A Autodesk, fabricante de software de desenho 2D e 3D, anunciou nesta quinta-feira, 3, que está promovendo uma mudança radical no seu modelo de negócio. A partir de julho de 2016, as novas licenças comerciais da maioria dos pacotes de design e criação estarão disponíveis apenas por assinatura, no modelo de software como serviço (SaaS) na nuvem. O fornecimento de softwares de uso individual, com licenças perpétuas, já estará encerrado seis meses antes, a partir de 31 de janeiro. Depois dessas datas, os clientes poderão adquirir os mais de 100 produtos diferentes da empresa apenas pagando pelo uso.
Segundo Andrew Anagnost, vice-presidente sênior de Estratégia e Marketing da Indústria da Autodesk, com essa mudança de política comercial, os clientes poderão economizar até 60% na comparação com o modelo de licenças anuais. Com menor custo e o modelo "pay-as-you-go", o cliente pode, inclusive, aumentar o uso do software ou adquirir novos, que antes implicavam em altos custos de licenças anuais. "Ele pode fazer um mix de softwares diferentes e pagar só pelo tempo que for usar cada um deles, já que os modelos de assinaturas são anuais, trimestrais ou mensais", explica.
"A forma como concebemos e fazemos as coisas está mudando: cada indústria está sendo desafiada por mudanças na produção, demanda e produtos. A Autodesk está abraçando essa nova forma de evoluir nossos negócios para que os clientes possam prosperar nos negócios deles. Dando aos clientes a flexibilidade soluções de software por subscrição que correspondem precisamente às suas necessidades é a melhor forma de posiciona-los para competir nesta nova era", enfatizou. O executivo disse ainda que a Autodesk tem uma parceria mundial com o provedor Akamai, que garante alta disponibilidade e segurança para o download dos produtos.
Resultados financeiros
A Autodesk fechou o ano fiscal em janeiro passado com faturamento de US$ 1,8 bilhão, registrando crescimento de 18% em relação ao ano anterior. A empresa soma mais de 8,2 mil funcionários e investe US$ 500 milhões em pesquisa e desenvolvimento. Os produtos de AEC (arquitetura, engenharia e construção) representaram 19% das vendas, enquanto os de manufatura, 17%. O Autocad contabiliza mais de 50% das receitas. "Queremos ser conhecidos não só pelo Autocad, mas sim como uma empresa de soluções, aderentes a tidos os segmentos de mercado", explicou Marcelo Landi, diretor-presidente do Brasil.
Apesar de não revelar números locais, ele disse que no ano fiscal passado foi o melhor em resultados dos últimos 20 anos. "Crescemos 29% em vendas, em cima do ano anterior, que já havia registrados dois dígitos. Ampliamos nossa cobertura para fora do eixo Rio-São Paulo, que significou passar de 30% para 60% a participação de outros estados, apesar do eixo Rio-São Paulo também ter registrado crescimento expressivo", explicou. "E as vendas de software de AEC cresceram 58% no período", comemora, pois isso tira a dependência da empresa de um único produto, o Autocad.
A Autodesk também tem relevante participação do setor de mídia e entretenimento. 20 filmes que concorreram ao Oscar foram produzidos com a tecnologia da empresa, o mais conhecido foi Avatar. "No Brasil, temos 54 clientes produtoras independentes de games que usam nossas soluções", enfatiza.
Fundação no Brasil
A Autodesk anuncia também a expansão das atividades da Fundação Autodesk para o Brasil, por meio do programa Impacto Tecnológico. O programa tem como objetivo a doação de software para organizações sem fins lucrativos que desenvolvem projetos para enfrentar desafios notáveis. Administrado em parceria com a TechSoup, agência de assistência tecnológica.
Ela o programa já doou 3.226 licenças de software para 1.637 organizações sem fins lucrativos qualificadas em todo o mundo. Dentre os projetos já atendidos estão o D-Rev, que desenvolve dispositivos e produtos para melhorar a saúde e a renda de pessoas que vivem com menos de 4 dólares por dia; o MASS Design Group, que projeta instalações de saúde e outras infraestruturas essenciais em países em desenvolvimento, como o Haiti, por exemplo e o KickStart Internacional, que projeta ferramentas simples que ajudam os agricultores africanos iniciar negócios rentáveis e deixar a linha da pobreza. No Brasil, a primeira instituição selecionada foi a Casa Ronald McDonald do Rio de Janeiro, que auxilia familiares de crianças com câncer.