falta de clareza sobre temas importantes, como os impactos das atividades que realizam sobre as mudanças climáticas. Isso nos faz supor que, embora haja um movimento global e positivo em prol de ações no curto prazo, ainda há muitas dúvidas sobre o que pode ser feito e com quais ferramentas.
O estudo revela progressos: mais da metade das empresas consultadas, 53%, já tem gente especializada em sustentabilidade, justamente em busca de novas estratégias para alcançar metas no campo ESG (ambiental, social e de governança). No entanto, o que poucos se atentaram ainda é que a automação robótica pode ser uma delas. A pergunta é: como a automação pode desempenhar um papel no apoio a metas sustentáveis? Ou por onde organizações podem começar? O fato é que a automação, via robôs digitais, não deve ser compreendida pelas lideranças apenas como uma solução para acelerar a eficiência operacional das empresas, mas também como um recurso capaz de identificar metas exequíveis na esfera ESG e de apoiar na sua execução, por meio da sistematização de processos, da análise de dados e comunicação transparente, e do desenvolvimento de novos sistemas, que oferecem mais valor aos stakeholders da companhia.
Ao ajudar as lideranças a reconhecer gargalos em sustentabilidade e mapear quais processos podem ser automatizados para saná-los, a automação é, sem dúvida, um instrumento com potencial para reduzir, por exemplo, a pegada ambiental relacionada ao consumo energético ou à impressão e uso de papel. Isso já está acontecendo em algumas empresas e instituições ao redor do mundo. Um exemplo que quero citar, mapeado pela UiPath, é a Helse Vest, uma autoridade de saúde sediada na Noruega. A instituição aproveitou a automação para reduzir o número de notificações impressas enviadas aos pacientes com consulta confirmada. Em vez disso, robôs de software passaram a interceptar cada postagem, impedindo que comunicados fossem impressos e enviados. Com isso, a Helse Vest conseguiu minimizar sua pegada ambiental usando menos papel, e com uma economia de mais de US$ 500 mil.
Fornecedores de energia também podem usar os robôs digitais para automatizar o processo de leitura e extração de dados de uso, por exemplo. Isso permite a identificação mais rápida e fácil de oportunidades para a redução de desperdício, dando suporte a medidas capazes de reduzir a pegada de carbono. Além disso, também temos visto a automação simplificando processos da cadeia de logística, e reduzindo o consumo energético proveniente desse setor.
A automação de processos, via robôs digitais, pode coletar dados de vários aplicativos e sistemas corporativos, e gerenciá-los de forma a não somente identificar novas metas possíveis no campo ESG como também executar, acompanhar e relatar o progresso em relação a objetivos ambientais, simplificando procedimentos de auditoria e promovendo mais transparência às empresas. Assim, para impulsionar e ganhar agilidade na esfera ESG as empresas podem e devem usar a automação para identificar metas e métricas relacionadas ao meio ambiente e sustentabilidade, ajustar processos de suporte, reunir dados e acompanhar a execução. Tudo isso é extremamente importante, visto que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) o mundo tem pouco tempo para administrar efeitos e impactos ambientais em curso sobre o nosso planeta.
Edgar Garcia, vice-presidente da UiPath para a América Latina.
