As mulheres são franca minoria no cargo de presidente do Conselho de Administração (CA) das organizações brasileiras, com apenas 14% de representatividade. Essa é uma das constatações de pesquisa realizada pela EY com membros de conselhos de empresas brasileiras de diferentes setores e tamanhos, sendo 36% delas listadas na bolsa de valores. Essa porcentagem é similar a outro levantamento publicado recentemente, de autoria do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), apontando que as mulheres representam 15,2% dos profissionais em conselhos e diretorias de companhias abertas no Brasil. Ainda segundo essa pesquisa, 17,5% das empresas analisadas não apresentam mulheres nos conselhos e nas diretorias.
O objetivo do estudo do EY Center for Board Matters foi identificar o perfil de quem exerce a posição de presidente do Conselho de Administração por meio de perguntas de múltipla escolha que contemplaram os seguintes aspectos: perfil do conselheiro; perfil das empresas; perfil do presidente; avaliação e remuneração; relacionamento com o CEO/diretor-presidente; papel do presidente na reunião; eficiência na posição de presidente do CA; e qualidades e práticas para o presidente do CA.
Além da hegemonia masculina no cargo de presidente, o estudo revela que a idade média dos profissionais nesse cargo é de 59 anos, com aproximadamente um terço deles ocupando o cargo há mais de quatro anos. Dois terços dos presidentes foram indicados pelo acionista principal ou majoritário.
Fora da administração direta e com menos poder do que o CEO
A grande maioria (88%) dos presidentes não exerce função executiva na empresa. Isso significa que eles não fazem parte da diretoria em cargos de C-Level, tendo mais a função de aconselhar do que administrar de fato a companhia. Apenas 25% das empresas contam com plano de sucessão formal para a presidência do CA.
Para 48% dos entrevistados, o diretor-presidente/CEO exerce mais poder na empresa. Já 24% consideram que o presidente do CA detém mais poder. Por fim, 23% apontam que ambos têm a mesma influência. Praticamente todos os respondentes (92%) concordam que o presidente do CA tem como norte a sustentabilidade de longo prazo e atende os diferentes grupos de interesse da empresa.
Presidência do CA é pouco avaliada
O estudo demonstra que a presidência do Conselho de Administração não é avaliada formalmente por 41% das empresas participantes, uma porcentagem elevada ao considerar a relevância desse processo em termos de mensuração do desempenho. Essa avaliação, quando feita de baixo para cima (bottom-up), traz maior objetividade em relação ao desempenho do presidente, podendo auxiliar inclusive na definição de métricas de avaliação de performance dos próprios conselheiros.