O Brasil avançou cinco posições no ranking geral de destinos para a terceirização de serviços de tecnologia no mundo, o chamado offshore outsourcing, que é a prestação de serviços contratados por multinacionais, segundo estudo elaborado pela consultoria A.T. Kearney. O salto do país, que assumiu a quinta posição, desbancando inclusive o Chile, é atribuído pelos analistas da consultoria a uma série de fatores, que vão desde o aumento da certificação das empresas fornecedoras de outsourcing e da oferta de pessoal qualificado, a melhoria do ambiente de negócio (refletido na maior confiança de investidor e na queda do risco de país) até o deslocamento da pressão inflacionária.
De acordo com a A.T. Kearny, no ano passado, a exportação brasileira desse tipo de serviços cresceu 37%, movimentando quase US$ 200 milhões, embora represente muito pouco perto do que faturou a Índia, por exemplo, que alcançou US$ 31 bilhões. Mas, segundo estudo, confrontando a competitividade de 50 países no setor, o Brasil tem grande poder de fogo para brigar no mercado mundial.
Dono da maior economia da América Latina, o Brasil, ainda segundo o estudo, já tem um mercado maduro de serviços, no qual consumidores e companhias têm o acesso a serviços de alta qualidade. O relatório também cita o fato de o país ter grandes empresas de outsourcing de serviços de TI, que se equiparam aos maiores competidores internacionais e que tem expandido suas operações para além de suas fronteiras, com sucesso.
A A.T. Kearney aponta a criação da Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Software e Serviços para Exportação) como uma confirmação da intenção estratégica do Brasil para jogar agressivamente o jogo offshoring. Um estudo recente feito pela consultoria, patrocinado pela Brasscom e o governo brasileiro, estabeleceu uma agenda para fazer do país um player-chave no mercado mundial de offshoring. O estudo também ressalta a vantagem do país em ter a maior indústria de call center da América Latina, mas chama atenção para o fato de ainda não ser um concorrente forte nessa área, principalmente devido as barreiras em relação às línguas inglesa e espanhola ? além dos baixos salários pagos aos operadores, a rigidez da lei trabalhista e o forte foco no mercado doméstico impedem que o país seja mais agressivo nesse segmento.
O estudo avalia, país por país, 40 indicadores em três áreas: custo e atratividade financeira, qualificação das empresas e profissionais, e ambiente de negócios. E o que permitiu ao Brasil subir no ranking foi principalmente a melhoria da competência do setor. As habilidades técnicas da empresas, particularmente nos setores de TI, finanças e farmacêutico, fez com que a pontuação do país na categoria de conhecimentos profissionais fosse bastante boa no A.T. Kearney?s Global Services Location Index. As taxas crescentes de certificação da qualidade das companhias e o elevado nível de formação aos profissionais reforçam ainda mais as avaliações. No ano passado, por exemplo, o país foi o primeiro colocado em número de empresas que obtiveram certificados de qualidade. A consultoria avalia que, de modo geral, o Brasil está em uma posição boa para alavancar sua vantagem no mercado de outsourcing de TI e para desenvolver mais e mais suas ofertas de terceirização de processos de negócio (BPO).
Apesar dos inúmeros avanços apontados pelo relatório, o Brasil ainda tem a pontuação mais baixa entre os países da América Latin em termos de ?facilidade de fazer negócios?, indicando que há um grande espaço para melhoria. Dois outros problemas que também precisam ser superados, segundo o estudo da A.T.Kearney é a falta de autopromoção é a elevada carga tributária. Nesse quesito, o país figura em último lugar na lista de 50 países do estudo da A.T.Kearney. No que diz respeito a atratividade financeira e custos, a posição brasileira é a vigésima nona, numa lista encabeçada pelo Vietnã, e na avaliação do ambiente de negócios o país está em trigésimo terceiro lugar.