Discretamente, entre os vários lançamentos feitos durante a Worldwide Developers Conference (WWDC), sua conferência anual para desenvolvedores, que aconteceu na cidade de São Francisco, na Califórnia, na segunda-feira, 11, a Apple divulgou um acordo com a holandesa Tom Tom para o fornecimento de mapas para o iPhone, o que representa, na prática, a desistência de usar o Google Maps. O anúncio, feito horas depois do keynote de abertura do evento, passou despercebido diante da apresentação dos novos MacBook e atualizações dos sistemas operacionais da fabricante.
Os mapas da TomTom estarão disponíveis na próxima atualização do iOS para smartphones. A nota de duas linhas, publicada no site da TomTom, não dá nenhum tipo de detalhe de como será o serviço. O certo é que a medida foi interpretada por analistas como uma decisão clara da Apple de se desvincular do Google, principal rival no mercado de de sistemas operacionais para smartphones com o Android.
A TomTom atualmente fornece mapas para o Google, mas o contrato, assinado há quatro anos, está em vias de expirar. Um dos trabalhos atuais do gigante das buscas é a construção de sua base própria de mapas, o que dá a entender que muito provavelmente a parceria com a TomTom não será mantida, de acordo com o The Wall Street Journal. Uma alternativa, a Navteq, está fora de cogitação, já que foi adquirida pela Nokia há quatro anos, por US$ 8,1 bilhões.
A TomTom já possui aplicativos para iPhone e iPad ao preço de 40 a 80 euros, dependendo do país a ser coberto. Com 29 euros adicionais, a companhia fornece serviços de trânsito em tempo real. Além disso, é a fornecedora de mapas e conteúdos relacionados para fabricantes como a Research In Motion (RIM), HTC e Samsung.
De acordo com um porta-voz da Tom Tom ouvido pelo jornal, a negociação com a Apple levou um ano para se concretizar. Segundo ele, o pacto não afetará os contratos anteriores com outras companhias do segmento de smartphones. Ele definiu como “contribuição significativa” o montante pago pela Apple em relação às vendas e lucro da empresa.
A Tom Tom iniciou suas atividades em 2004, produzindo dispositivos de navegação via satélite para automóveis, mas esse mercado enfraqueceu na Europa em meados de 2008 e um ano depois, nos Estados Unidos. Desde então, a receita da empresa vem caindo constantemente, passando de 1,67 bilhão de euros, em 2008, para 1,27 bilhão no ano passado. No último trimestre, de acordo com a empresa, foram vendidos 2 milhões de dispositivos desse tipo na Europa em comparação com 2,4 milhões no mesmo período de 2011. Nos EUA, o resultado foi ainda mais desanimador recuando de 2,12 milhões para 1,4 milhão, na mesma base de comparação. A hipótese é que os consumidores trocam GPS por funções equivalentes em seus smartphones.
As ações da TomTom abriram em alta de 14% na bolsa de Amsterdã nesta terça-feira, 12, reflexo da parceria com a Apple. Os papéis perderam cerca de um terço de seu valor nas últimas 52 semanas.