No final de setembro, o Hospital do Coração deverá implantar um novo sistema de gerenciamento hospitalar (SIVSA ES) baseado numa solução de workflow e processos desenvolvida pela Totvs, com o objetivo de otimizar o tempo de ciclo de atendimento do paciente, redução de reações e efeitos adversos, além do aumento da produtividade, com redução de tempo de rotação de leitos e aumentos de cirurgias, entre outros.
A informação é de José Lobato, gerente executivo de TI da instituição, que faz uma analogia do novo sistema em relação ao controle aéreo na aviação, uma vez que monitoração constante permite o acompanhamento do plano de voo estabelecido, possíveis correções, segurança de todas as etapas, coordenação dos recursos envolvidos, eficiência operacional e pontualidade das tarefas.
O Complexo Hospital HCor Nabiha Abadla Chohfi conta com 303 leitos, sendo 230 para internações e 73 para UTIs, 1300 médicos credenciados, realiza 4.200 procedimentos hemodinâmicos, 380 mil exames de diagnósticos (imagem e traçados), 1.700 mil exames de laboratórios, 38 mil atendimento em pronto socorro, 11 mil pacientes tratados em internação e realiza 285 cirurgias em crianças cardiopatas carentes, setor onde é considerado como referência.
Para atender esse volume, mantém três data centers, 120 servidores, mais de 1.500 devices diversos, armazena 105 Terabytes (um volume de 15 TB ao ano), e 28 sistemas de rede e telecom, que operam os processos, sistemas, rodam os programas de recursos humanos, de Biotech e equipamentos RIS/PACS. Todo esse ambiente, é monotirado num dashboard que contabiliza 700 serviços diferentes.
O novo sistema de gerenciamento hospitalar, nessa primeira fase, conta com módulos de gerenciamento de instrumentação, dos sistemas RIS/PACs, das salas híbridas de cirurgia conectadas para transmissão de videoconferência e gestão da hemodinâmica. A base do motor de workflow interdepartamental e o back office são suportadas pelo ERP da própria Totvs.
Em relação do prontuário eletrônico do paciente, o Hcor também dará início a um piloto, envolvendo 15 dos 28 pacientes do setor pediátrico infantil. Como camada de business analytics, ele usa a ferramenta da Qlikview, que agrega em dashboards as informações clínicas, operacionais, administrativas e financeiras.
O workflow parametriza ciclos do pacientes (patient tracking), para garantir que se cumpram os prazos dos protocolos estabelecidos, e que alertas sejam emitidos aos responsáveis quando isso não ocorre.
No ciclo de paciente ambulatorial, está previsto o agendamento em call center, exames, consultas, check-up, fisioterapia, hospital de dia, radioterapia, quimioterapia, gamma knife, gerenciamento de execução e integração com LIS, RIS/PACS e CIS Onco.
No ciclo do Pronto Socorro, está previsto o processo de admissão, gerenciamento de fluxo de pacientes, execução de procedimentos e mapa do OS. No ciclo do paciente internado, controla-se a central de reservas, central de autorizações, centro cirúrgico, hemodinâmica, salas híbridas, internações/apartamentos, UTI, pediatria.
No ciclo de materiais e medicamentos, é controlada a farmácia, o almoxarifado, a integração com armários dispensadores automáticos, a dispensação através de dispositivos móveis. "A automação da farmácia monitora os ativos, equipamentos, estoque e falhas de equipamentos", explica Lobato.
Além disso, existem os workflows para faturamento e controle financeiros, que realizam as tarefas de controle de plano de saúde, clientes particulares, procedimentos gerenciados, contas do TISS/TUSS, controle de custos, tesouraria, repasse médico, auditoria médica e glosas.
"Com esses elementos, o planejamento terapêutico tem uma visão longitudinal do histórico clínico e do andamento do atendimento ao paciente'', explica.
PEP
O novo prontuário eletrônico do paciente prevê uma área de trabalho para os médicos e para a enfermagem assistencial, onde estão descritas as informações do paciente, as prescrições, resultados de exames laboratoriais, medicações a ministrar, cuidados por prestar, entre outros.
No planejamento terapêutico é possível ter uma visão longitudinal por turno, nas 24 horas, e a execução terapêutica. Na prescrição eletrônica assistencial estão incluídas a validação e complemento das prescrições médicas, e as prescrições autônomas, como nutrição, fisioterapia, psicologia, etc.
O PEP registra também toda a documentação clínica, como atendimento, evolução do paciente, eventos adversos, descrição de cirurgias e hemodinâmica, transferência e altas, entre outros itens. Por fim, o histórico clínico permite os registros de todos os episódios envolvendo o paciente na instituição.
Modelo
O benchmarking desse novo modelo de gestão do HCor teve como referência o Texas Health, dos EUA, que reúne 10 hospitais e atende 2.400 leitos, além das boas práticas recomendas pela HIMSS.
Para ser ter uma comparação, após a implementação do EMR – Eletronic Medic Record, o Texas Health obteve um potencial de economia entre a US$ 4 a US$ 10 milhões anualmente, baseado numa base de 300 leitos. Algumas métricas revelaram que a economia de tempo na enfermagem teve uma redução entre 28 a 36 minutos por enfermeira; 15% na redução de teste de laboratório e uso de remédios; entre 5% a 10% de redução no tempo de ocupação de leitos hospitalar. No total, em 2010, o Texas Health teve uma economia de custos (ROI) de US$ 40,9 milhões como beneficio na implantação do prontuário eletrônico.
Evolução
Para o futuro, o HCor pretende novas implementações, como a captura automática de sinais vitais dos equipamentos médicos para as folhas de controle assistenciais, como monitores multi-parâmetros, máquinas de anestesia, de ventilação, bombas infusoras, etc.
Também prevê a abertura automática do registro do paciente através de RFID instalada na pulseira de identificação; uso de reconhecimento de voz para descrição de cirurgias e evoluções médicas. Através de comando de voz em dispositivos inteligentes, prevê os acessos por comandos aos resultados laboratoriais, laudos, prescrições, etc.
O projeto prevê ainda registros automatizados a partir de histórico clínico e validação realizada pelo paciente através de dispositivos móveis; notas de Alta Hospitalar feitas a partir do histórico clínico do paciente; alertas sobre interações e ajustes automatizados do doses na beira do leito; wireless smart pump; acesso global ao PEP através de dispositivos móveis dentro e fora do hospital; integração wireless dos equipamentos médicos no contexto do PEP, como monitores multi-parâmetros, ECGs, etc; e Portal PEP para pacientes e familiares.
Lobato acrescenta ainda que o sistema de Big Data do HCor processa 700 mil linhas de informação de faturamento mensal, incluindo receitas, custos por paciente do ambulatório, do pronto socorro e da internação, seguindo a classificação de pacientes da CID. No futuro, o objetivo é mudar a base mensal para diária, servido para análise forecast antecipatória; geração de ''clinical pathways'' com análises de variância dos diagnósticos e melhores práticas; e análises de predição do tipo ''whati-is-scenarios'', centradas no paciente e no modelo de negócio e operação do hospital.
Como essas iniciativas o HCor está sendo preparado para um futuro modelo de financiamento e de benchmarking baseado em DGRs (diagnostic related groups), atualmente em utilização nos Estados Unidos.