As empresas que querem vender, trocar ou doar seus resíduos (geradoras) em obras de construção civil são conectadas através do portal Web, onde os interessados em utilizar os mesmos como matéria-prima em seus processos industriais;,cooperativas e recicladores em geral podem negociar e trocar informações.
“Quase 30% do resíduo gerado em na cidade de São Paulo vem da construção civil residencial. São mais de 4300 toneladas/dia. Isso sem considerar construções de grande porte que geram 5 a 6 vezes mais do que isso. Consideramos que até 80% destes resíduos são recicláveis, ou pelo menos poderiam ser” comenta Francisco Luiz Biazini Filho, diretor do site, alertando que uma obra média em São Paulo gasta mais de R$ 3 milhões para pagar as caçambas que levarão os resíduos para os aterros. “A Rederesíduo proporciona a simbiose entre as geradoras dos resíduos e as empresas que podem reutilizar esta matéria prima de uma forma muito eficaz, cooperativa”, explica.
O sistema administra a oferta e a demanda por resíduos com o objetivo de apoiar projetos de gestão e de logística reversa dos grandes geradores. A criação de bolsas de resíduos customizadas é um dos principais diferenciais do site, permitindo também a realização de leilões reversos, em um ambiente seguro de negócios, com atualização constante do fluxo de informações e notificação de oportunidades.
Outra vantagem da Rederesíduo é o georreferenciamento, utilizado na otimização de rotas o que propicia a redução do custo do frete, além de permitir o controle quanto à destinação final dos resíduos diminuindo os riscos para o meio ambiente.A construtora Camargo Correa iniciou em agosto do ano passado o projeto piloto em três grandes canteiros de obras: a Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, o Consórcio Ferrosul, em Goiás e a Refinaria RNest, em Pernambuco.
A partir de março deste ano, a empreiteira começou a ampliar o sistema desenvolvido pela Rederesíduo para todos os 32 canteiros de obras que mantém nas diversas regiões do país.
Segundo Biazin, com um investimento inicial de R$ 250 mil, a Camargo Correa viu, em um curto espaço de tempo, os resíduos de suas obras se transformarem em um negócio sustentável e rentável: foram comercializadas 11,6 mil toneladas de metais, ao preço de R$ 270,00 a tonelada; 700 toneladas de plástico, a R$ 686,00 por tonelada e 400 toneladas de papel, vendidas a R$ 280,00 a tonelada. Quando todos os canteiros de obras estiverem integrados ao sistema, a empreiteira estima um faturamento em torno de R$ 2,5 milhões.
“Depois de um ano superamos as nossas metas pactuadas com os clientes em mais de 40%” comenta Isac Wajc, outro diretor da empresa, ressaltando que, além da superação de metas quantitativas, o que se percebe é que as empresas mudam radicalmente sua cultura corporativa passando a assumir a reciclagem como um valor intrínseco ao seu negócio.
Histórico
O projeto da Rederesíduo teve inicio em 2005, com o apoio do incubadora CIETEC – Centro Incubador de Empresas Tecnológicas – com financiamento da FAPESP e entrou em operação em 2011. Seus idealizadores e atuais diretores são Isac Moises Wajc e Francisco Luiz Biazini Filho.