Red Hat amplia recursos de virtualização e acirra disputa com VMware

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Ao defender que as empresas já não podem mais arcar com o "status quo" das soluções fechadas e precisam procurar por alternativas flexíveis e de baixo custo, o presidente e CEO da Red Hat, Jim Whitehurst, aproveitou para alfinetar a Oracle e seu presidente, Larry Ellison. O comentário foi feito na quarta-feira,2, na abertura de seu encontro anual para clientes, parceiros de negócio e desenvolvedores, que acontece em Chicago (EUA). Na apresentação, o executivo disse que as empresas precisam escolher se querem flexibilidade em suas arquiteturas de TI ou se querem o que supostamente quer o CEO da Oracle.
"Você quer comprar a visão de Larry Ellison sobre o que sua infraestrutura de TI deve ser e qual funcionalidade você deve fornecer a seus clientes, ou que você deveria ouvir seus clientes e ser flexível", questionou Whitehurst. Atualmente, a Red Hat trava uma disputa feroz com a Oracle, que também oferece suporte a clientes do sistema operacional Red Hat Enterprise Linux.
O CEO da Red Hat chamou a atenção para o que ele denomina de "ponto de inflexão" da TI nas empresas, em decorrência da "ruptura" causada por novas tecnologias e serviços, tais como Google, Twitter, Red Hat, Facebook, Wikipedia, entre outros. Tal cenário, segundo ele, exige maior seleção das empresas ao comprar uma solução, que seja capaz de dar poder de participação ao cliente. "Essas empresas não existiriam, se não fosse o código-fonte aberto, e a capacidade de inovar rapidamente", ressaltou.
Durante sua exposição, Whitehurst falou da estratégia da Red Hat, incluindo a forma como a companhia está trabalhando para construir arquiteturas de TI flexíveis e que permitam que as empresas atendam as demandas de seus próprios clientes internos. E tratou também da política de aquisições. Ao citar a compra da JBoss, fabricante de software de middleware open source, em 2006, o executivo disse que muitas vezes se perguntou por que a Red Hat não adquiriu a fornecedora de framework Java SpringSource. Mas em seguida, ele mesmo justificou: "Nós não queremos prescrever o framework, o idioma, como o usuário quer construir a sua funcionalidade. Nós queremos construir para todos eles", disse Whitehurst.
Em entrevista à TI INSINDE Online, ele adiantou, porém, que a companhia planeja manter a estratégia de crescimento por meio da compra de empresas e confirmou que está prospectando novas oportunidades de aquisição, sem revelar a identidade das candidatas. Segundo Whitehurst, dinheiro em caixa não falta. Ele ponderou apenas que o foco está em adquirir empresas com sinergias com o portfólio da Red Hat e citou como exemplo a aquisição da Amentra, empresa de serviços de integração de sistemas para SOA, gerenciamento de processos de negócios (BPM, na sigla em inglês), desenvolvimento de sistemas e soluções para dados empresariais, além da Qumranet, fabricante de software para virtualização de desktops, comprada no ano passado por US$ 107 milhões.
Ao ser questionado sobre o interesse da Red Hat em entrar na disputa do mercado de sistema operacional para netbooks, Whitehurst negou. "Não é nosso foco neste momento, mas eu nunca digo nunca", brinca, explicando que a empresa está voltada para projetos em grandes clientes.
Virtualização ampliada
Na conferência, a empresa anunciou a disponibilidade da plataforma Red Hat Enterprise Linux 5.4, que é a base do portfólio de soluções de virtualização, o Red Hat Enterprise Virtualization, fornecidos para os clientes no modelo de subscrição – no qual cobra apenas pelo suporte técnico, acesso a atualizações, segurança, certificação de hardware e software e documentação, ao contrário do modelo de venda licença das empresas que vendem software comercial, como a Microsoft, IBM, Oracle, etc.
Com a nova versão, que foi desenvolvida como parte integrante do kernel do Linux – o kernel-based virtual machine (KVM) –, a Red Hat amplia a capacidade de virtualização, incluindo a tecnologia Intel Virtualization Technology for Directed I/O, bem como o PCI-SIG SR-IOV, permitindo que várias máquinas virtuais operem em uma plataforma Intel Xeon Série 5500. A empresa garantiu, porém, que a virtualização Xen continuará a oferecer suporte durante o ciclo de vida completo do Red Hat Enterprise Linux 5.3.
O objetivo com a nova plataforma é reforçar a posição da Red Hat em virtualização como sendo a primeira a oferecer o KVM para Linux. A mudança da arquitetura dos produtos de virtualização do Xen para o KVM faz parte também da estratégia da empresa para disputar mercado com a VMware, empresa pertencente a EMC e criadora do software de virtualização mais conhecido do mercado. Whitehurst cita como vantagens da Red Hat nessa briga o fato de, segundo ele, a empresa possuir melhores produtos e, o mais importante, de ser uma plataforma aberta, o que permite a interoperabilidade com outros sistemas. "O primeiro ponto é que, por ser aberto, os fabricantes de hardware estão preparando suas máquinas para funcionar com Linux. Depois, é preciso distinguir que na virtualização feita pelo VMware ou se virtualiza tudo ou não se virtualiza nada. Não há possibilidade de ter um ambiente híbrido. Além disso, empresas como a Oracle não certificam suas aplicações para o VMware", resume.
A versão 5.4 também oferece avanços em desempenho, segurança e armazenamento, conforme salienta Paul Cormier, vice-presidente executivo de produtos e tecnologias da Red Hat, ao enfatizar o foco da empresa em virtualização. "Nós estamos tornando a virtualização disponível e facilmente 'mobilizável' em todo o data center da empresa", disse.
"O Red Hat Enterprise Linux desempenha um papel importante na estratégia de virtualização da Red Hat, e a disponibilidade da versão 5.4 com a mesma base da tecnologia de virtualização é um passo significativo em nossa oferta de virtualização para o mercado", completou Scott Crenshaw, vice-presidente da unidade de negócios de plataforma da Red Hat.
O diretor geral da Red Hat no Brasil, Alejandro Chocolat, faz a ressalva que os recursos de virtualização estão disponíveis no Red Hat Enterprise Linux desde a versão 5.0. "A diferença na versão 5.4 está na incorporação do KVM, o que, agora com o acordo de interoperabilidade com a Microsoft, vai permitir que as empresas implantem máquinas virtuais com o Red Hat no Windows, ou vice-versa", explica ele, observando que antes só era possível fazer virtualização com Windows em cima de Windows e de Linux em cima de Linux. Ao frisar que o acordo não tem caráter econômico, portanto não envolve o pagamento de royalties, o executivo diz que a integração deve ampliar sobremaneira o mercado para o Red Hat Enterprise Linux e o Red Hat Enterprise Virtualization.
Conferência duas-em-uma
Além do Red Hat Enterprise Linux 5.4, a empresa também anunciou a disponibilidade do Red Hat Network Satellite 5.3, para utilização no gerenciamento de sistemas locais. Ele permite que as atualizações de software, gerenciamento de configuração, provisionamento e monitoramento em ambientes físicos e servidores virtuais Red Hat Enterprise Linux.
A Red Hat também aproveitou o evento para comemorar os dez anos de criação do certificado de engenharia da Red Hat (RHCE – Red Hat Certified Engineer), lançado em 1999 e um dos programas de certificação Linux de maior desempenho. Seu sucesso e longevidade são conseqüências da sólida experiência em conferir as habilidades dos profissionais de Linux através da avaliação de desempenho baseada nas competências necessárias para administrar sistemas da Red Hat Enterprise Linux.
O Red Hat Summit 2009, que vai até está sexta-feira, 4, neste ano passou a congregar também o JBoss World, para desenvolvedores, que antes ocorrida em separado. Ele tem como objetivo apresentar as tendências de software livre, estudos de caso de empresas que utilizam a plataforma Red Hat Linux e estratégia de negócios com parceiros.
O jornalista viajou a Chicago (EUA) a convite da empresa.

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