O governo federal deve lançar em 2017 um plano nacional de manufatura avançada, também chamada indústria 4.0, capaz de impulsionar o desenvolvimento do setor produtivo brasileiro. As diretrizes do plano estão na publicação "Perspectivas de especialistas brasileiros sobre oportunidades e desafios para a manufatura avançada no Brasil", lançada pelos ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). A publicação reúne as contribuições de 300 especialistas do governo, empresas e institutos de pesquisa colhidas durante workshops realizados em sete capitais do país.
"Com esse relatório em mãos, vamos, posteriormente, abrir uma consulta pública para incluir mais contribuições e alinhar as expectativas dos especialistas com as competências nacionais, prioridades tecnológicas e cadeias produtivas e, então, finalizar o plano. É uma medida que dará as diretrizes para o setor", explicou o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTIC, Alvaro Prata.
As mudanças que podem ser geradas com a manufatura avançada têm sido comparadas à 4ª revolução industrial, daí o nome indústria 4.0. Uma das principais novidades é o uso de sensores, que permite ao fabricante acompanhar todo o ciclo de vida de seus produtos, com informações sobre o funcionamento e possíveis problemas, que podem ser resolvidos em tempo real de qualquer lugar.
"Estamos diante de um cenário relativamente desconhecido. Por isso, precisamos todos juntos, definir os caminhos que vamos trilhar. Testemunhamos o desenvolvimento de uma nova indústria. Entre as oportunidades geradas pela nova fronteira tecnológica estão o aumento da produtividade, redução de custos, economia de energia, aumento de segurança, redução de erros, transparência dos negócios em uma escala sem precedentes. Estamos hoje aqui para avançar numa política pública que nos permita inserir o Brasil num outro patamar tecnológico", ressaltou o secretário-executivo do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge de Lima.
O secretário de Inovações e Novos Negócios do MDIC, Marcos Vinícius de Souza acrescentou que cabe ao governo a partir de agora definir as prioridades para o plano. "Faremos um trabalho bem analítico dentro do governo para definir as competências nacionais e prioridades tecnológicas. A ideia que temos é que sejam poucas as prioridades, porém, muito focadas e com alto volume de esforço do governo e do setor privado para serem implementadas", disse.
Na avaliação do professor Jefferson Gomes, do Instituto Tecnológico de Aeronaútica (ITA), o governo brasileiro deve "facilitar o desenvolvimento do setor". "O papel do Estado é ser um facilitador, atuar no desenvolvimento conjunto das ações para facilitar as relações entre empregado e empregador, as regulações específicas entre startups, grandes empresas e pesquisadores num mesmo habitat e prover mais qualidade de infraestrutura de banda larga e energia elétrica", afirmou.
Citando o relatório, a diretora-sênior para Engajamentos com Governos do Fórum Econômico Mundial, Helena Leurent, ressaltou que as mudanças tecnológicas que estão em andamento podem impulsionar a economia global com um impacto enorme no mundo da produção. "O potencial transformador que esta evolução cumulativa tem para a produção é reconhecido mesmo enquanto ainda não conhecemos sua aparência precisa. As melhorias de eficiência poderiam ser dramáticas, como foi o caso nas revoluções industriais anteriores.
As tendências para níveis mais elevados de automação trazem a promessa de uma produção mais rápida e precisa, permitindo que os seres humanos estejam menos expostos a tarefas perigosas. "Novas tecnologias de produção poderiam ajudar a superar o enigma de produtividade que tem impactado boa parte do mundo nas últimas décadas, além de permitir atividades de maior valor agregado", diz a publicação.