A interconexão é a essência da era digital. Por trás de cada interação entre empresas, servidores e usuários, as APIs (Interfaces de Programação de Aplicações) operam para garantir que os dados transitem em um formato seguro e fluido. São a ponte entre diversos sistemas, facilitadoras de inovação e, cada vez mais, um agente fundamental no crescimento das organizações e geração de receita.
Você seguramente utiliza diferentes APIs todos os dias e não se dá conta. Elas estão presentes, por exemplo, nas redes sociais, em sites e em aplicativos de celular, além de sistemas de diversas companhias. E-commerces, mapas de localização, fornecedores de produtos ou serviços online, aplicativos de delivery ou transporte, por exemplo, realizam integrações de dados entre plataformas a partir desta tecnologia. Estas interfaces estão no cenário tecnológico há quase duas décadas, beneficiando operações de diversos segmentos. À medida que as organizações se abriram e começaram a adotar a Internet em todos os lugares, a inclusão e gerenciamento de APIs tornaram-se requisitos críticos para os negócios.
As APIs no centro dos negócios
É o que chamamos de economia de APIs, um conjunto de práticas e modelo de negócios orbitando em torno desta transação de informações. Recentemente, a tecnologia ganhou ainda mais relevância no Brasil com a chegada do Open Finance e a proliferação de projetos "Open Data" – que englobam não só os serviços bancários, como os de credenciamento, câmbio, investimentos, seguros e previdência e de saúde. É o elemento-chave de inovações como PIX, por exemplo, que só no Brasil já conta com mais de 408,6 milhões de cadastros ativos e soma mais de 1 bilhão de transações por mês, segundo o Banco Central.
Elas representam uma nova forma de inovação dos modelos de negócios e na experiência do cliente. Colaborar com outras empresas impulsiona o desenvolvimento, a criação de novas oportunidades de negócios, e, principalmente, o aumento da vantagem competitiva. De acordo com uma pesquisa da RapidAPI, 40% das grandes organizações usam mais de 250 APIs.
Colaborar também inclui monetizar
Neste modelo, tudo acontece a partir da transação de dados entre duas ou mais empresas. A monetização de dados tem encontrado caminhos para beneficiar empresas, governos e consumidores. Permite que negócios de todos os portes aproveitem os serviços gerados a partir desta interconexão sem a necessidade daquela tradicional e extensa negociação e customização de sistemas de informação.
E quanto mais bem desenvolvida for a interface, maiores as chances de estabelecerem relações no meio digital. Assim, é possível criar novas fontes de receita com o pagamento pelos consumidores ou parceiros pelo uso das APIs, permitindo oferecer os mais variados planos de acesso, como o modelo de assinatura em que se paga um preço fixo por um determinado período de tempo. As big techs são exemplos de empresas digitais que adotam APIs como forma de potencializar seus negócios.
O futuro será ainda mais promissor
As tendências para este setor são promissoras. O mercado de gerenciamento de API atingirá US$ 21,68 bilhões até 2028, um crescimento de 29% de CAGR (taxa de crescimento anual composta) – de acordo com o relatório global realizado pela consultoria Adroit Market Research. Um estudo publicado pela IBM constatou que 70% dos CxOs (Chief Experience Officers) estão procurando aumentar suas parcerias externas. Ainda há muita evolução para acontecer neste sentido. E ela será muito mais veloz e transformadora do que vimos nos últimos dez anos. É cada vez mais latente a necessidade de os negócios terem como parte de suas estratégias tecnologias ágeis, eficazes e escaláveis para atender as necessidades de crescimento dos negócios. Mas para ser transformador no futuro, os investimentos precisam ser feitos agora.
Está claro que as APIs estão no centro da economia colaborativa e que organizações que operam como entidades individuais estão se tornando escassas. Mais e mais empresas trabalham em conjunto com o objetivo de gerar mais valor para seus clientes e, consequentemente, para seus negócios, de forma segura e controlada, a partir de governança e de boas práticas. Em essência, a transformação digital é você ter a possibilidade de trazer a melhor experiência para o seu cliente. Os negócios que estarão na vanguarda das próximas décadas têm esse DNA.
Fernando Arditti, Vice-Presidente e Gerente-Geral da WSO2 na América Latina.