Com migração quase concluída, futuro da nuvem revela cenas das próximas temporadas

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Desde as primeiras avaliações sobre o termo Transformação Digital, a migração da tecnologia para a nuvem se mostrou um destino certo para dez entre dez analistas. As vantagens em termos econômicos, a flexibilidade para absorver a expansão dos negócios e as oportunidades para causar disrupção nos mais diversos segmentos sempre foram fatores suficientemente convincentes para apostar neste desfecho. Mas a chegada da pandemia e a necessidade do trabalho remoto ou híbrido transferiu a aposta na nuvem do campo da tendência para a categoria do spoiler. Ou seja:  é um final de história contado. É assim que vai acontecer.  

Quem ainda não está na nuvem, certamente tem planos para estar. É apenas uma questão de tempo. Isto posto, restam alguns questionamentos sobre o futuro: A migração concluída significará o fim da série? Surgirão novos personagens? Haverá o chamado plot twist,  termo usado pelos aficionados por filmes e séries, que significa uma virada no roteiro?  

Neste caso, como a história é escrita por diversos autores, fica difícil prever como serão os próximos episódios, mas alguns indícios já começam a aparecer: 

Em que ponto está a história?  

Muitos estudos são feitos a todo tempo e, apesar de apresentarem números diferentes aqui e ali, todos eles convergem para o avanço acelerado da migração. O  IDC Worldwide Quarterly Enterprise Infrastructure Tracker: Buyer and Cloud Deployment, por exemplo, afirma que  os gastos com produtos de infraestrutura de computação e armazenamento para cloud computing, incluindo ambientes dedicados e compartilhados, aumentaram 12,5% ano após ano no primeiro trimestre de 2021, saltando para US$ 15,1 bilhões. Os investimentos em infraestrutura convencional aumentaram 6,3% no mesmo período, chegando a US$ 13,5 bilhões. 

Já o Gartner prevê que os gastos do usuário final em serviços de nuvem pública cheguem a US$ 396 bilhões em 2021 e cresçam 21,7% para chegar a US $ 482 bilhões em 2022. Ampliando o olhar para 2026, a instituição estima que os gastos com nuvem pública excederão 45% de todos os gastos corporativos de TI, contra menos de 17% este ano.  

Mais especificamente no Brasil, segundo dados do relatório Global Cloud Computing Scorecard, da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), neste ano, o mercado de nuvem chegará a US$ 2,3 bilhões e a expectativa é crescer 35,5% ao ano.  

Quais os dilemas da nuvem?  

Em toda boa história o roteiro dá grande espaço para a jornada do herói, ressaltando a todo momento seus objetivos e os desafios que ele precisa enfrentar para chegar até eles.  

No caso da nuvem, a qualidade de seu heroísmo será medida pela capacidade de suportar as grandes expectativas a respeito do futuro.  Afinal, os tempos da   Família Jetson, do desenho animado, parecem que nunca estiveram tão próximos. Carros autônomos circulando pelas ruas podem ser apenas um prelúdio de quando eles estarão voando. Por falar em voar, já existem testes sérios sendo feitos para que possamos receber a pizza entregue por drones, sem precisar sair do décimo andar. Cirurgias à distância, pagamentos feitos por todo tipo de dispositivo vestível ou injetável, são apenas alguns dos aspectos da vida moderna que já não se discute se vão acontecer, mas quando vão acontecer.  

Para isso, a nuvem exercerá um papel fundamental e então não bastará a ela ser apenas um substituto para o repositório e armazenamento que antes eram feitos em equipamentos físicos hospedados em data centers próprios. O uso da nuvem precisará ser elevado a um nível  mais complexo, amplo, profundo e onipresente. 

Como serão os próximos episódios?  

É consenso que os ambientes de nuvem híbridos, multicloud e de ponta estão crescendo rapidamente e preparando o terreno para novos modelos de nuvem distribuída. Outra constatação é de que novos avanços nas comunicações sem fio, como 5G, já preparam o caminho para um novo patamar de aplicações. Enquanto isso, os especialistas do Gartner , por exemplo, apontam na direção de uma crescente fragmentação regulatória geopolítica com intenção protecionista como impulsionadora de novos ecossistemas de nuvem regionais e verticais para serviços de dados. Neste caso, as primeiras interpretações dão conta de que as regiões incapazes de criar ou sustentar seus próprios ecossistemas de plataforma não terão escolha a não ser alavancar as plataformas criadas em outras regiões e recorrer à legislação e regulamentação para manter algum nível de controle e soberania. As preocupações entre políticos, universidades e fornecedores de tecnologia nessas regiões estão aumentando, levando a iniciativas como o GAIA-X em países europeus. 

Superpoderes tecnológicos e proteção ao planeta 

Além de todo este cenário, como não poderia deixar de ser, a nuvem precisará  oferecer sua colaboração nos esforços pela preservação do planeta. Não por acaso, prevendo uma maior cobrança neste sentido por parte dos contratantes, os provedores de serviços em cloud estão estabelecendo metas mais agressivas, por exemplo, de neutralidade em carbono.  

Para corresponder a toda a expectativa que cerca um herói, os roteiristas  costumam atribuir a estes personagens algum tipo de superpoder. No caso da nuvem, estas habilidades extraordinárias virão das tecnologias emergentes. Em seu último estudo sobre o assunto, o Gartner sinalizou com a expectativa de que haja uma ampla adoção de serviços em nuvem totalmente gerenciados e habilitados para inteligência artificial (IA) / aprendizado de máquina (ML) de provedores de CIPS (Cloud Infrastructure and Platform Service) em hiperescala.  

Sejam como forem as cenas dos próximos capítulos, o fato é que nesta série não há espectadores. Todo o mercado corporativo atua de uma forma ou de outra e o final feliz de cada um desses personagens vai depender da capacidade de se antecipar ao futuro.  

Marcelo Lino Cunha, diretor de Marketing e Vendas na e-Core. 

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