De alguma forma existe uma crença, entre os usuários de internet, de que a rede funciona magicamente por meio de mecanismos simples e que está ali disponível apenas para ligar um dispositivo. Supõe-se, então, que alguns cliques são suficientes para acessar a informação solicitada, sem que se pergunte de onde ela vem.
No entanto, para que a internet possa existir uma grande infraestrutura é necessária. Nela, uma conexão de fibra óptica interoceânica, instalada no fundo do mar, se faz importante e é destinada principalmente aos serviços de telecomunicações. Se compararmos a internet a um corpo humano, esse cabo submarino seria a coluna vertebral do sistema.
Quais são os antecedentes do que vivenciamos hoje a partir da hiperconectividade? Em meados do século XIX uma rede de cabos submarina foi instalada para permitir a comunicação entre os continentes. No começo, apareceu o telégrafo. Em seguida, os avanços tecnológicos permitiram a chegada do telefone e, depois, do que conhecemos como a rede das redes: a internet. Esta rede de fibra óptica, anteriormente composta por cabos de cobre, tornou-se um elemento fundamental da nossa civilização por onde transita a maior parte da informação que geramos.
O cabo submarino que conecta a América Latina ao mundo chegou ao nosso continente em novembro de 1994. No total são mais de 53 mil quilômetros de comprimento, onde circulam 12 terabytes de dados de toda a América Latina, de acordo com o relatório Regional Analysis: Latin America, da Telegeography.
Nos vinte anos de existência do cabo em nosso continente, a quantidade de dados transmitidos cresceu centenas de vezes. Este crescimento ocorre em escala global, o que obriga os provedores de serviços internacionais de internet a aumentar de forma contínua a capacidade de transporte destas redes. No caso dos cabos submarinos, e tendo em conta o desenvolvimento da tecnologia que permitiu fazer uso dos espectros de forma mais eficiente, o aumento da largura de banda se realiza com a colocação de equipamentos, em suas extremidades que tenham mais capacidade de transporte. Na linguagem técnica, isso significa acrescentar mais comprimento de onda (ou cores) à fibra. Ou seja, adicionar pistas na rodovia. Estas expansões têm acontecido anualmente, com base na contínua demanda dos mercados.
A atividade de expansão requer um planejamento adequado da largura de banda necessária, a definição dos países que a solicitam e a seleção dos provedores que sejam mais adequados por sua tecnologia e preço. Pela complexidade da tarefa, estes projetos exigem meses de planejamento antecipado e devem ser executados no tempo certo e de forma correta.
Muitas vezes, a crença leva as pessoas a considerarem os satélites como a forma de transmissão do futuro, mas isto não está certo. Ambas as tecnologias são complementares; os satélites são importantes para a transmissão de televisão e internet e muito úteis nas comunidades rurais e áreas remotas, mas sua capacidade é limitada e, além disso, são muito caros. Por isso, o cabo ainda tem as vantagens comparativas de um custo significativamente menor e uma capacidade de transporte de dados muito melhor, que nos permite desfrutar de uma internet que, 20 anos atrás, pareceria impossível.
*Ernesto Curci é vice-presidente de Serviços e Gerenciamento de Rede da Level 3 Communications América Latina.