Governo da Rússia oferece 'recompensa' por dados sobre Projeto Tor de sigilo online

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Alvo constante da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA), que vem tentando inviabilizar sua operação, a rede do Projeto Tor, que permite aos usuários navegar na internet de forma anônima, também está na mira do governo russo. O Ministério do Interior da Rússia está oferecendo um "contrato" no valor de 3,9 milhões de rublos (o equivalente a US$ 110 mil) "para obter informações técnicas sobre os usuários e equipamentos da rede", de acordo com um anúncio publicado na semana passada no site de compras do governo.

A rede Tor é bastante utilizada pelo ex-analista da NSA Edward Snowden, que está em asilo temporário desde agosto de 2013, concedido pelo governo da Rússia — recentemente ele pediu prorrogação por mais um ano —, depois de revelar que ele era a fonte das denúncias publicadas pelo The Washington Post e o jornal britânico The Guardian sobre o programa de espionagem em massa das comunicações do governo americano em nível internacional. Snowden é um grande entusiasta da rede Tor. De tempos em tempos, ele aparece em vídeo-chats, em conferências de tecnologia, nos quais defende o uso da ferramenta projetada para proteger o anonimato online.

A proliferação da rede na Rússia, que foi alimentada em parte pelas revelações de Snowden, também tem sido alvo de preocupação crescente do Kremlin, assim como da própria web. Ao longo do ano passado, o presidente Vladimir Putin reforçou o controle sobre a rede mundial, por meio de uma lei que exige que o Google, Facebook e outras empresas de internet armazenem os dados dos russos no país. O governo começou a bloquear conteúdo online que considera "extremista", incluindo as mensagens de grupos ucranianos em redes sociais, segundo a Bloomberg. Ele exige também que blogueiros façam a vigilância de comunicações e mensagens controversas.

Anteriormente conhecido como "roteador cebola", o Projeto Tor funciona como uma rede virtual privada (VPN) que utiliza um software que permite aos usuários navegar na internet de forma anônima. O software funciona saltando conexões criptografadas através de "relés", impedindo que qualquer intruso detecte quais sites determinado usuário está visitando ou determine quem são os usuários de um site. O tráfego de cada usuário é feito através de vários nós espalhados por todo o mundo, sendo que a mensagens são criptografadas em todas as camadas, tornando extremamente difícil o seu controle.

A rede é popular entre hackers, criminosos, traficantes de armas e dissidentes políticos em todo o mundo, e os internautas russos têm sido especialmente receptivos aos apelos do Snowden. O número de usuários da rede no país triplicou nos últimos 12 meses para mais de 150 mil, de acordo com dados do próprio Projeto Tor.

No ano passado, o Projeto Tor recebeu mais de US$ 1,8 milhão em financiamento do governo americano, de acordo com o último balanço anual da organização responsável pelo projeto, sendo que a maior parte veio na forma de subvenções "pass-through", dinheiro do governo repassado por terceiros.

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