A Microsoft anunciou nesta terça-feira, 3, que adquiriu parte do negócio de telefonia móvel da Nokia por US$ 7,17 bilhões. A transação inclui a aquisição da unidade de aparelhos e serviços da fabricante finlandesa por US$ 4,8 bilhões e a compra das patentes registradas pela Nokia por US$ 2,1 bilhões. A previsão é que a aquisição, que ainda está sujeita as aprovações de praxe e de órgãos reguladores, seja concluída no primeiro trimestre de 2014.
A venda não inclui o negócio de infraestrutura e serviços de rede, o Nokia Service and Networks (NSN), bem como o serviço de mapas e localização, denominado Here, e de desenvolvimento de tecnologias avançadas — licenciamento de tecnologias.
Para financiar a compra, a fabricante de software vai usar grandes reservas de caixa que tem no exterior. No final da operação, aproximadamente 32 mil funcionários devem ser transferidos para a Microsoft, incluindo 4,7 mil apenas na Finlândia e 18,3 mil empregados envolvidos diretamente na fabricação, montagem e embalagem de produtos em todo o mundo . A Microsoft anunciou também que investirá US$ 250 milhões em um data center na Finlândia para atender os consumidores na Europa. A Juniper Research estima que a participação da Nokia no mercado de smartphones hoje gira em torno de 6%.
Com a aquisição, o diretor-executivo da Nokia, Stephen Elop, deixa o posto de CEO e assume a vice-presidência executiva da Nokia para as áreas de dispositivos e serviços, sendo substituído por Risto Siilasmaa, que já ocupava o cargo de presidente da empresa finlandesa. Elop, inclusive, é um dos mais cotados para assumir a presidência da Microsoft no lugar do CEO Steve Ballmer, que se aposentará no ano que vem.
De acordo com analistas, para a Microsoft, a compra representa uma oportunidade para aumentar sua participação e a receita com dispositivos móveis, através da inovação, aumento das sinergias e marketing. Para a Nokia, a transação representa um significativo reforço para a retomada da lucratividade e uma base sólida para futuros investimentos em seu negócio de infraestrutura e serviços de rede, e tecnologias avançadas.
"Além de sua capacidade de inovação e força em celulares de todos os preços, a Nokia traz comprovada capacidade e talento em áreas críticas, tais como design de hardware e de engenharia, cadeia de suprimentos e gestão de produção e vendas de hardware, marketing e distribuição", comentou Ballmer, em comunicado.
Na opinião do analista sênior de mercado da Frost & Sullivan, Fernando Belfort, a decisão da Microsoft foi bastante audaciosa, porém necessária. "Para realmente entrar forte na briga global de dispositivos móveis, a gigante americana precisava de claras sinergias de hardware e software, como é o caso da Apple. Acho que o namoro entre a Microsoft e a Nokia finalmente virou casamento. Hoje ninguém mais duvida que a Microsoft quer brigar pela liderança no mercado móvel", conclui.