Executivos da Microsoft têm acusado a IBM de liderar uma campanha para impedir que a gigante do software tenha o seu padrão de documentos Office Open XML (OOXML) aprovado pela na ISO, a organização internacional de normatização.
Após ser rejeitado inicialmente pelo órgão, em setembro do ano passado, o padrão da Microsoft terá, em fevereiro, uma segunda chance para que a sua próxima versão de formato de documento se torne um modelo internacional. A versão agora será avaliada durante reunião em Genebra do comitê técnico JTC1 da ISO, para verificar se as condicionantes e os comentários críticos, bem como os problemas apontados pelo comitê, foram totalmente corrigidos.
O diretor sênior de tecnologia XML da Microsoft, Jean Paoli, acusa a IBM de agir nos bastidores para prejudicar a empresa. "Vamos ser bem claros. A guerra contra o OOXML tem sido fomentada por uma única empresa, a IBM. Se não fosse por ela, a avaliação teria transcorrido normalmente", disse ele ao portal de tecnologia ZDNet. O site não procurou a IBM para rebater essas acusações.
Como membro do grupo de padronização europeu Ecma, a IBM votou contra a aprovação do Office Open XML (OOXML) como um padrão. A Microsoft alega que seu concorrente tem, desde então, optado pelo emprego de táticas disfarçadas para influenciar o voto do comitê da ISO.
O diretor sênior de interoperabilidade e IP política da Microsoft, Nicos Tsilas, disse que a IBM e a Free Software Foundation têm feito lobby junto a governos de vários países para impor o Open Document Format (ODF) como padrão e excluir qualquer outro formato. ?Fizeram um debate eminentemente político e religioso. Eles estão fazendo isso para incrementar o seu modelo de negócios. Mais de 50% das receitas da IBM vêm de serviços de consultoria?, ressalta Tsilas, ao dizer que uma proporção expressiva dessas receitas são provenientes do suporte a software de código aberto.
De fato, o debate sobre a legitimidade de um padrão vem sendo permeado por uma batalha entre duas filosofias opostas sobre como bens e serviços de TI são fornecidos aos usuários. De um lado, está o modelo de software proprietário defendido pela Microsoft, em que o cliente compra uma licença de uso, na esperança de que ele não exige serviços para ser implementado. De outro lado, está a comunidade de software de código aberto, cujo modelo implica que os programadores cedam sua propriedade intelectual gratuitamente com o objetivo de obter lucro com serviços de consultoria.
Ao usuário, resta apenas aguardar qual será a decisão da reunião do comitê técnico JTC1 da ISO, em Genebra, para saber qual padrão irá prevalecer.