Diante da necessidade do mercado em buscar cada vez mais a diversidade dos times, sobretudo a contratação de mais mulheres para a área de tecnologia, a HRtech Intera, mapeou e analisou os principais desafios e as oportunidades no recrutamento dessas profissionais. A pesquisa envolveu cerca de 7.155 mil mulheres de diferentes idades e cargos que se candidataram para processos de seleção de vagas de desenvolvimento e infraestrutura de software.
A amostra analisada, mostra que a maioria das profissionais, 33%, atua como back-end e 29% em cargos de produto, percentual muito superior às funções de front-end ocupadas pelo público feminino com 13%. Em seguida, desenvolvedoras full-stack representam 12,5% da amostra e 7,5% trabalham com desenvolvimento mobile. Por fim, só 5% das mulheres pesquisadas estão na área de infra.
Foi mapeado os setores os quais essas profissionais trabalham e constatado que 40% do da amostra está alocada em enterprises, empresas grandes e consolidadas no mercado que estão passando por um processo extensivo de transformação digital. Esse percentual não está distante dos 30% de mulheres que se dedicam às empresas que nasceram no meio digital, as high techs. Outros 20% do público pesquisado estão alocados em softwares house e os 10% restantes das mulheres trabalham como autônomas no setor de TI.
De acordo com o relatório, mulheres são menos propensas a participarem de processos seletivos em comparação aos homens. "Em um universo de 100 mulheres, apenas sete participaram do processo de seleção e se inscreveram nas vagas. Neste sentido, 7,25% das mulheres abordadas pela Intera se inscreveram no processo seletivo, enquanto esse percentual, entre homens, é de 8,98%", explica Gabriela Almeida, líder se Sucesso do Cliente da Intera.
A área da vaga tem influência direta na taxa de conversão para a inscrição no processo seletivo. O maior percentual de conversão está em produto, em 20%. Nesse recorte, a taxa aumenta para as vagas de product designer, entre 30% e 32%, em comparação aos percentuais de 12% e 15% para vagas de product manager. Além de vagas para produtos, o estudo da Intera identificou uma taxa de conversão entre a abordagem e inscrição de 7% para vagas de back-end e de menos de 5% para vagas de infra.
A desistência ao longo do processo seletivo também é maior entre as mulheres em comparação com os homens: 31% e 22,61%, respectivamente. "As mulheres assumem uma postura mais cautelosa durante o processo seletivo, pois buscam entender a cultura da empresa, têm interesse em políticas afirmativas, benefícios ofertados e querem ter certeza que a empresa é segura. Além disso, o público feminino, a experiência do processo seletivo em si é de grande relevância", analisa.
Contudo, ao passar por esse funil de observações e análises, mulheres tendem a aceitar mais propostas de emprego em comparação ao público masculino: 71% e 65%, respectivamente. "São mais cautelosas, tiram dúvidas ao longo do processo e chegam seguras na tomada de decisão. Os homens, por sua vez, recebem mais de uma proposta ao mesmo tempo", complementa Gabriela.
Expectativa salarial
Outro destaque da pesquisa são os critérios levantados pelas mulheres como decisivos na hora de aceitar uma proposta de emprego: plano de saúde, com inclusão ou não de dependentes, plano de carreira mais transparente, existência de políticas ligadas à diversidade e se a empresa adota políticas ligadas à licença materna.
O estudo apontou ainda que mulheres têm uma expectativa salarial menor que a dos homens, que reforça e mantém a disparidade entre os homens. Tendo como referência a vaga de back-end para trabalhar com Java, a expectativa salarial de homens é de R$ 11 mil. Para a mesma oportunidade, a expectativa das mulheres é de receber um salário de R$ 9 mil. "Muitas mulheres não enxergam na senioridade que de fato possuem. Assim, não é incomum encontrarmos mulheres que se definem como mid-level e que, no final do processo seletivo, são classificadas pela empresa avaliadora como seniores", aponta Gabriela.
Por fim, a pesquisa avaliou ainda a expectativa salarial de mulheres em diferentes regiões do Brasil. No Sudeste, a média é de R$ 10.600 mil. Em outras regiões do País, a média salarial é de R$ 8.400 mil, ou seja, 26% menor que a média do Sudeste.