Apesar de mais de 50% de sua receita ser proveniente do exterior e também a que mais cresce, principalmente nos países emergentes, o fundador e presidente da Dell, Michael Dell, não tem uma fórmula definida para expandir as operações da companhia nesses mercados. Em entrevista a jornalistas durante o Dell World, evento anual para clientes e parceiros de negócios, que termina nesta quinta-feira, 6, em Austin, nos EUA, ele disse que o crescimento vai se dar com a digitalização cada vez maior das empresas, que vão precisar de infraestrutura para processar aplicações de negócios.
"Nosso próximo 1 bilhão de consumidores virá desses países. Teremos muitos bilhões de dados gerando 'insights' para as organizações, o que significa uma tremenda oportunidade para nós'', explica o executivo, acrescentando que hoje a Dell lidera a fabricação de sistemas de armazenamento, tendo embarcado 33% a mais de terabytes aos clientes do que os concorrentes.
O CEO disse que a estratégia da Dell é atender o que os clientes desejam e que, após fechar o capital da empresa há um ano, ele tem se dedicado a isso, pois não precisa mais se preocupar com relatórios trimestrais, compliance, Nasdaq, Sarbannex-Oxley, etc. Para ilustrar, Dell apresentou cases de clientes de diversos segmentos de negócios, como seguradoras, hospitais, fabricantes de equipamentos e até do programa espacial chinês.
Falando sobre a América Latina, mercado suscetível a preço dos computadores e com grande quantidade de pequenas e médias empresas, Dell disse que vai aumentar a linha de crédito da financeira da companhia na região, a Dell Financial Services, e expandir o programa de canais, que hoje já representa 40% de todas as vendas da empresa. Ele anunciou no evento investimento da ordem de US$ 125 milhões para ampliação desse programa. O Brasil não conta ainda com essa linha de crédito.
O executivo comentou também que, as notícias recentes sobre a separação das operações da concorrente HP e a conclusão da venda da área de servidores da IBM para a Lenovo, têm gerado a procura de muitos canais de vendas dessas empresas que querem mudar seus negócios para a Dell.
Dell declarou ainda que a companhia tem interesse em entrar no segmento de "internet das coisas" (IoT), mas não fabricando wearables devices ou sensores, mais sim no setor de software analytics, que na opinião dele é "uma oportunidade para traduzir dados em negócios para as organizações".
*O jornalista viajou a Austin a convite da Dell.