Recentemente fiz uma enquete no meu perfil em uma rede social perguntando qual tendência tecnológica é prioridade para os próximos dois anos. A pergunta foi respondida por centenas de pessoas que consideraram a Cibersegurança (56%) a principal delas, seguida por Migração para a Nuvem (33%), Infraestrutura de redes/dados (9%) e outras (2%). No entanto, na minha opinião, a principal tendência da tecnologia para os próximos anos são as pessoas.
"Pessoas como tendência tecnológica?", você deve estar se perguntando. Isso mesmo, pessoas. Vamos chegar lá!
Com certeza, a migração para a nuvem é muito importante, pois, para uma empresa executar as enormes mudanças que o seu negócio já tem e continuará tendo que realizar para continuar competitivo, ela precisa de um modelo de investimento ágil e flexível, e o modelo baseado em infraestrutura física própria não dá conta disso, ainda mais com a crise dos componentes eletrônicos.
Nuvem, entretanto, não existe de forma isolada. Ela troca informações com centros de dados, dentro ou fora dela, e com as pessoas que utilizam seus serviços através da rede. É aí que a infraestrutura de redes/dados fica imprescindível. Neste tema, a principal tendência é a infraestrutura baseada por software (software defined), como o SD-WAN.
Se a nuvem é uma "casa dos dados", o "caminho" entre essas casas, seja ele pequeno e local ou uma imensa rodovia de alta velocidade, é a infraestrutura de redes/dados. Toda essa tecnologia existe para gerar, processar, armazenar e comunicar dados que, eventualmente se transformam em informação. Os dados são o cerne da tecnologia digital e o que é feito com eles é o que realmente importa.
É aí que entra a segurança da informação, ou cibersegurança. Como qualquer outro ativo importante, dados podem ser roubados, sequestrados, corrompidos. Imagine um cenário em que um marca-passo acessível remotamente possa ser invadido por um hacker, que pode chantagear o portador do dispositivo. Obviamente, este é um exemplo extremo, mas ilustrativo dos riscos que a segurança da informação visa tratar. Segundo um estudo da NTT sobre segurança, 62% dos ataques hackers foram em três setores: Financeiro, Manufatura e Saúde. Sim, setor da saúde! Muito preocupante.
Garantir que os dados e sistema de dados estejam seguros, íntegros e acessíveis somente por quem pode ter acesso a eles, são objetivos primários da segurança da informação.
"Mas Jefferson, e as pessoas? Você falou no início do artigo que a principal tendência para o futuro são as pessoas, e só ficou falando de cloud, infraestrutura e segurança. Cadê as pessoas?", talvez você esteja se perguntando.
As pessoas são o porquê de isso tudo existir. Para que serve uma tecnologia que ninguém usa? Cujo resultado não pode ser observado, sentido ou usufruído por uma pessoa? A palavra tecnologia tem origem no grego "tekhne" que remete a "técnica, arte, ofício" juntamente com o sufixo "logia" que remete a "estudo", o que é, convenhamos, bastante vago! Um lápis é tecnologia, fruto do estudo de como criar um dispositivo que permite a alguém escrever. Mas um lápis, sozinho, sem ninguém para utilizá-lo ou para ler o que foi escrito por ele, não faz nada. Não gera nada. Não tem serventia.
Além disso, o lápis não é bom nem ruim. Ele pode ser utilizado tanto para coisas boas, como para coisas ruins. A tecnologia, em si, nunca é boa, nem ruim. O uso que é feito dela a torna boa ou ruim. E quem faz esse uso? As pessoas!
Não existe utilidade na tecnologia sem pessoas.
Portanto, defendo que a principal tendência tecnológica, que une todas as demais, tem de ser a valorização do ser humano. A tecnologia é criada por pessoas, para pessoas, por meio de pessoas. Ela é, idealmente, uma forma de possibilitar a nossa evolução, dos seres humanos. Proteger as pessoas, habilitando-as a serem cada vez mais humanas, gerando melhor qualidade de vida, tem de ser o real propósito da tecnologia. O conceito de sociedade 5.0 vai exatamente nessa linha, mas isso vou deixar para me aprofundar em um próximo artigo.
E você? Concorda com essa importância que as pessoas têm na tecnologia?
Jefferson Anselmo, vice-presidente Sênior para a América Latina da NTT.
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