Brasil já é o terceiro país em movimentações financeiras sem dinheiro, indica estudo

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A taxa anual de transações sem dinheiro em espécie ficou em 13,5% no Brasil entre 2008 e 2010, mas, no período entre 2010 e 2012, caiu para 8% ao ano. As operações com cheques diminuíram 7% ao ano e chegaram a 9% em 2012, de acordo com a 10a edição do World Payments Report (Relatório Mundial de Meios de Pagamento), elaborado pela Capgemini e pelo Royal Bank of Scotland (RBS). Mesmo assim, o país é o terceiro no ranking global em termos de movimentações financeiras sem dinheiro, atrás apenas dos Estados Unidos e da Europa.

O estudo mostra que o maior crescimento no país tem sido das operações com cartões, com elevação de 17% ao ano desde 2010. O cartão de débito desacelerou, enquanto o de crédito permaneceu em alta. Desde 2011, as transferências de crédito crescem 8% ao ano e os débitos, 5%.

Em 2008, 33% das transações no Brasil eram feitas com cartões e, em 2012, esse número correspondia a 37%. A utilização de cheques caiu de 14% para 6%; já os débitos diretos subiram de 6% para 19% do total das transações sem dinheiro vivo, e as transferências de crédito de 47% para 38%.

Apesar da elevação de transações de meios de pagamento eletrônico nos chamados mercados emergentes, como o Brasil, os EUA e os países da zona do euro ainda estão na frente, em termos de operações financeiras por habitante. A Finlândia, com 448 transações por pessoa, por ano, continua sendo a líder, registrando um aumento de 10,6% em 2012 e ultrapassando outros países da Europa e América do Norte. Os EUA aparecem com o segundo maior número de transações sem dinheiro por habitante, 376, mas a alta na região foi de apenas 2,6% em 2013.

O estudo aponta ainda que o volume de pagamentos sem o uso de dinheiro em espécie subiu 9,4%, chegando a 366 bilhões de transações em 2013. Esse resultado se deve ao forte crescimento nos mercados em desenvolvimento e ao uso de cartões de crédito (aumento de 9,9%) e de débito (aumento de 13,4%).

Pagamentos eletrônicos e móveis

O maior uso de tablets e smartphones está levando à convergência dos pagamentos eletrônicos e móveis, trazendo um novo desafio para os provedores de serviços de pagamento (PSP).  Para 2015, a previsão é que os pagamentos móveis cresçam 60,8% e os eletrônicos recuem para 15,9% por ano, à medida que mais pessoas passem a usar dispositivos móveis para efetuar pagamentos.

"O World Payments Report desse ano revelou que a maioria das provedoras tradicionais de sistemas de pagamentos já fizeram da transformação de seus métodos de processamento uma prioridade de curto prazo", explica o diretor de vendas e marketing de serviços financeiros da Capgemini, Jean Lassignardie. "No entanto, a pressão vem tanto da concorrência como de novas iniciativas regulatórias, para que ofereçam inovações de última geração como Saquare, IZettle e Swift para gerar valor tangível para os consumidores. Isso requer que as empresas de pagamento desenvolvam uma visão de longo prazo para os processamentos de operações, capaz de ser executada de maneira tática por meio de projetos estratégicos, ágeis e curtos", completa.

O relatório também cita as prioridades de médio e longo prazo para a transformação, inclusive a implementação de uma plataforma de pagamentos única e integrada (com uma base comum para pessoas físicas e jurídicas), a aplicação do conceito de centros de pagamentos (payment hubs) e a convergência de cartões como um fator essencial para viabilizar inovações voltadas aos clientes.

O crescimento do setor, aliado ao ritmo rápido com que surgem novos regulamentos, exige flexibilidade por parte dos PSPs para que se adaptem. Mais de 50% das principais iniciativas regulatórias e setoriais (KRIIs, na sigla em inglês) priorizam a inovação. Algumas delas também são importantes para reduzir os riscos, elevar a transparência e concorrência, e facilitar a padronização. À medida que essas novas KRIIs são criadas, a tendência é que elas se disseminem pelo mundo, gerando iniciativas regulatórias em todas as regiões, como pagamentos em tempo real, pressão sobre as taxas interbancárias com cartão e melhor governança.

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