A manipulação feita pelo Facebook do feed de notícias de 700 mil usuários, sem permissão, no ano passado, para medir seu impacto emocional — um grupo de usuários recebia notícias positivas e o outro apenas atualizações negativas — ainda vai dar muita dor de cabeça à empresa. Além de ter sido intimada pelas autoridades britânicas a se explicar, a rede social poderá ser investigada pela Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês).
A Epic (Electronic Privacy Information Center) enviou denúncia nesta quinta-feira, 3, à FTC, denunciando o Facebook por quebra das regras de privacidade. A organização, que defende a privacidade dos usuários na web, quer que o órgão investigue a "manipulação ilegal". "A empresa mexeu propositalmente com a mente das pessoas", afirma a Epic no documento. A ONG também quer que a FTC exija que o Facebook divulgue o algoritmo do feed de notícias.
Segundo a Epic, o Facebook a manipulação do feed de notícias teve como objetivo testar se humor dos usuários da rede social seria influenciado por mensagens de amigos. O estudo, publicado no início deste mês na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, diz que o Facebook manipulou o feed de notícias dos usuários para filtrar algumas mensagens positivas ou negativas.
Inúmeros especialistas questionaram a ética da execução de testes psicológicos com pessoas, sem consentimento. A diretora de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, tentou aplacar o alvoroço causado com a notícia dizendo que a empresa havia feito uma "comunicação falha" sobre o estudo, mas ela não se desculpou por ter feito a pesquisa.
Para a Epic, o projeto não é apenas antiético, mas ilegal. A ONG diz que o Facebook violou o compromisso celebrado com a FTC de obter o consentimento dos usuários. O órgão acusou o Facebook de compartilhar repetidamente os dados dos usuários de forma mais ampla do que autorizado. A rede social afirma, com base em sua política de uso do site, que pode recorrer a informações sobre os usuários para uma ampla gama de propósitos, incluindo pesquisas. Mas a nova política, anunciada em janeiro de 2012, não lista "pesquisa de dados" como uma das utilizações permissíveis.
No início desta semana, o Escritório do Comissário de Informações (ICO, na sigla em inglês), órgão britânico responsável por garantir a privacidade de informações sobre os cidadãos do país, informou que pretende questionar o Facebook sobre o estudo.