Tudo indica que autoridades do governo sírio foram responsáveis por desligar a internet do país para impedir manifestações contra o regime do presidente Bashar Al-Assad. A rede mundial foi tirada do ar na quinta-feira, 29, segundo a Renesys, companhia que monitora o tráfego online de todo o mundo. Ciente de que essa medida pode ter causado apreensão entre internautas de países sob regime de exceção, a Renesys divulgou em seu blog corporativo, nesta sexta-feira, 30, uma análise sobre a infraestrutura da internet em todo o mundo, bem como um mapa de probabilidade de controle governamental sobre a rede.
Como se sabe, a internet foi desenvolvida por departamentos militares e universidades norte-americanas para ser uma rede de comunicação capaz de sobreviver até mesmo a ataques nucleares. Sua estrutura, em formato de rede, permite que as informações nela trafegadas "contornem" pontos de interrupção. Então, como é possível um governo desplugar todos dentro de sua fronteira? Pessoas de países em conflito, como o Egito, por exemplo, devem estar alertas e correm o risco de acontecer algo parecido?
Segundo a companhia, a chave para a sobrevivência da internet está nessa descentralização, mas o problema é que ela não é uniforme em todo o mundo. Em alguns países, como é o caso da Síria, todo o acesso internacional aos serviços de comunicações são fortemente regulados. Há uma ou duas empresas com licenças oficiais para trafegar voz e dados online. Nestas circunstâncias, seria algo trivial para o governo determinar o desligamento da internet: com apenas algumas ligações telefônicas, ele pode desativar servidores centrais e facilmente deixar sua população completamente offline.
A classificação da Renesys sobre os riscos de um controle sobre a internet coloca o Brasil como "resistente", ao lado dos Estados Unidos, Canadá, Argentina e a maior parte da Europa, somando 32 países. Todas esses países possuem mais de 40 provedores em seus territórios. Caso uma ordem de derrubar a conexão fosse emitida, muitos agentes independentes teriam que ser coagidos a obedecê-la ou fisicamente atacados para que a solicitação fosse executada. São as chamadas “grandes economias da internet”.
Com até dez provedores de internet, estão 133 países em que o risco de interrupação é considerado severo e alto risco, como é o caso da Tunísia, Algéria, Líbia, Etiópia, Egito, entre outros. Na América do Sul, Paraguai, Uruguai e Bolívia estão nessa categoria, em o dano a um único cabo ou uma única camada física de um provedor é capaz de destruir toda a infraestrutura de conexão. Entre dez e 40 provedores, estão os países com baixo risco de terem a conexão interrompida. Este é o caso da Índia, Israel, Equador, Chile, Vietnã e até mesmo a China, onde a internet está sob controle governamental. O mapa com os países e seu grau de risco pode ser acessado neste link.