Já não é novidade o funcionamento dos algoritmos responsáveis pelos parâmetros de entrega de conteúdos e conexões das redes sociais. Teoricamente, os conteúdos sociais que temos acesso são favoráveis à nossa opinião e, de certa forma, nos poupa tempo de busca por uma melhor experiência social. Não apenas conteúdos, mas assuntos, marcas e até posicionamentos políticos são priorizados em meio a um número quase indigesto de posts e mídias entregues por um feed social.
Desconsiderando os impactos provenientes de uma eventual polarização partidária, eventuais bolhas de opinião e clusterizações de audiência desses ambientes, o problema começa a ficar mais evidente quanto essa mesma lógica atinge o mercado de consumo – saindo das redes sociais.
Aquela dúvida que acaba surgindo quando você busca uma passagem aérea e, a partir da segunda consulta pelo mesmo trecho – mesmo que em outro site – aparenta a ter um preço consideravelmente mais alto. Aquele produto que você visualizou com um clique no Instagram ganha prioridade em um e-commerce por um preço questionável. O contato que você adicionou no telefone começa a aparecer como uma sugestão de amizade em uma rede social.
Tudo isso faz parte de uma estrutura de dados interligados sobre você, seus gostos, preferências e características sociais, compartilhado por grandes players da indústria do consumo, comunicação e marketing digital.
Até agora nada é novidade, mas começa a ser quando você consegue perceber que as opções que você tem para tomar uma determinada decisão não representam efetivamente todo o espectro possível. Isto é, sua opinião é determinada pelo que você recebe de informações. Se o universo o qual você é exposto é limitado, você tecnicamente está sendo manipulado.
Baseado na teoria de que conhecimento é liberdade – e você acredita conhecer todas as opções para tomar uma determinada decisão – você possui uma liberdade restrita às camadas informação entregues à você. Logo, o maior problema não é você não ser livre, mas acreditar ser, o que garante que você nunca buscará a liberdade.
De fato, a utilização de um algoritmo para determinar o que recebemos de informação e como somos lidos e interpretados pelo mercado da comunicação, é algo – na maioria das vezes – positivo sob o aspecto de curadoria e negativo sob o aspecto de imparcialidade.
A única forma de entender isso, é controlar como buscamos e consumimos informação: a partir de dispositivos seguros. Absolutamente seguros, de ponta a ponta. Afinal de contas, você precisa conhecer o todo para opinar sobre algo específico, não é mesmo?
Renato Rosa, consultor em experiências de marca, atua na concepção e posicionamento das plataformas SIKUR.