Desafios para superar o "apagão" de internet no interior no Brasil

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Os dados mais recentes sobre a penetração da banda larga fixa no Brasil apontam que há um "apagão" online no interior do país: a internet fixa está presente em somente 36,19% dos domicílios do país, totalizando 23,7 milhões de acessos. O estado que indica o menor percentual de residências com banda larga fixa é o Maranhão, onde o serviço está disponível em apenas 8,63% dos lares, o que representa pouco mais de 160 mil assinantes.

Nesse contexto, cabe aos gestores de provedores, principalmente aqueles pequenos, interligarem municípios com redes de acesso. A construção de redes ópticas é fundamental não só para incluir novos usuários na web. Com ela, pode-se oferecer novos serviços antes impensáveis a operadoras menores, a exemplo do IPTV, a tecnologia que transmite sinais televisivos a partir de dados. Em 2013, em torno de cinco mil pequenos provedores de internet investiram R$ 1,5 bilhão, segundo a ABRINT. Tal ampliação da rede de fibra óptica no país é importante para melhorar a qualidade da transmissão e tornar os preços mais atrativos ao consumidor.

Para isso, é fundamental contar com apoio de linhas de financiamento do governo (o BNDES, por exemplo, passou a aceitar pedidos de crédito via Finame para investimentos em fibra óptica) e, principalmente, saber escolher os mercados certos. Nessa etapa, lembre-se: a fibra óptica não está apenas ausente em zonas rurais, mas também nas periferias do país. Sua operadora de telecom já fez um estudo para avaliar regiões que mais demandam serviços de banda larga fixa? Pequenos provedores são protagonistas nesse cenário e, aqueles dispostos a atacar esse nicho, que deve crescer 54% até 2017 de acordo com a Cisco, saem na frente. No entanto, existem alguns desafios para abocanhar essa parcela do mercado com qualidade. Destaco algumas:

Planejamento do projeto de rede

Quando se iniciam as operações de telecom em uma nova área, é necessário planejar todas as etapas de atuação. Em se tratando de banda larga fixa, esse processo se traduz na execução de um bom projeto de rede. É necessário definir com cautela o local a ser trabalhado. Existem regiões no Brasil onde não há sequer energia elétrica, conforme relatou o portal Tele.Síntese em reportagem sobre a dificuldade do avanço da conectividade em algumas partes do país.

Essa etapa também engloba estudo de campo detalhado (que medirá o índice de penetração), respeito às especificações técnicas dos equipamentos (desde o concentrador, que gerencia a rede executada, até o equipamento de acesso, o modem no cliente final), inclusão de um diagrama unifilar da rede (que faz mapeamento de todas as conexões/ligações da rede) e registro das modificações estruturais que se fizerem necessárias e impactarão em futuras expansões.

Escolha da tecnologia mais adequada

Hoje, grande parte da banda larga fixa disponível à população brasileira, principalmente aquela localizada fora dos grandes centros urbanos, atinge velocidade inferior a 1 Mbps. Nesse sentido, para sair na frente, provedores dispostos a alcançar a interiorização do acesso à web devem ter como base soluções que garantam maior qualidade no serviço. Um caminho para isso é a adoção de cabeamento de fibra óptica. Um adicional bastante interessante a esse contexto são as redes FTTH, que oferecem acesso ágil, capacidade de tráfego, não oneram o usuário e possibilitam a oferta de serviços triple-play.

Oferecimento de planos vantajosos

O acesso à banda larga fixa no Brasil ainda é um dos mais caros do mundo. Sabe-se que a interiorização desse tipo de serviço exige um investimento considerável, principalmente em infraestrutura, mas é fundamental batalhar por preços competitivos a fim de fidelizar a clientela. A servicificação nos fornecedores de tecnologia é uma opção viável nesse contexto, pois permite a oferta de pacotes de soluções rentáveis. Condições atrativas são fundamentais, mas não perca de vista a qualidade do serviço.

Ricardo May, presidente da CIANET

1 COMENTÁRIO

  1. O texto é interessante mas esquece que a maneira de interiorizar a banda larga fixa não é pelo financiamento via BNDS mas pela política que funciona muito bem em setores de transportes de passageiros.
    Uma empresa que operar em grandes centros onde o lucro é fácil? Então deve atender com a mesma qualidade localidades menores e afastadas.Seja por meio de associação com operadoras menores seja de modo independente.
    Minha opinião é exatamente isso apenas uma idéia.

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