As ações da Dell operavam em baixa nesta sexta-feira, 5, na Nasdaq, afetadas pelas incertezas sobre a recompra de papéis da companhia. Às 15h35 (horário de Brasília) os títulos da fabricante de PCs caíam 2,89%, cotados a US$ 12,92. No encerramento do pregão, os papéis reagiram um pouco amenizando a queda para 2,10%, precificados em US$ 13,03. De acordo com analistas de Wall Street, o declínio reflete a hesitação do comitê especial do Conselho de Administração sobre as propostas colocadas na mesa.
O mercado já dava como certa a saída da empresa da bolsa eletrônica, mas o anúncio na última segunda-feira, 1º, feito pelo acionista Carl Icahn, de que conseguiu arrecadar mais de US$ 5 bilhões em empréstimo-ponte para apoiar a proposta de recapitalização da empresa, o que viabiliza seu plano de pagar um preço US$ 0,35 superior ao proposto por Michael Dell, obrigou o comitê a voltar atrás na decisão de rejeitar a proposta, alegando que ela não contava com financiamento nem com o comprometimento das partes participantes.
Para complicar ainda mais a situação, o CEO Michael Dell reafirmou que não pretende aumentar sua oferta inicial de recompra de ações, em consórcio com o fundo de private equity Silver Lake Partners, de pagar US$ 13,65 por ação da companhia, perfazendo um total de US$ 24,4 bilhões, para fechar o capital da empresa. Apesar de as perspectivas ainda serem favoráveis ao CEO e ao fundo, a pressão exercida por Icahn coloca mais água na fervura.
O megainvestidor ativista alega que o valor oferecido desvaloriza a Dell. Em seu último movimento, ele praticamente dobrou sua participação na fabricante de PCs com a compra de cerca de 72 milhões de ações do fundo de investimento Southeastern Asset Management, detendo, assim, 152 milhões de ações, equivalentes a 8,7% dos papéis da empresa. Icahn alertou também que vai apresentar seu próprio grupo de candidatos ao Conselho de Administração se acionistas aprovarem a oferta do fundador da Dell. O plano dele assume que apenas 80% dos acionistas da empresa escolherão um pagamento em dinheiro, o que significa desembolso máximo de US$ 16,8 bilhões.
Agora, está nas mãos da empresa de consultoria Institutional Shareholders Services (ISS), que deverá emitir parecer sobre qual negócio os acionistas devem apoiar. A ISS se reuniu com outra consultoria, a Glass Lewis, na semana passada, e a decisão dessa reunião deve ser divulgada no fim desta semana, o que deve exercer grande influência sobre os acionistas.
A oscilação das ações sugere que os acionistas não estão muito confiantes na proposta de Michael Dell nem tampouco acreditam que a oferta de Icahn teria sucesso. O The Wall Street Journal destaca que o comitê especial apresentou novos argumentos nesta sexta-feira sobre a importância da recompra de ações e o "risco de rebaixamento" caso os acionistas vetem a oferta do CEO. O grupo também ressalta que a valorização da Dell por parte de Icahn é baseada em comparações "irrealistas", sustentando que o valor US$ 13,65 por ação é um bom negócio para os acionistas dada a perspectiva da indústria de PCs e outros problemas enfrentados pela companhia. Ao que tudo indica, eles ainda não estão convencidos disso.